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Para economistas, redução do IPI não é a solução

Segundo André Magalhães, da UFPE, e Jorge Jatobá, da Ceplan, a iniciativa do governo de reduzir o imposto não surtirá efeitos positivos a longo prazo, somente a curto; defendem investimento em reformas estruturais para, sobretudo, diminuir a carga tributária no País

Para economistas, redução do IPI não é a solução (Foto: Divulgação)

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Leonardo Lucena_PE247 - Não surtirá efeito a médio e a longo prazo. É assim que economistas avaliam a medida anunciada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de reduzir o Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para estimular a compra de automóveis, associada à ação dos bancos de abaixar os valores de entrada, dos juros e alongamento o pagamento dos veículos pelos consumidores. Conforme o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), André Magalhães, tal iniciativa não é uma política sustentável, porque a “proteção” a um setor (o automotivo) trará benefícios apenas a curto prazo.

“Esta medida não terá efeitos positivos a longo prazo. As pessoas estão endividadas.  Daqui a quatro, seis meses, provavelmente, teremos o mesmo cenário, no qual as pessoas vão comprar menos, por conta da inadimplência”, afirma André Magalhães, ressaltando a necessidade de investimento em educação, infraestrutura, além da redução do custo de contratação por parte das empresas. “Por exemplo, se você diminui o custo de contratação, gera mais empregos, as pessoas compram mais e há uma tendência para que o endividamento caia, de um modo geral”, diz.

Por sua vez, o economista da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan), Jorge Jatobá, afirma que as concessionárias terão um aumento pouco expressivo na vende de carros. “Com a redução do IPI, base da transferência de recursos para Estados e municípios, os mesmos disponibilizarão de menos capital”, comenta Jatobá. Além disso, de acordo com ele, com a maior aquisição de veículos a curto prazo, aumentarão os problemas de mobilidade urbana e da poluição ambiental.

“O País tem de fazer reformas estruturadoras, como a tributária, a previdenciária e a trabalhista, além reduzir o custo da logística de transporte e investir mais em ciência e tecnologia rumo à inovação, para não depender apenas de produtos primários. Mas a corrupção e o mal gasto público, por exemplo, são entraves para que isso aconteça”, critica Jatobá.

Por outro lado, as concessionárias aprovam a iniciativa do governo. O gerente de vendas de uma das revendedoras da Fiat em Pernambuco, Genílson Alves, diz que a maior dificuldade era a liberação do crédito. “Vários clientes já ligaram pedindo informações sobre o preço dos carros. Esperamos que o mercado reaja de forma positiva”, acrescenta Alves. Já a gerente de vendas de uma filial da Volkswagen, Gilvana Elias, também reconhece a forte inadimplência no setor, mas acha que a proposta é benéfica à economia brasileira. “O segmento de carros alavanca outros segmentos. Temos grandes expectativas de melhora”, diz.

Ambas as concessionárias ainda esperam um retorno das fábricas para saber qual será o reajuste no preço dos veículos. 

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