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      Pelo Facebook, Gabrielli ameaça ACM Neto

      Ex-presidente da Petrobras e atual secretário do Planejamento da Bahia, José Sérgio Gabrielli imaginou que ia chegar ao Estado com o terreno cimentado para sua candidatura ao governo em 2014, mas a eleição de ACM Neto (DEM) para a Prefeitura de Salvador deve dificultar seus planos. Tanto que Gabrielli partiu pra cima do democrata, destacando que seu partido faz oposição aos governos federal e estadual: "Espero que o povo de Salvador não sofra por sua escolha!". Leia o texto na íntegra

      Pelo Facebook, Gabrielli ameaça ACM Neto
      Romulo Faro avatar
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      Bahia 247 - O ex-presidente da Petrobras, atual secretário do Planejamento do Estado (Seplan) e pré-candidato a governador da Bahia em 2014, José Sérgio Gabrielli, fez declarações pouco democráticas no seu perfil no Facebook para comentar o resultado da eleição em Salvador, da qual o jovem ACM Neto (DEM), saiu vitorioso sobre o petista Nelson Pelegrino.

      Se lido com atenção, o texto de Gabrielli dá a entender de forma clara o risco de retaliação à gestão do DEM na capital baiana, além de dizer que sem uma relação "harmônica" com os governo do estado e federal, ACM Neto não conseguirá realizar as tarefas mais importantes para a terceira maior capital do Brasil. O fato é que a eleição de ACM Neto devem dificultar os planos de Gabrielli de se eleger em 2014.

      Abaixo, a reflexão do pré-candidato à sucessão de Jaques Wagner em seu Facebook:

      Algumas reflexões sobre o dia seguinte a vitória de ACM Neto em Salvador

      Os eleitores de Salvador elegeram ACM Neto prefeito. Até aí uma vitória da democracia, pela escolha livre os dirigentes municipais. E agora?

      A Prefeitura Municipal de Salvador tem um orçamento de pouco mais de 4 bilhões e não tem capacidade de financiamento por falta de condições financeiras.

      Uma Prefeitura que precisa de obras estruturantes no que se refere a mobilidade urbana, a recuperação da Orla Atlântica e Orla do interior da Baia de Todos os Santos, no Centro Antigo da Cidade, nos bairros mais populosos com a necessidade de expansão de rede de assistência básica a saúde e ampliação da rede municipal de educação.

      Uma Prefeitura que precisa ampliar o ordenamento urbano com obras de desafogo dos gargalos do trânsito.

      Uma cidade que precisa tratar bem as suas diversas populações e incluir milhares de pessoas nos serviços básicos da cidade.

      Uma Prefeitura que precisa dos governos do Estado e da União para realizar parte dessas obras.

      Mas os eleitores de Salvador escolheram ACM Neto com os partidos DEM, PSDB, PMDB, PPS e PV, partidos que são ferozes opositores ao governo no plano estadual e federal ou em ambos.

      Para implementar os projetos necessários para enfrentar as necessidades de Salvador há de haver uma ação harmônica e equilibrada entre a Prefeitura e os governos do Estado e federal.

      Como fazer a integração da Linha 1 do Metro com a Linha Dois que vai até Lauro de Freitas, sem o acordo entre os dois governos?

      Como fazer os viadutos e passarelas para melhorar o trânsito da cidade sem a cooperação entre as duas esferas de governo?

      Como articular as concessões das novas linhas de ônibus com a alimentação das estações de alimentação do Metro sem que haja um trabalho conjunto entre a PMS e o Governo Estadual?

      Como fazer as grandes intervenções programadas no Centro Antigo de Salvador sem a equilibrada cooperação da PMS e governo do Estado?

      A questão não é de perseguição ou comportamento não republicano de retaliação ao opositor que ganhou as eleições em um determinado município.

      A questão é a realidade difícil de diálogo entre um conjunto de partidos que deliberadamente são de oposição ao governo do Estado, e buscam se legitimar no combate a esse governo, com a necessidade desse governo municipal de aceitar a liderança e condução desses projetos pelo governo estadual, que é o único que tem capacidades financeira e gerencial de gerir as ações desses programas.

      Some-se a isso a reação dos movimentos sociais que vão exigir da Prefeitura Municipal de Salvador a aceleração dos benefícios prometidos em campanha e a diversificação das atuações do governo municipal, ameaçando ainda mais a combalida posição financeira do município.

      Por cima disso, a nova Câmara de Vereadores pode ser mais um campo de batalha entre o Executivo de Salvador e seu legislativo, com vários temas conflitantes na agenda legislativa.

      Frente a esse quadro, os partidos que apoiaram Pelegrino [Nelson Pellegrino, candidato derrotado do PT a prefeito] não dispõem de muita alternativa: só resta a oposição ao novo governo.

      Não uma oposição por oposição, mas uma ação que busque ampliar as pressões referentes aos interesses de importantes segmentos da sociedade soteropolitana que não estarão representados na coalizão vencedora, que exija um reconhecimento do papel do governo do Estado na execução e liderança desses importantes projetos para a cidade e uma plataforma de reverberação para as demandas do movimento social que tenderão a estar limitadas pelo ideário dos partidos que ganharam a eleição.

      Nesse movimento de conflito e tensão, o governo estadual é o único que tem as condições de implementar vários dos programas previstos.

      O novo prefeito precisa levar em conta essa realidade de que o Estado é o principal condutor de muitas da soluções dos problemas para o povo da cidade. Não é do feitio da coligação vencedora com tradição oligárquica e autoritária admitir que tem que reconhecerr a importância e tamanho dos seus adversários.

      Espero que o povo de Salvador não sofra por sua escolha!

      Após saber da repercussão de seu texto, Gabrielli escreveu mais uma vez no Facebook sobre o assunto:

      Respostas a alguns críticos, uns ferozes, outros racionais.

      Vou tentar responder a alguns dos mais ferozes críticos a minha afirmação de que os investimentos do Governo do Estado em Salvador, para serem executados precisam da colaboração do novo prefeito e que a coligação vitoriosa ( DEM, PSDB, PMDB da Bahia, PPS e PV) não tem a tradição de negociar e fazer compromissos com o PT. São oposição hostil aos governos de Wagner, e alguns de Dilma também e portanto poderiam ter dificuldades de fazer o que é necessário para o povo de Salvador; aceitar trabalhar harmonicamente com o Governador Wagner.

      @Rose_Vermelho @Allan Edgard, @Luciana Brito, @Consuelo Pondé de Sena insinuam que eu estaria afirmando que o Governo se negaria a fazer obras na cidade só para retaliar ao Prefeito. Em nenhum momento afirmei isso. Ao contrario, disse literalmente:

      Nesse movimento de conflito e tensão, o Governo Estadual é o único que tem as condições de implementar vários dos programas previstos. O novo prefeito precisa levar em conta essa realidade de que o Estado é o principal condutor de muitas da soluções dos problemas para o povo da cidade. Não é do feitio da coligação vencedora com tradição oligárquica e autoritária admitir que tem que reconhecer a importância e tamanho dos seus adversários. Espero que o povo de Salvador não sofra por sua escolha!”.

      Admiro muitos que acham que estou errado e que ACM Neto e os partidos que o apoiam serão parceiros do Governo do Estado nas obras de interesse dos soteropolitanos. Admiro, mas infelizmente, não acredito nessas transformações.

      Muitos (@Agenceslau Junior, @Igor Arusa, @Augusto Lino, @Duca Matos, @Claudionor Soriano, @Carlos Alberto Ferreira, @Antonio Queirós Campos, @Nestor Amazonas, @Hendrik Aquino, @Renato Neto) são raivosos e destilam muitos preconceitos contra o PT. Ofensas, xingamentos e irracionalidade fazem parte do debate politico. Acho bom que eles assumam suas posições e assumam que existe uma DIREITA ideológica no país e na Bahia. A clareza das posições é positiva para a Democracia. O que não é admissível é usar uma retórica pretensamente esquerdista de critica ao PT(traição ao movimento social, corrupção, falta de compromissos com o povo, arrogância, autoritarismo, política de alianças) para justificar posições claramente de direita contra as politicas de inclusão social e de ampliação da democracia.

      Felizmente, com a luta de muitos, conquistamos a democracia no pais e temos eleições a cada dois anos. Espero que cada vez as posições que cada um defende sejam mais claras para que os eleitores façam as suas escolhas. Nunca o problema é a escolha do eleitor. Sempre é a forma escolhida pelos ganhadores para administrar os recursos do governo, explicitando as prioridades escolhidas pelos eleitores, em relação as pressões da sociedade que continuam, independente dos resultados da eleição. A democracia não é apenas o processo eleitoral. É a melhor forma de resolução dos conflitos sociais. Felizmente também criamos vários mecanismos de participação direta da sociedade nos seus destinos. Discordo radicalmente da professora @Consuelo Pondé de Sena quando ela diz que “quando as urnas se encerram, o resto é silencio”. Essa forma de democracia que se limita a eleição é muito pouco para o estagio que nossa sociedade chegou, especialmente depois do Governo de Lula.

      Alguns como @Thitta Pitthan acreditam que a eleição de Neto não é a volta do carlismo. É claro que ACM, o avô, não ressuscitou. A volta do carlismo é o risco da experiência de Paulo Souto, um carlismo renovado, voltar. Isso significa o domínio de uma tecnocracia, acredito que, para alguns até bem intencionada, mas que não abre espaço para a participação popular nas decisões de governo. Um governo de déspotas esclarecidos. Os principais partidos da coalizão vitoriosa (DEM, PMDB e PSDB) tem em seus ideários ideias autoritárias e pouca abertura de diálogo com o PT, que apesar da derrota em Salvador é amplamente majoritário nos votos do Estado (mais de 340 prefeituras apoiam o Governador Wagner contra 10 do DEM, 9 do PSDB e algumas dezenas do PMDB).

      Concordo com @Rita Teixeira quando diz que não acredita em determinismo político genético, mas destaca a identidade ideológica do discurso do DEM com o do PFL e até da ARENA. Trata-se de identidade ideológica e programática.

      @Diego Hita reflete, racionalmente, sobre o significado político da tese do alinhamento político e se manifesta contrario ao mesmo, contrapondo com o republicanismo que professamos. Ele está certo ao lembrar que o alinhamento correto é ao projeto político de mudanças e não uma hegemonia de partido único. Concordo inteiramente com a necessidade de pluralidade. O que acho que está em questão é outra coisa. No momento eleitoral os eleitores podem optar, escolher, o que é melhor: reforçar o projeto político que concordam ou substituí-lo por outro. A opção se expressa no resultado das urnas. Ganhou o projeto de oposição ao Governo do Estado em Salvador. Esse foi o recado dos eleitores. Aos vencedores é necessário construir os espaços de cooperação e harmonia com seu opositores no Governo estadual, mandatados pelas urnas. O meu questionamento é que essa tensão, legitimamente escolhida pelos eleitores, pode trazer problemas na execução de projetos voluntários. Não há mais espaços para retaliações como as feitas por ACM, o avô, contra nossa prefeita Lídice. A busca de harmonia é a inflexão que os ganhadores da eleição de Salvador, liderados por ACM, o neto, precisam fazer. Se farão é outra coisa.

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