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      Procuram-se talentos no Facebook

      Empresas já recrutam pela rede social usando aplicativos. Mas o que você faz ou curte pode decidir se você será contratado? Pedidos de senha do usuário causam polêmica nos EUA

      Procuram-se talentos no Facebook (Foto: Shutterstock)

      Luciane Macedo _247 - Há tempos que as empresas prestigiadas com milhares de "likes" diários em suas páginas perceberam a força do Facebook quando o assunto é marketing e vendas. Agora, a crescente popularidade da rede social entre os brasileiros, que já são a maior presença no Facebook, atrás apenas dos americanos, começa a ser motivo de comemoração também para os profissionais de recursos humanos. Eles encontraram no Facebook um novo e fértil território para a descoberta e atração de novos talentos.

      A Vagas, líder em tecnologia para gestão de processos seletivos, acaba de lançar um aplicativo que permite recrutar candidatos pelo Facebook. "Muitas empresas já têm uma página institucional na rede, mas ainda não usam esse canal para a atração de candidatos", comenta Luís Testa, gerente comercial da Vagas Tecnologia. "Com o aplicativo, basta criar um ícone nos moldes do 'trabalhe conosco' e, clicando nele, o candidato pode se cadastrar na vaga desejada e ser transferido para o site da empresa".

      O novo serviço será oferecido gratuitamente para 1.700 empresas que já são clientes da Vagas. Tecnisa e Peixe Urbano já estão usando o aplicativo para selecionar candidatos pelo Facebook. Em tempos de escassez de profissionais qualificados em diversas áreas, a estratégia de usar a rede para chamar a atenção para processos seletivos em aberto é também boa notícia para os fãs do Facebook, que aumentam as chances de se posicionar no mercado ao mesmo tempo em que interagem com os amigos online.

      Nos EUA, "alto, lá"!

      A cultura de atrair talentos pela rede social mais popular do mundo, que apenas começa por aqui, é motivo de controvérsia nos Estados Unidos pelos métodos pouco ortodoxos usados por algumas empresas. Em março, o Facebook ameaçou processar empresas que pedem as senhas e dados de login dos usuários que se candidatam a processos seletivos através da rede social. "Você não deve ser obrigado a compartilhar informações e interações particulares só para conseguir um emprego", disse o Facebook em comunicado, assinalando que solicitar senha dos usuários viola os termos de uso da rede social.

      Analistas americanos apontam esta conduta abusiva por parte de certos profissionais de RH como uma consequência natural, embora negativa, da maior conscientização dos usuários do Facebook sobre as opções de privacidade na rede social. Embora 13 milhões de americanos ainda as ignore, segundo a revista Consumer Report, grande parte já não tem mais perfis abertos ao público, o que dificulta que recrutadores usem a rede para fazer "background check" dos candidatos -- outra prática controversa.

      Um estudo do site Reppler, que monitora as redes sociais e fornece soluções para o gerenciamento de perfis, revelou que 91% dos recrutadores visitam os perfis dos candidatos a uma vaga de emprego. De acordo com o levantamento, realizado com mais de 300 profissionais de RH nos EUA e divulgado em outubro passado, a rede mais visitada foi o Facebook (76%), seguida por Twitter (53%) e LinkedIn (48%).

      A maioria dos recrutadores (47%) foi em busca dos perfis logo depois de receber a candidatura a uma vaga, antes mesmo de entrevistar o candidato. Quando indagados se já rejeitaram um candidato por causa de um perfil em rede social, 69% responderam que sim. O motivo mais citado foi o candidato ter mentido sobre suas qualificações (13%).

      Em segundo lugar, com 11% das respostas, foram citados: fotos inadequadas, comentários inadequados, comentários negativos sobre o emprego anterior e pobreza de linguagem. Com 10% das motivações para a recusa, foram mencionados pelos recrutadores comentários sobre o uso de substâncias ilegais e comentários preconceituosos.

      O aspecto positivo de influência das redes sociais nos processos seletivos também foi abordado na pesquisa da Reppler. Os motivos mais citados pelos recrutadores para a contratação de um candidato foram: impressão positiva da personalidade (39%), perfil criativo e que confirmava as qualificações já citadas no currículo (ambos com 36% das respostas), além de boas referências postadas por outros usuários na rede (34%).

      Recrutamento e avaliação

      "Pedir a senha do usuário é algo que está muito longe de ser uma realidade no Brasil", assegura Testa. "O RH aqui usa muito pouco o Facebook como ferramenta para analisar o candidato".

      Segundo o gerente comercial da Vagas, qualquer perfil em redes sociais, seja no Facebook ou no Twitter, transmite valores, opiniões e comportamentos, aspectos que contam no processo seletivo. Os perfis nas redes, avalia Testa, agregam informação, mas não a ponto de decidir se o candidato será ou não aprovado para uma vaga de emprego, porque a presença online não elimina os métodos tradicionais de avaliação usados no processo seletivo.

      "Uma opinião compartilhada é pública, então o que os usuários das redes sociais têm de fazer é trabalhar a informação para construir sua imagem perante a rede de conexões, seja ela pessoal ou profissional, porque as redes sociais têm essa força de construção de imagem", ressalva. "Quem está no Facebook e em outras redes pode construir ou destruir essa imagem".

      Para João Bonomo, professor de empreendedorismo do Ibmec/MG, as possíveis gafes virtuais e a falta de traquejo nas redes sociais, principalmente entre os mais jovens, que as usam com mais frequência, refletem a falta de discussão sobre o que se deveria ou não fazer, sobre o que seria apropriado postar em público ou não. E as empresas, das grandes às mais jovens startups, também ainda não sabem direito como melhor usar as informações que encontram nas redes sociais para fins de avaliação dos candidatos.

      "É uma zona muito nebulosa no Facebook e no Twitter, por isso o LinkedIn é mais forte no campo profissional e de recrutamento", comenta. "Por outro lado, a gente sabe do peso de uma foto um pouco mais indiscreta, por isso deve imperar a regra do bom senso".

      Segundo Bonomo, se é uma realidade do mercado apreciar o candidato, em variados graus, pelo que ele veste ou como se porta na entrevista de emprego, pelo que compartilha ou pelo modo como interage nas redes sociais, este é que deve ser o foco de discussão. "Se o profissional é, efetivamente, um bom candidato, não será uma foto que postou no Facebook ou a roupa que usou na entrevista que irão desmerecê-lo".

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