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O tijolo de Tarso Genro no muro israelense

Alheio às críticas, o governador gaúcho assinou nesta segunda-feira um polêmico acordo de cooperação com a empresa militar Elbit, de Israel, que é denunciada por organizações como Stop the Wall e Coalition of Women for Peace; além de ter colaborado na construção do muro que segrega os palestinos, a Elbit forneceu equipamentos militares para colônias judaicas consideradas ilegais pelas Nações Unidas; leia artigo de Breno Altman

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Por Breno Altman, do Opera Mundi

À frente de uma delegação de autoridades regionais e empresários, o governador gaúcho chegou ao Oriente Médio para uma inédita rodada de negócios junto à Autoridade Palestina e a Israel. Trouxe na sua pasta, ao desembarcar na capital israelense dia 26 de abril, alguns projetos de impacto. 

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A primeira etapa do périplo de Tarso Genro e convidados foi em Ramalah. Assinou convênios para importar tecnologia palestina em cultivo de oliveiras e agricultura familiar. Ofereceu, em contrapartida, assistência para microcrédito, saúde da família e desenvolvimento de projetos agroindustriais.

A atividade mais esperada de sua primeira agenda, contudo, foi a doação de 11,5 mil toneladas de arroz para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), compradas pelo governo federal junto aos estoques reguladores pertencente ao Rio Grande do Sul e que serão entregues ao longo dos próximos doze meses.

Mas foi o programa do outro lado da chamada Linha Verde que provocou rebuliço entre palestinos e israelenses críticos ao governo de Tel Aviv. Na tarde desta segunda-feira, dia 29 de abril, o chefe do Palácio Piratini assinou protocolo com a Elbit, companhia militar de Israel, para parceria no polo aeroespacial gaúcho. O empreendimento deverá ser a segunda base nacional para lançamento de satélites.

Várias entidades (entre as quais, Stop the wall e Coalition of Women for Peace) entregaram uma carta ao governador reclamando da iniciativa, que também constrangeu lideranças da AP. A Elbit, afinal, é denunciada por sua colaboração na construção do muro que segrega os territórios palestinos, além de fornecer equipamentos de segurança para colônias judaicas consideradas ilegais pelas Nações Unidas. Principal corporação bélica israelense, há estimativas de que fature dois milhões de dólares ao dia com os contratos que detêm nessas atividades.

A gravidade das denúncias contra essa companhia já provocou reação de países europeus, incomodados com o desrespeito às resoluções internacionais. O governo norueguês, por exemplo, obrigou seus fundos públicos a venderem todas as ações da Elbit que tinham em carteira. Processos semelhantes estão em curso na Alemanha e na Holanda. A propósito, os três exemplos são de administrações controladas por partidos de direita.

O governador Tarso Genro, em entrevista exclusiva a Opera Mundi, momentos depois de colocar sua assinatura no criticado compromisso com a empresa, refutou as restrições apresentadas. “Se isso é um problema, não é do Rio Grande, mas do governo brasileiro”, afirmou. “A colaboração na área de defesa é uma pauta nacional.”

A Elbit, segundo informou, já é sócia da Embraer em uma empresa de capital misto, que está renovando tecnologia dos aviões Bandeirantes, utilizados pela Força Aérea Brasileira. “Nosso estado tem o dever de estabelecer relações com quaisquer empresas em função de seu projeto regional de desenvolvimento”, justifica.

Tampouco hesita quando confrontado pelo registro de que a Elbit está envolvida com iniciativas consideradas ilegais pela comunidade internacional. “Os Estados Unidos também violaram resoluções da ONU, na guerra do Iraque. Nem por isso as empresas norte-americanas envolvidas nessa ação deixaram de ser parceiras”, defende-se. “Não é possível fazer opções tecnológicas, nacionais ou regionais, com base nesse critério.”

Mas não haveria uma questão ética envolvida nessa polêmica? Não seria uma contradição condenar a política expansionista de Israel e abrir espaço para a maior corporação privada envolvida na ocupação ilegal dos territórios palestinos? “A ética nas relações comerciais mundiais é definida a partir do interesse nacional”, refuta Genro. “Se esse raciocínio valesse, o Brasil não deveria se relacionar com qualquer empresa ou banco do mundo capitalista, pois todas essas companhias estão alinhadas aos interesses tanto econômicos quanto militares de seus países.”

As reclamações talvez subam de tom nos próximos dias, inclusive dentro do Brasil, onde a repercussão é polêmica. A combinação entre arroz e Elbit parece ser indigesta entre os que discordam do estrangulamento da autonomia palestina. Ainda mais por estar envolvido o patrono do Fórum Social Mundial, considerado por muitos um tradicional defensor da causa do povo de Arafat.

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