Pesquisador inglês diz que dengue é ameaça à Copa

Pernambuco 247 - As cidades sedes de Fortaleza (CE), Salvador (BA) e Natal (RN), todas localizadas no Nordeste brasileiro, estão entre os locais mais propensos a desenvolver surtos de dengue durante o período da Copa do Mundo de 2014, no Brasil. A informação foi apresentada pelo especialista Simon Hay, da Universidade de Oxford, e divulgado em uma pesquisa na revista científica Nature. O artigo foi divulgado na mesma semana em que outro texto da revista traz dados sobre o aumento de casos da doença no Brasil.

De acordo a publicação, entre janeiro e outubro de 2013, foram registradas 573 vítimas fatais em decorrência da dengue, contra 292 óbitos em 2012, um aumento de 96%. O registro de casos graves da doença subiu cerca de 65% durante o período, indo de 3.957 no ano passado, para 6.566 em 2013. Dos 1.315 municípios avaliados, 157 estão em situação de risco e 525 em estado de alerta, somando 682 cidades com controle da doença abaixo do classificado como “satisfatório”.

De acordo com Simon Hay, é necessário desenvolver um maior controle da doença durante o período da Copa do Mundo, além de ser necessária a divulgação de campanhas de conscientização para os turistas. Em resposta ao texto do especialista, o Ministério da Saúde destacou que os meses de junho e julho – época em que o evento esportivo será realizado – as incidências de transmissão da doença são baixas no Nordeste. “Não existem evidências de que, durante a realização dos jogos, possam ocorrer epidemias de dengue em alguma cidade-sede”, afirmou o ministério para a BBC Brasil. 

“O pesquisador não deve conhecer bem a dengue e no Reino Unido pode não ter muita gente com a experiência que adquirimos no Brasil”, retrucou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, ainda nesta semana. Entretanto, especialistas brasileiros afirmam que os trabalhos devem ser intensificados no Nordeste durante o período, dado o clima chuvoso da região entre os meses de junho e julho. De acordo com os pesquisadores, a população local também deve ser alvo de conscientização, para que focos da doença sejam efetivamente eliminados. 

Segundo Hay, a prevenção da doença é de responsabilidade da Fifa, uma vez que a dengue não é muito conhecida pela população do Hemisfério Norte. “A Fifa, as autoridades brasileiras e os patrocinadores da Copa do Mundo precisam usar a influência e a experiência pra informar os riscos e as medidas de proteção que devem ser tomadas”, publicou no artigo. Segundo o pesquisador, os turistas devem optar por hotéis e pousadas com mosquiteiros e ar-condicionado, usar calças e camisas de manga comprida e aplicar repelentes nas roupas e na pele.

Segundo o ministério da Saúde, o combate à dengue que será realizado durante o evento deverá “eliminar os criadouros do mosquito transmissor da doença enfatizando os estádios da copa, os telões em áreas abertas e locais com muita concentração de passageiros”. Além disso, devem ser intensificadas as ações de comunicação e prevenção também nos atendimentos médicos.