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Os dedos de Midas e o cordel das marionetes

Dizem que tudo o que Fernando Cavendish toca vira ouro. Menos para um ex-amigo e sócio

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Sobre CPIs, o que mais se ouve é que “todo mundo sabe como começa mas ninguém imagina como termina”. Quanto a essa CPMI que está sendo instalada no Congresso sobre as relações de Carlinhos Cachoeira com Demóstenes, como alvo principal, e deputados federais como secundários, especulação e receio não vão faltar.

Ainda em silêncio, Cachoeira sinaliza com a delação premiada para alertar os amigos que, conforme o aperto da corda e antes que perca o ar, informações podem surgir. A possibilidade tem tirado a tranquilidade de muita gente, de diferentes matizes e escalões políticos. E pra piorar, logo-logo deve surgir uma figura nova para ampliar o leque e apimentar o caldo da CPI.

Vamos pagar pra ver como será a entrada de Fernando Cavendish em cena. Presidente do Conselho Administrativo da Delta Construções, que detém os maiores volumes de contratos com entes públicos no país, Cavendish é o Midas do PAC. Só em 2011 seus contratos com o governo federal ficaram em torno de R$ 3 bilhões. A cronologia mostra a ascensão dele, que passa de figurante de 5ª, de pé ao fundo, a convidado de honra, com assento em palanques em lançamento / inauguração de obras.

Dizem que tudo o que Fernando Cavendish toca vira ouro. Menos para o ex-amigo e sócio Marcelino Machado, que foi “tocado” para fora da sociedade por discordância de condutas e hoje está numa pendenga litigiosa envolvendo as empresas Delta e Sigma. A Delta tem negócios em várias áreas com prefeituras, governos estaduais e com a administração federal. Contratos são aditivados a torto e a direito e os MPEs começam a abrir caixas-pretas por esse Brasil afora. Quando o MPF entrar, a coisa deve empretejar de vez.

Fernando Cavendish era o patrão maior de Cláudio Abreu, defenestrado de uma diretoria regional da Delta após a ação da PF que prendeu Cachoeira, Wladimir Garcez, delegados e – não se sabe em quanto tempo – mas ainda deve botar mais gente na cadeia. É lógico supor que nada deveria acontecer sem o conhecimento dele. E também que não se colocaria uma estrutura como a da Delta a serviço de terceiros sem uma contrapartida. Conivência, sociedade, formação de quadrilha...?

A mídia fala em “tentáculos” de Carlinhos Cachoeira. O alcance deles é o que a CPI deve começar buscando. Não seria surpresa se mais à frente descobrirem que esses tentáculos foram manobrados por alguém mais acima. Seria como imaginar a encenação do malfeitor num teatrinho de marionetes. E que nas pontas que conduzem as cordas estariam nada menos que os dedos de Fernando Cavendish – por trás do palco, mas participando da cena como operador maior de atores e figurantes desse triste cenário político.

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