PM reprime protesto da Polícia Civil contra pacote de Sartori
O clima esquentou no protesto de policiais civis contra o pacote do governo José Ivo Sartori (PMDB); manifestantes foram feridos por balas de borracha disparadas por integrantes do batalhão de choque da Brigada Militar; após uma rápida dispersão pela Praça da Matriz e arredores, os servidores voltaram a se concentrar em frente ao Theatro São Pedro e partiram em direção a uma das fileiras do choque; secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer, se pronunciou: "Foi feito com meu consentimento e com meu apoio, por uma razão óbvia, o Parlamento é um dos pilares da democracia. Qualquer atentado ao Parlamento é um atentado à democracia"
Marco Weissheimer, Sul 21- Policiais civis que participam da mobilização na Praça da Matriz contra o pacote do governo José Ivo Sartori (PMDB) foram feridos por balas de borracha disparadas por integrantes do batalhão de choque da Brigada Militar que está sitiando o prédio da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O incidente ocorreu no início da tarde desta terça-feira (20), quando os policiais militares lançaram bombas de gás e dispararam balas de borracha contra os manifestantes, muito deles policiais civis e funcionários da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe). Após uma rápida dispersão pela Praça da Matriz e arredores, os servidores voltaram a se concentrar em frente ao Theatro São Pedro e partiram em direção a uma das fileiras do choque.
Policiais civis e servidores da Susepe protestaram contra a atitude dos brigadianos e o clima ficou muito tenso. Aos gritos de "pelego", "pelego", os servidores ficaram a poucos metros dos integrantes do choque. Dirigentes dos sindicatos de policiais civis, de servidores penitenciários e do comando da Brigada fizeram uma rápida conversa junto às grades que separavam os dois grupos para apaziguar os ânimos. A chegada de um caminhão de som que serviu de palanque para diversas intervenções diminuiu um pouco a tensão na crítica faixa das grades. Os servidores da área da segurança cobraram de seus colegas da Brigada a atitude de disparar bombas e balas de borracha contra os manifestantes.
"Queremos uma polícia que não seja militar, mas sim cidadã. Vamos lembrar o exemplo dos policiais militares do Rio de Janeiro que decidiram apoiar a mobilização dos servidores. Por enquanto os colegas da Brigada Militar estão fazendo esse papel infame imposto pelo governo Sartori. Nós vamos fazer o nosso papel também, tensionando esses deputados a respeitarem os servidores e o serviço público. Nós não estamos lutando simplesmente contra um pacote, mas sim contra um modelo de sociedade que quer acabar com o serviço público", disse Cládio Abel Wohlfahrt, diretor financeiro do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato).
Alexandre Bobadra, da Associação dos Agentes, Monitores e Auxiliares Penitenciários do Estado do Rio Grande do Sul (Amapergs), enviou um recado e um pedido aos integrantes do choque da Brigada Militar. "É impossível pedir para os colegas da Polícia Civil e da Susepe não virem armados, pois eles terão que voltar para suas casas depois, muitos deles terão que pegar ônibus e eles têm que estar armados. Temos a obrigação de andar armados, mas não vamos fazer nenhuma bobagem aqui. Peço que os colegas da Brigada Militar façam o mesmo". Bobadra anunciou que os sindicatos irão apurar quem deu tiros de balas de borracha na cara de colegas. "Os colegas da Brigada devem lembrar do artigo 4898 que trata do abuso de autoridade. Não é só vocês que estão filmando. Pois saibam que também estão sendo filmados e nós vamos apurar quem fez esses disparos.
Os pedidos feitos pelos representantes da Polícia Civil e da Susepe não surtiram muito efeito. Por volta das 16h30min, a derrubada de algumas grades por manifestantes fez o choque da BM, mais uma vez, a lançar bombas contra os manifestantes na Praça da Matriz.
Veja agora a reportagem, também do Sul 21, na qual o secretário de Segurança diz que tudo foi feito com o seu consentimento:
Por Fernanda Canofre
O secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer, esteve presente no Plenário da Assembleia Legislativa durante a tarde desta terça-feira (20), quando os deputados se preparavam para iniciar a ordem do dia e segundo dia de votações do pacote de medidas do governo de José Ivo Sartori (PMDB) para a crise financeira do Estado.
Na entrada do Plenário, Schirmer conversava com o líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB), e declarou ser fã do deputado. Segundo o secretário, o que o trouxe ao Legislativo foi conversas com a bancada a respeito de projetos incluídos no pacote que dizem respeito à segurança pública. Entre eles, o PL 248/2016 – que cria gratificação a policiais militares em exercício de atividades prisionais – e que o secretário disse que precisaria de correção nos valores apresentados.
Ele também comentou sobre o PL 250, do Instituto Geral de Perícias, que prevê mudanças nos vencimentos dos peritos. "Eu quero dizer que a repercussão financeira é muito pesada para o Estado, isso pode envolver alguns milhões de reais por ano. Então, não pode se pegar uma categoria, cuja exigência é nível médio e jogar para uma posição igual a de quem tem exigência de nível superior. A emenda vai ser o caminho mais rápido, mas não é o mais adequado", afirmou.
O secretário também foi questionado sobre a ação da Brigada Militar utilizada desde o primeiro dia de votação, para reprimir protestos de servidores, em frente à Assembleia Legislativa.
"Foi feito com meu consentimento e com meu apoio, por uma razão óbvia, o Parlamento é um dos pilares da democracia. Qualquer atentado ao Parlamento é um atentado à democracia. Esta Casa foi invadida muitas vezes, quem invade o Parlamento está atentando contra a democracia, contra a liberdade de decisão do Parlamento. É inaceitável, protesto é legítimo dentro da lei, não cumprir a lei, qualquer que seja ela, é sempre um atentado à segurança, é sempre um ato de violência e isso tem consequência na segurança pública", declarou a jornalistas.
A Assembleia Legislativa segue cercada e com acesso restrito. Na segunda-feira, a BM utilizou gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral, spray de pimenta contra servidores. Nesta terça, servidores que protestavam na Praça da Matriz, também foram atingidos com balas de borracha.
Schirmer confirma que a ordem partiu do Piratini, como reação a manifestantes que teriam utilizado coquetel molotov e pedras no dia anterior. O secretário confirmou ainda que a presença reforçada da BM na AL obedece a um pedido da Presidência do Legislativo.
"Quem não derrubou as grades, quem não tentou invadir a Assembleia certamente não teve nenhum constrangimento. A Brigada está ali para não deixar invadir o Parlamento, a pedido da Presidente da Assembleia Legislativa. O governador falou comigo por telefone e pessoalmente para preservar a essência do Parlamento, que é sua capacidade de decidir livremente sobre qualquer assunto. Eu repito: atentar contra o Parlamento é atentar contra a democracia", afirmou.
Ainda questionado sobre se houve excessos em sua opinião, o secretário emendou: "Eu sou democrata, minha vida é uma postura permanente de defesa da democracia. A democracia exige cumprimento da lei".
Greve na Susepe
Schirmer também comentou rapidamente sobre a greve de agentes penitenciários da Susepe, anunciada ontem pelos servidores. A classe está entre os afetados por parcelamentos, sucateamento de estrutura de trabalho e atrasos de promoções e concursos.
"Até agora, nem a Secretaria, nem o governo do Estado foram comunicados da existência dessa greve. Do ponto de vista do direito, ela não existe. Nós sabemos disso pelos jornais, o procurador do Estado está examinando uma medida cautelar, se for necessário", disse o secretário.
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