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“Quero romper a mesmice”

A frase é do artista plástico Jaime Prades, que tem os olhos atentos para as belezas das ruas; ele já expôs suas obras nos principais museus de SP e agora se prepara para divulgar, a partir de 12 setembro, a mostra "Parede s/ parede"; leia a entrevista com o artista

“Quero romper a mesmice” (Foto: Edição/247 )
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Aline Oliveira _247- O artista plástico e gráfico Jaime Prades tem os olhos atentos para tudo que está na rua. Aqueles materiais abandonados e sujos viram, em suas mãos, peças de artes que transpiram a realidade humana.

A visão apurada para a arte de rua foi adquirida há tempos por Jaime. Nos anos 1980, o artista, que também é ilustrador e designer, integrava um grupo de arte urbana, que o ajudou a “desinstalar a repressão da alma”, como ele próprio diz. Aliás, abrir a mente para a arte é uma das principais pregações do artista, que acredita que estamos criando pouco e sendo uniformes demais.

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É por esse motivo que Jaime (que já teve suas obras expostas no MAC, MASP, Pinacoteca, MIS e em galerias de Tóquio) irá expor, a partir de 12 de setembro, a mostra "Parede s/ parede", no ateliê galeria Priscila Mainieri, localizado na Vila Madalena, zona oeste da cidade. A exposição fica em cartaz até 6 de outubro e traz mais de 50 peças inéditas de Jaime.

O 247 conversou com a artista sobre a mostra e sobre arte. Leia a entrevista.

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247- Quantas peças serão expostas?
Jaime Prades - Estes trabalhos ao contrário da maioria da minha produção são em pequenos formatos.Serão por volta de 50 obras. Para entrar na exposição o público terá que desviar-se de uma grande pedra de granito. Ela está colocada exatamente no meio da porta. Também vou mostrar uma nova escultura em ferro oxidado de um dos meus personagens "Os pacificadores", e a "graça" que é uma garça. Além delas devo mostrar algumas pinturas sobre lonas usadas, três recortes em ferro e resina e uma escultura com madeiras de rua.

247- São peças feitas durante todos os seus 30 anos de carreira ou você selecionou de algum período?
JP - Todas são obras inéditas a maioria recém saída do forno. Vou continuar fazendo até o dia da exposição.

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247- O que você levou em consideração para selecionar as peças que serão expostas?
JP - Apresento a série dos "Brutos"que além de uma referência é uma reverência a arte "Brut". A arte dos ungidos, dos intuitivos, dos simples, dos autodidatas, dos artistas populares, é uma grande fonte de inspiração para mim. Essa arte que surge por um ímpeto inexplicável e incontrolável.  Graças a artistas como Jean Dubuffet, Calder e Picasso entre outros, que resgataram o universo simbólico das profundezas da memória coletiva recriando símbolos empapados de ancestralidade que o nosso repertório imaginário se reconectou com as fontes primordiais.

247-Por que trabalhar com arte de rua?
JP- Desde os anos 80 quando participei do grupo de arte urbana Tupinãodá que a cidade, o espaço público, é o centro da reflexão artística do meu trabalho. Nessa época, fim da ditadura militar, fazer arte nas ruas era desinstalar a repressão das nossas almas. Era um grito contra a mesmice uniformizada e monocromática dos inimigos da inteligência que massacraram a criatividade e liberdade durante 20 anos no Brasil. 
Atualmente, principalmente a partir de 2007, que minhas ações artísticas tentam contribuir com a reflexão sobre a fragilidade da nossa identidade cultural que se manifesta no descuido generalizado de tudo o que é comum. O meio ambiente urbano brasileiro revela a crise ecológica das cidades e a contaminação das relações sociais – sem mecanismos de proteção ao bem comum – se reproduz sem limites na contaminação de todos os fluídos vitais: as águas, os solos, os ares e na cultura predatória de destruição da natureza. O desprezo pela vida transforma a nossa pobreza em miséria. Penso que vivemos uma patologia social grave onde o desperdício e a carência vivem lado a lado. Hoje, minha motivação ao interferir no espaço público, leva-me a plantar sementes poéticas em meio a esse cenário cultural desolador.

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247- Qual é sua intenção com a exposição?
JP- A minha motivação com a arte é a vida. Criar algo inusitado que nasce na imaginação e pelo fazer artístico se materializa. A obra é um convite ao observador atento de atravessar a ponte no sentido contrário. Inspirar, oxigenar e poetizar. Romper a mesmice ‘desenergizadora’ e obediente. Provocar, reunir, fortalecer nossa identidade cultural. Valorizar a arte e os artistas.Estimular a todos a buscarem os seus talentos para mantê-los vivos.Vivemos numa cultura que mata o talento. As pessoas que perdem seu talento ficam escravas do talento do outro. Procuram nas personalidades artificiais e nos líderes fantoches aquilo que elas perderam. São facilmente manipuladas. Redescobrir-se artista é libertar-se de qualquer dependência externa. A arte está dentro de cada um.

247- O que fazer para fugir disso?
JP- Eu digo: não deixe de exercitar aquilo que você tem de melhor! Pratique seja lá o que for. Seu violão, suas poesias, sua prosa, seu humor, seu desenho, pintura... Ocupe o seu tempo com a sua força expressiva vitalizante e desligue a TV. Feche as torneiras para o lixo mental que subestima e empobrece a sua vida, desqualificando a sua existência. A arte qualifica, dá sentido, foco, alegria e traz felicidade para a comunidade.

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Serviço
"Parede s/ parede", do artista plástico Jaime Prades
De 12 de setembro até 6 de outubro
Local: Ateliê galeria Priscila Mainieri
Endereço: Rua Isabel de Castela, 274 Vila Madalena - São Paulo
www.ateliepriscilamainieri.com.br 

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