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Óleo Diesel. Seus gases são “cancerígenos com certeza”

O Centro internacional de pesquisas sobre o câncer mudou sua opinião sobre as partículas produzidas pela queima de óleo diesel e presentes na fumaça desse combustível. Elas passaram agora de «cancerígenos prováveis» para «cancerígenos com certeza”  para o homem.

Óleo Diesel. Seus gases são “cancerígenos com certeza”


 

Por: Le Figaro Santé

 

Os gases que saem do escapamento dos motores a diesel estão agora classificados como “cancerígenos cum certeza” para os seres humanos pelo Centro internacional de pesquisa sobre o câncer (CIRC/IARC), a agência para o câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Já em 1988, o CIRC, com sede em Lyon (França), tinha classificado as emissões dos motores a diesel entre as substâncias provavelmente cancerígenas para os seres humanos (grupo 2A), relembra o CIRC. «As novas evidências científicas são irrefutáveis e as conclusões do grupo de trabalho são unânimes: as emissões dos motores à diesel causam câncer de pulmão», declarou o Dr. Christopher Portier. «Considerando os impactos adicionais para a saúde das partículas produzidas pela queima do diesel, a exposição a esta mistura química deve ser reduzida no mundo todo», acrescentou Portier em um comunicado. Além disso, os especialistas observam uma «associação positiva» dessas partículas com um risco aumentado de câncer da bexiga.

No mundo todo, grandes populações estão expostas diariamente às emissões dos motores a diesel, não apenas por causa da fumaça poluidora produzida pelos veículos rodoviários, mas também por outros modos de transporte (trens como os TER na França que ainda utilizam locomotivas a diesel, barcos, etc) bem como geradores de eletricidade e sistemas de aquecimento de imóveis, relembra o CIRC.

O diesel não é uma boa escolha em termos de saúde

«Minha reação é: finalmente!», comenta o médico Patrice Halimi, secretário geral e porta-voz da Associação Saúde Meio-Ambiente França que concentra 2500 médicos. «Há muito tempo sabíamos que o diesel não é uma boa opção sanitária, e que a atual política pública (visando a promover a frota diesel na França) é um erro», ele acrescenta. «Na sequência deste reconhecimento pela OMS, é necessária a implementação de uma política pública que esteja verdadeiramente voltada para a saúde», completa Halimi.

Favorecido por uma política fiscal vantajosa, o consumo do óleo diesel cresceu bastante na França nos últimos anos: ele é o combustível de cerca de 60% da frota automobilística atual, contra pouco mais de um quarto em 1995. Conhecido como sendo melhor para o clima que o motor a gasolina, ao gerar menos CO2 por quilômetro, o diesel, no entanto, emite partículas finas cancerígenas.

Estas partículas, emitidas também pelo sistema de aquecimento à base da queima de carvão e pela indústria seriam responsáveis na França, por cerca de 42 mil mortes prematuras por ano, de acordo com o Ministério da Ecologia. Por outro lado, o diesel emite um gás, o dióxido de azoto (NO2), responsável por doenças respiratórias e cardiovasculares.

Para se adequarem às normas europeias, cada vez mais exigentes, progressos têm sido feito em matéria de desempenho e de “limpeza”, através de sistemas de filtragem cada vez mais eficazes, mas ainda assim incapazes de reter as partículas nocivas da fumaça do diesel dentro de níveis de segurança razoáveis.