Piquet, o mais autêntico dos nossos campeões

247 – Cada um do seu jeito, os três brasileiros que somaram oito campeonatos mundiais de pilotos estarão para sempre na memória da apaixonada torcida nacional. Emerson Fittipaldi (1972-1974), por ter sido o primeiro, mesmo sendo o mais politicamente correto, é visto como um mestre entre os mestres. Após sua vitoriosa carreira na Fórmula-1, fortemente atrapalhada pela iniciativa de construir e dirigir o Copersucar-Fittipaldi, ele amargou o ostracismo, mas deu a volta por cima nos Estados Unidos, vencendo as míticas 500 milhas de Indianápolis por duas vezes (1989-1993) e levantando título da Fórmula Indy (1989). Com aura de santo para muitos, Ayrton Senna (1988-1990-1991) é, reconhecidamente, o maior piloto de automóveis que já passou pelo planeta terra, ocupando um panteão em que cabem, apenas, Juan Manuel Fangio e Jim Clarck. Bateu todos os recordes e ainda é idolatrado em todo o mundo, mesmo 12 anos após sua morte. E há Nelson Piquet...

Ao aproveitar, no final da manhã do domingo 27, duas voltas com sua Brabham BT49, com a qual se tornou campeão mundial em 1981, para desfraldar uma bandeira do Vasco da Gama em pleno autódromo paulista, Piquet acrescentou mais um ponto na série de feitos personalíssimos que fazem dele o mais autêntico, irreverente e, portanto, polêmico campeão. Divertindo-se antes, durante e depois da apresentação, ele aproveitou mais esses momentos de fama para reafirmar seu caráter provocativo, que fazem dele um ídolo do tipo ameo-o ou deixe-o, infelizmente um dos poucos que o Brasil tem a mostrar, em qualquer ocasião, a sua verdade: “É uma maravilha poder andar neste carro de novo. Andar em Interlagos, em um dia de Fórmula 1 e ainda torcendo para o Vasco... Dentro de São Paulo. É do jeito que eu gosto”. Fez, falou e disse!