Para promotor, “Policiais estão desmotivados”
O promotor de Justiça Sóstenes Gaia, da comarca dos municípios de Satuba, Coqueiro Seco e Santa Luzia do Norte, afirmou, nesta terça-feira (3), que é preciso investir na Polícia Civil para que haja uma redução da violência em Alagoas. Segundo ele, falta vontade por parte do governo para que as coisas melhorem no Estado.
Alagoas247 - “O que precisa é que o governador olhe com carinho para a Secretaria da Defesa Social e para a Polícia Civil. Os policiais estão desmotivados e hoje é mais fácil você vê-los fazendo bico do que trabalhando dentro das delegacias. É uma questão de gestão, de buscar incentivar e melhorar o salário desse pessoal. Eu acredito que, se os políticos que administram Alagoas e o secretário da Defesa Social quiserem fazer, eles fazem. Quando se quer fazer, se consegue, mesmo com sacrifício”, conta o promotor.
Para Sóstenes Gaia, a Polícia Militar tem cumprido o papel dela e da Polícia Civil ao mesmo tempo, diante da falta de investimento na PC e da ociosidade dos que fazem o órgão responsável pelas investigações criminais. O promotor destaca que a política tem atrapalhado o funcionamento da PC e prejudicado o andamento dos trabalhos.
“As pessoas precisam da polícia civil, mas se você for fazer boletim de ocorrência em qualquer cidade tem dificuldade porque não encontra escrivão e nem delegado. Uma ala dos delegados faz política e a outra trabalha. Tirando a política partidária da secretaria de segurança as coisas funcionariam plenamente. Está faltando que a polícia civil chegue mais próximo da sociedade, da população, que cumpra o seu papel constitucional, apurando as infrações penais e pedindo informações à população”, diz o promotor, destacando que não é fácil ser policial em Alagoas.
O promotor reconhece que os problemas relacionados à violência no Estado não tiveram início de um dia para o outro, mas afirma que cabe aos atuais políticos que estão gerindo Alagoas solucionar a situação. “Está tudo errado e é preciso que se tome uma providência a nível administrativo, e essa providência deve sair de dentro do palácio do governador. É um problema que não nasceu nesse governo, mas que eles hoje são os responsáveis e devem resolver”, fala.
Durante entrevista, o promotor citou, aliviado, a operação realizada nessa segunda-feira (2) no município de Satuba, que resultou nas prisões de três homens suspeitos de envolvimento em cerca de 40 homicídios na região.
De acordo com Sóstenes Gaia, o grupo preso aterrorizava a população de Satuba e chegava a controlar, inclusive, as missas realizadas na localidade.
“Onde eles andavam era praticando ilícitos penais. As missas em Satuba tinham que passar pelo crivo desses bandidos. O pároco tinha que pedir permissão a eles para realizar uma missa no povoado Nova esperança, onde tem uma igrejinha. Quando eles não queriam que acontecesse o culto religioso, impediam o padre de fazê-lo. Até colégio eles fecharam”, revela o promotor, destacando que a população da cidade amanheceu mais tranquila nesta terça-feira, após as prisões.
Ontem, ele esteve com o procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, para falar sobre a situação de insegurança vivida pela população de Satuba e municípios vizinhos. Segundo ele, o governador deve ser procurado para que se busque uma solução.
"Eu estive ontem com o procurador-geral e acredito que ele fará um expediente, conversará com o governador Teotonio Vilela e com o Nonô [vice-governador] para reivindicar que a Polícia Civil vá para as ruas e saia do gabinete", afirma.
Nota
Em contato, a assessoria de Comunicação da Polícia Civil,informou que a questão da falta de efetivo nas delegacias será amenizada com a convocação dos 400 aprovados no último concurso público para os cargos de agente, escrivão e delegado. A previsão é que o curso seja concluído ainda nesse mês de dezembro e a nomeação aconteça em 2014.
Com gazetaweb.com
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