PT nacional: É Lacerda ou Lacerda

Minas 247 - O presidente nacional do PT, que chega hoje em Belo Horizonte para encontros políticos, dá o recado: o partido vai mesmo apoiar a reeleição do prefeito Marcio Lacerda em outubro. Para ele, não há como voltar atrás e lançar candidatura própria, como querem algumas lideranças municipais da legenda. “Não existem chances de reversão da decisão tomada”, disse Falcão, em entrevista ao jornal Estado de Minas.

Na verdade, Falcão disse, nas entrelinhas, mais do que isso. O presidente do PT sabe que a hipótese de candidatura própria está praticamente afastada no partido. Já é coisa do passado. Políticos como o ex-ministro e ex-prefeito Patrus Ananias - que chegou a ser cotado para ser um desses candidatos próprios - já abandonaram a ideia e aceitam o apoio a Lacerda.

A decisão de Rui Falcão de dar a fatura como liquidada na capital mineira significa, de fato, que o PT entrará na coligação pró-Lacerda com ou sem o PSDB. Ao 247, petistas já disseram que não descartam uma intervenção do Diretório Nacional caso algo diferente fosse aprovado no encontro municipal que ocorre domingo.

Essa é, de fato, a grande polêmica atual no partido na capital mineira. Patrus, por exemplo, já condicionou seu apoio à não entrada dos tucanos. O mesmo ocorre com o vice-prefeito Roberto Carvalho (que brigou com Lacerda no ano passado e debandou para a oposição) e com o líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Rogério Correia. Os dois últimos, a contragosto mas por disciplina partidária, aceitarão o apoio a Lacerda - mas desde que sem os tucanos na campanha. 

Leia abaixo matéria de Alice Maciel e Paulo de Tarso Lyra publicada pelo Estado de Minas:

Para o PT nacional, fatura em BH está liquidada

Não há mais o que discutir sobre o formato da aliança entre PT e PSB para reeleição do prefeito Marcio Lacerda. Esse foi o recado do presidente nacional do PT, Rui Falcão, nessa quinta-feira um dia antes de chegar a Belo Horizonte e três antes do encontro de delegados municipais do partido. Para ele, não há como voltar atrás e aprovar a candidatura própria do PT, como ainda insistem alas da legenda, como o grupo do vice-prefeito Roberto Carvalho. “A candidatura própria nem entrou em votação. Ela surgiu separadamente. Não existem chances de reversão da decisão tomada”, disse, referindo-se à resolução – que gerou várias interpretações em relação à participação do PSDB na chapa – aprovada no Encontro de Tática Eleitoral, em 25 de março.

Em entrevista logo depois da reunião da Executiva Nacional do PT, em Brasília, Rui Falcão desconversou quando perguntado se iria tratar da sucessão em BH hoje. “Estou indo para dar palestra”. A resposta sobre a polêmica foi lacônica: “A questão em Minas está decidida. Foi decidida no encontro do diretório municipal”.

Diante da falta de consenso, a escolha do candidato a vice-prefeito, que estava marcada para o encontro de domingo, foi adiada. Permanecem na mesa de negociações os nomes dos deputados federais Reginaldo Lopes (presidente estadual da legenda), Miguel Corrêa Jr., do deputado estadual André Quintão e do ex-deputado federal Virgílio Guimarães. Para tentar afunilar a discussão, Reginaldo Lopes, Miguel Corrêa Jr. e o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, se reuniram em vão, ontem, em Brasília. “Daqui a uns 15 dias devemos decidir quem será o candidato”, afirmou Reginaldo.

A opinião de Rui Falcão, entretanto, não agradou o presidente do partido em Belo Horizonte, vice-prefeito Roberto Carvalho, que mantém a expectativa de que os delegados excluam o PSDB de vez da aliança. Ele garante que os petistas vão sair divididos, como aconteceu em 2008. Pessoas ligadas a Roberto Carvalho garantem que se não conseguirem emplacar a candidatura própria não vão participar da escolha do candidato a vice.

O presidente estadual do PT disse que no encontro de domingo os delegados vão decidir, a partir da manifestação do PSB – que ainda não aconteceu –, se ela atende as reivindicações dos petistas. O que está em jogo é o posicionamento do PSB em relação à exigência dos petistas de indicarem o vice-prefeito e à participação da legenda na chapa de candidatos a vereador. Segundo Reginaldo Lopes, a presença dos tucanos na chapa não será discutida. “Nós não queremos o PSDB, mas não é problema nosso. O ideal seria que os tucanos não participassem, mas já é público que eles foram convidados. Se o PSB confirmar a vice e a chapa de vereadores, ele já atendeu plenamente as nossas reivindicações”, disse.