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Prédio onde funcionava o jornal Hoje em Dia continua ocupado

Imóvel onde funcionava o jornal Hoje em Dia, localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, continua ocupado nesta sexta-feira 2 por uma centena de jornalistas e gráficos que trabalharam para o veículo e foram demitidos no início do ano passado sem receber verbas rescisórias; o local ganhou fama após a divulgação dos depoimentos da delação premiada de Joesley Batista, da JBS, que afirmou que o imóvel foi comprado pela empresa a pedido do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG)

Imóvel onde funcionava o jornal Hoje em Dia, localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, continua ocupado nesta sexta-feira 2 por uma centena de jornalistas e gráficos que trabalharam para o veículo e foram demitidos no início do ano passado sem receber verbas rescisórias; o local ganhou fama após a divulgação dos depoimentos da delação premiada de Joesley Batista, da JBS, que afirmou que o imóvel foi comprado pela empresa a pedido do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) (Foto: Leonardo Lucena)
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Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil

Um imóvel do jornal Hoje em Dia localizado no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte, amanheceu nesta sexta-feira (2) ocupado por uma centena de jornalistas e gráficos que trabalharam para o veículo e foram demitidos no início do ano passado sem receber verbas rescisórias. O local ficou conhecido como "predinho" após a divulgação dos depoimentos da delação premiada de Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS que vinha sendo investigado na Operação Lava Jato.

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“Comprei um predinho por 17 milhões e esse dinheiro chegou às mãos dele”, disse o empresário à Procuradoria-Geral da República (PGR), explicando como teria feito para chegar recursos de propina a Aécio Neves (PSDB-MG). A delação dos donos da JBS complicou a vida do político mineiro, que viu sua irmã Andrea Neves e seu primo Frederico Medeiros serem presos preventivamente por determinação do Supremo Tribunal Federal. A corte também determinou o afastamento de Aécio de seu mandato de senador.

Segundo Joesley, a compra do imóvel ocorreu em 2015 após acerto entre a J&F, controladora da JBS, e a Ediminas, então gestora do Hoje em Dia. O empresário Flávio Jacques Carneiro, que comandava a Ediminas na época, foi descrito na delação como amigo de Aécio. Em outra parte do depoimento de Joesley, ele relata um apelo que fez à Carneiro: “Pedi, pelo amor de Deus, pra ele falar para o Aécio parar de me pedir dinheiro”.

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Daniel Camargo, vice-presidente da chapa eleita do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais que tomará posse este mês, afirma que o jornal Hoje em Dia, sob a gestão da Ediminas, fez uma cobertura favorável à Aécio Neves nas eleições presidenciais em 2014. "Os repórteres recebiam inclusive orientação editorial neste sentido." 

No segundo turno do pleito, foi publicada pelo jornal uma pesquisa questionável do Instituto Veritá que apontava Aécio com 14 pontos percentuais à frente de Dilma Rousseff. A notícia foi dada no dia 14 de outubro. Apenas 11 dias depois, Leonard de Assis, um dos sócios do instituto fez postagens nas redes sociais sugerindo possível adulteração dos dados. "Atenção, se sair nova pesquisa Veritá diferente de 53 Dilma e 47 Aécio é falsa. O resultado que fechamos hoje às 17h30 é este. Falo isso porque meu sócio está recebendo pressão. Não sei se ele resistirá", escreveu.

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Demissões

As demissões de 38 jornalistas e de cerca de 110 gráficos e profissionais do setor administrativo aconteceram no início de 2016, após a Ediminas ser vendida ao empresário e ex-prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz, afastado do cargo em 2016 em decorrência de uma operação da Polícia Federal. Ele foi preso um dia após sua mulher, a deputada federal Raquel Muniz, votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff e dedicar a decisão ao marido que seria "um exemplo para o Brasil."

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Hoje em Dia enfrenta no Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT) uma ação judicial coletiva movida pelo Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais também diversas ações individuais onde os trabalhadores demitidos cobram os pagamentos devidos. "Pessoas que trabalharam no jornal até 30 anos não receberam nem mesmo o salário do último mês de trabalho. Também não foram pagos férias acumuladas, décimo terceiro proporcional, nada”, relata Adriana Diniz, uma das jornalistas demitidas.

Advogados do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais chegaram a tentar anular a venda do “predinho” à JBS para que ele fosse penhorado e as dívidas trabalhistas fossem quitadas. De acordo com a entidade, o valor de R$17 milhões citado por Joesley é muito superior ao preço de mercado do imóvel.

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Ocupação

A ocupação teve início ontem (1º) e não tem previsão para se encerrar. Os participantes cobram do jornal o acerto das dívidas trabalhistas. Um manifesto foi divulgado tão logo o imóvel foi tomado. “Decidimos ocupar o prédio que foi sede do jornal durante décadas para denunciar a toda sociedade o calote. Fomos vítimas de uma negociata política  e pagamos a conta por projetos de poder, falta de ética e escrúpulos”, registra o texto.

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No fim da tarde de hoje (2), haverá um ato pela liberdade de imprensa. Na ocasião, o futuro do movimento também estará em pauta. Enquanto isso, cerca de 200 pessoas permanecem na ocupação. Além dos profissionais demitidos do Hoje em Dia, o ato conta com o apoio e a presença de integrantes do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, do Sindicato dos Gráficos de Minas Gerais e da Centra Única dos Trabalhadores (CUT-MG), além de outras entidades sindicais e de diversas organizações sociais como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Levante Popular de Juventude.

Em nota, o jornal Hoje em Dia informou que reitera o compromisso com a transparência das informações e a ética profissional. Disse ainda que mantém seu funcionamento regular, o que permite a preservação de dezenas de empregos, que vem cumprindo rigorosamente a legislação trabalhista e que as rescisões de contrato estão sendo tratadas caso a caso nas esferas competentes.

"A atual gestão da Ediminas assumiu o jornal Hoje em Dia quando a venda do prédio já havia sido concluída e vai colaborar com a Justiça prestando todos os esclarecimentos que forem por ela solicitados", acrescenta o texto. A nota também registra que o veículo não funciona mais no imóvel do bairro Santa Efigênia.

Também por meio de nota, a assessoria de Aécio Neves disse que as declarações dos delatores são falsas. “Joesley Batista e [o diretor da J&F] Ricardo Saud mentiram ao criar uma narrativa criminosa, sem apresentar provas, com o objetivo de obter os prêmios da delação”, escreveu. Segundo o texto, o senador desconhece a transação envolvendo o antigo prédio do Hoje em Dia e provará na Justiça que nunca recebeu propina.

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