Parada Gay reúne milhares de pessoas em Porto Alegre
A 17a Parada Livre e 7a Marcha Lésbica de Porto Alegre reuniu milhares de pessoas de todas as etnias, classes sociais, sexualidades, gêneros e idades em uma festa política no Parque da Redenção; às 14h, as performances artísticas de música, dança e arte transformista no palco montado perto do espelho d'água deram início ao evento que comemorou a diversidade, com o slogan "Ajoelha e reza, liberta-te do preconceito"
Débora Fogliatto, Sul21 - A 17a Parada Livre e 7a Marcha Lésbica de Porto Alegre reuniu milhares de pessoas de todas as etnias, classes sociais, sexualidades, gêneros e idades em uma festa política no Parque da Redenção neste domingo (17). Às 14h, as performances artísticas de música, dança e arte transformista no palco montado perto do espelho d'água deram início ao evento que comemorou a diversidade. Com o slogan "Ajoelha e reza, liberta-te do preconceito", a Parada durou a tarde inteira e parte da noite, com término marcado para as 22h, quando as performances se encerraram.
Às 17h30, a maior parte das pessoas partiu em marcha por volta do parque, seguindo os trios elétricos que tocavam músicas eletrônicas, funk e pop. Em cima dos carros, pessoas balançavam bandeiras de arco-íris e dançavam, animando o público. Com pinturas, empunhando símbolos LGBT coloridos e sem receio de demonstrar seu amor, os participantes da Parada comemoraram seu domingo de liberdade sexual, acompanhando os trios elétricos até retornarem ao ponto inicial. Lá, as atrações continuaram após escurecer.
Mesmo tendo formato de carnaval fora de época, a força política da Parada não é ignorada por seus organizadores e participantes. Sandro Ká, da ONG Somos – Comunicação, Saúde e Sexualidade, considera que o evento "superou as expectativas". "Existe o senso comum de que é só uma festa, mas é inegável a força popular da Parada. É uma festa política, um dos lugares mais democráticos e seguros para as pessoas poderem sair de mãos dadas com seus namorados e namoradas", acredita.
A Comissão de Diversidade Sexual da OAB arrecadou assinaturas para o Estatuto da Diversidade Sexual, lei de iniciativa popular que garante direitos à população LGBT e propõe a criminalização da homofobia. Maria Berenice Dias, advogada e uma das idealizadoras do projeto, comemorou a alta adesão, assim como o grande espaço e estrutura dados para o recolhimento de assinaturas. "Esse momento é de luta. É de festa, sim, mas é também de reivindicação. As pessoas vieram nos procurar muito, vieram colaborar de livre e espontânea vontade", relata. Um ano e meio após ser lançado, o Estatuto, que precisa alcançar 1 milhão de assinaturas, conta com 150 mil. Maria Berenice destaca que também é possível assinar pelo site, onde o projeto está detalhado.
Em um ano que contou com diversas manifestações de grupos LGBT contra o deputado pastor Marco Feliciano, o slogan da Parada remete exatamente à liberdade sexual e religiosa. "Acredito que ficou claro que isso é também uma reivindicação contra os retrocessos que sentimos", afirmou Sandro Ká. O cartaz da Liga Brasileira de Lésbicas, que promoveu a 7a Marcha Lésbica durante a Parada, sustentava "tirem suas doutrinas de nossas vaginas, tirem seus rosários de nossos ovários".
Neste domingo, no entanto, não foi visto nenhum ato de intolerância, religiosa ou em qualquer outro âmbito. As roupas coloridas das drag queens, combinando com as bandeiras das pessoas que seguiram os trios elétricos, deram o tom à festa que mostra a força política e a vontade de defender seus direitos que tem a população de gays, lésbicas, travestis e transexuais.
