Porto Alegre tem protesto contra cortes na Educação
Com apoio de professores e estudantes, os técnicos-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS) fizeram, a Marcha da Educação Federal/ a caminhada, que começou na Faculdade de Educação, passou por ruas centrais da Capital e terminou no Largo Glênio Peres, teve como foco o corte de R$ 9, 4 bilhões no orçamento do Ministério da Educação, melhores condições de trabalho, além de reajuste salarial; em greve desde o dia 28 de maio, os técnicos-administrativos receberam o apoio de servidores de outras universidades federais do Estado que também estão paralisados, como Rio Grande, Pelotas e Santa Maria
Jaqueline Silveira, Sul 21 - Com apoio de professores e estudantes, os técnicos-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS) fizeram, na tarde desta quarta-feira (17), a Marcha da Educação Federal. A caminhada, que começou na Faculdade de Educação, passou por ruas centrais da Capital e terminou no Largo Glênio Peres, teve como foco o corte de R$ 9, 4 bilhões no orçamento do Ministério da Educação, melhores condições de trabalho, além de reajuste salarial.
Em greve desde o dia 28 de maio, os técnicos-administrativos receberam o apoio de servidores de outras universidades federais do Estado que também estão paralisados, como Rio Grande, Pelotas e Santa Maria. No trajeto, muitos apitos, buzinaços e frases eram cantadas pelos manifestantes, como “Contradição, a Pátria Educadora corta na Educação” e “Greve geral em toda a federal”.
Os representantes da categoria também usaram o carro de som para explicar à população os motivos da greve e da interrupção no trânsito em alguns momentos, como no fechamento do túnel da Conceição. “Pátria Educadora se faz com investimentos, não se faz com cortes”, diziam os sindicalistas, numa referência ao lema adotado pela presidente Dilma Rousseff em seu segundo mandato. Também protestaram contra o ajuste fiscal do governo federal. Os manifestantes distribuíram ainda panfletos às pessoas que estavam nas paradas de ônibus, como na da Estação Rodoviária.
Coordenadora geral da Associação de Servidores da UFRGS (Assufrgs), Bernadete Menezes ressaltou que recentemente, em uma reunião com os reitores das universidades federais, os representantes do Ministério da Educação reafirmaram o corte em 50% dos recursos para investimentos e em 10% para custeio. “Foi um balde de água fria nos reitores”, acrescentou Bernadete. Ela afirmou que os cortes só prejudicam ainda mais as condições de trabalho e compromete projetos futuros, como o aumento no número de vagas no Instituto Federal de Canoas, Região Metropolitana, onde a construção de novas salas foi suspensa. “Nós queremos, com essa marcha, a solidariedade do povo”, disse a coordenadora, que também é integrante da Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra).
A coordenadora da Assufrgs questionou ainda o fato de a UFRGS ser considerada uma das melhores universidades do país, ao mesmo em que tem cinco prédios interditados, obrigando os alunos a assistirem às aulas, por exemplo, nos colégios Júlio de Castilhos e Parobé e na Escola Paula Soares. “Que melhor universidade pública é essa”, ironizou ela. Os servidores federais também reivindicam um reajuste de 27,3%. O percentual, explicou Bernadete, refere-se às perdas acumuladas no governo Dilma e mais 2% de aumento. Hoje, há 5,4 mil técnicos-administrativos, entre ativos e inativos. Desse número, 2,6 mil trabalham na universidade. A coordenadora informou que não tinha uma estimativa do número de funcionários paralisados na instituição. Atualmente, técnicos-administrativos de 31 universidades federais estão em greve.
Entre os manifestantes, estava a aposentada Yara Carbonel, 83 anos. Com um cartaz com a frase “Pela correção de injustiças”, ela disse que é aposentada há 30 anos, mas vai para rua para defender a manutenção das conquistas da classe. “Não é para ganhar alguma coisa, é para não tirarem as nossas vantagens”, justificou ela, enquanto segurava numa mão o cartaz e na outra, a bengala. Ela lamentou a participação de poucos aposentados na marcha. “Tem aposentado que se acomoda, coloca o pijama e fica em casa. Eu não me acomodo, vou para a luta”, afirmou Yara, demonstrando muita disposição.
Estudantes se engajaram na caminhada
Alunos de diversos cursos da UFRGS participaram da marcha. Coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Nathália Bittencourt disse que os estudantes se juntaram à caminhada por defenderem as mesmas pautas dos servidores. “A luta deles, as reivindicações deles tem tudo a ver com as nossas”, afirmou ela, que também faz parte do coletivo Juntos.
Nathália se referia especialmente a melhorias na estrutura da universidade. Ela disse que as UFRGS já está sendo administrada com 30% a menos do seu orçamento e que o ajuste fiscal prejudica ainda mais o funcionamento da instituição de ensino. “Isso é muito ruim”, avaliou a coordenadora da DCE, que defendeu a taxação dos grandes fortunas, ao invés do governo fazer cortes na educação.
Professores podem parar
Os professores também se engajaram na mobilização dos técnicos-administrativos. A categoria, inclusive, faz uma assembleia na noite desta quarta-feira, na Faculdade de Educação, para discutir o indicativo de greve. Atualmente, há cerca de 3 mil professores na UFRGS.
“A questão que nos unifica é a falta de condições de trabalho”, enfatizou Laura Fonseca, que faz parte do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). A professora de Pedagogia disse que “o enxugamento de custeio” irá precarizar ainda mais o funcionamento da instituição. “Os RUs estão funcionando com o dobro de sua capacidade de trabalho inicial”, exemplificou ela. Também, segundo ela, a biblioteca do Campus do Vale não está funcionando.
A categoria, conforme Laura, também reivindica o mesmo percentual de reajuste dos técnicos-administrativos, 27,3%, mais a implementação da data-base, que os docentes não possuem, e pagamento do percentual de dedicação exclusiva, que, segundo ela, os professores perderam.
Além das pautas específicas da educação, os manifestantes, ao longo da marcha, se manifestaram contra a redução da maioridade penal e contra as terceirizações.
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