Quer engravidar? Melhor se abster de álcool também no período anterior à fecundação
Por: Cécile Thibert – Le Figaro
Pesquisas recentes indicam que o consumo de algumas doses durante a semana não parece afetar a fertilidade. Apesar disso, vários países recomendam a abstinência de álcool nos meses que antecedem a gravidez.
É ponto pacífico que a mulher deve se abster de bebidas alcoólicas durante todo o período da gravidez. Mas haviam dúvidas, até há pouco, sobre os efeitos do consumo dessa substância sobre a fertilidade nos meses que antecedem uma gravidez. Como os estudos sobre o consumo de álcool no período em que o casal tenta engravidar, feitos na Nova Zelândia, Austrália, Canadá, China e Dinamarca, mostraram resultados contraditórios, as autoridades desses países optaram pela prudência e recomendam às mulheres que desejam engravidar a que evitem bebidas alcoólicas. Numerosas mulheres em idade de procriar bebem regularmente: quase um terço das dinamarquesas com idade entre 16 a 34 anos bebem uma média de sete copos por semana, ou mais; nos Estados Unidos, 18% das mulheres entre 18 e 44 anos se entregam quatro vezes por mês à prática do “binge drinking”, que consiste em beber muito (pelo menos quatro doses) em pouco tempo.
Para verificar se, quando uma mulher bebe, a sua fertilidade se ressente, pesquisadores do setor de epidemiologia do Hospital Universitário de Aarhus (Dinamarca) e da Escola de Saúde Pública de Boston (Estados Unidos) conduziram um estudo com amostragem de mais de 6 mil mulheres dinamarquesas com idade entre 21 e 45 anos, todas elas vivendo em situação marital e desejando ter um filho. As participantes tiveram de preencher um questionário duas vezes ao mês, durante um inteiro ano, ou até o momento em que ficaram grávidas. Mais precisamente, elas deviam informar o número de copos de bebida alcoólica tomada durante a semana, o tipo de álcool consumido, a frequências das relações sexuais, o consumo de tabaco e também o estado do seu ciclo menstrual. NO total, 4210 mulheres (69%) engravidaram ao longo da pesquisa.
Entre as participantes, 1848 não bebiam álcool, 4197 bebiam entre um e 14 copos por semana, e 75 consumiam ainda mais. Os resultados, publicados a 30 de agosto último no British Medical Journal, mostram que o consumo de mais de 14 copos de álcool por semana está conectado à uma queda de 18% da fertilidade em relação à abstinência. Por outro lado, o estudo mostra que, se o álcool é consumido com moderação (de um a sete copos por semana) ele não afeta os índices de fertilidade. Os pesquisadores admitem no entanto que as mulheres que faziam parte do grupo que consumia mais álcool representava apenas 1,2% de todas as participantes, o que fragiliza a solidez dos seus resultados.
O tema concerne também os homens
“Esse estudo prova que a abstinência total não é necessária em absoluto para otimizar as chances de concepção. A decisão de consumir ou não bebidas alcoólicas é de foro íntimo e deve ser tomada pelas próprias mulheres”, comenta Annie Britton, uma epidemiologista do University College London, em um outro artigo publicado na mesma revista. Ela frisa que a decisão de consumir álcool quando queremos engravidar traz também o risco de se beber no próprio início da gravidez, quando a mãe ainda não sabe que está grávida (quase três semanas são necessárias para que ocorra a implantação embrionária e o diagnóstico da gravidez).
“O consumo de álcool do parceiro também deve ser levado em consideração”, deixa claro Annie Britton, que deplora que este dado, que sem dúvida influencia os resultados, não tenha sido levado em consideração pelos pesquisadores. O professor Bernard Hédon, presidente do Colégio Nacional de Ginecologistas e Obstetras da França, lembra que “um consumo excessivo de álcool pode repercutir sobre a fertilidade, particularmente para os homens”, e que uma diminuição pode permitir a melhora da qualidade do esperma.
“Já que ficar grávida pode tomar algum tempo, uma mulher pode preferir continuar a beber durante esse período, prossegue Annie Britton. Mas é mais sábio eliminar práticas como o “binge drinking”, tanto para se evitar uma eventual perturbação do ciclo menstrual, mas também por causa do potencial prejuízo que o álcool pode causar ao feto no início da gravidez”. A médica recomenda igualmente aos dois parceiros que formam o casal para que reduzam o seu consumo de álcool em caso de dificuldades para conceber: “A moderação é a chave do sucesso”, diz. Nos países desenvolvidos, até 24% dos casais vivem o drama da infertilidade, ou seja, mais de doze meses são necessários para que uma fertilização aconteça.
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