Risco de acidente estradal. Guiar fatigado é o mesmo que guiar bêbado

Por: Damien Mascret – Le Figaro Santé

Cada hora de sono faltante aumenta o risco de se provocar um acidente grave. Esta é a conclusão de um estudo inovador feito nos Estados Unidos por uma fundação que se dedica à segurança rodoviária (AAA Foundation for Traffic Safety). Já se sabia que a fadiga enfraquece e dilui os reflexos, aumentando o tempo de reação, mas esta é a primeira vez que pesquisadores quantificam com precisão os riscos de acidente estradal em função do tempo de sono nas 24 horas precedentes.

O estudo pode ser realizado graças a um banco de dados de abrangência nacional (NMVCCS, National Motor Vehicle Crash Causation Survey) que fez o censo de uma amostragem bem significativa dos relatórios de acidentes elaborados pela polícia norte-americana entre julho 2005 e dezembro 2007 e que tiveram necessidade de intervenção dos serviços médicos. No total, foram considerados 4571 acidentes sérios implicando 3579 condutores responsáveis pelo acidente  e 3655 implicados não responsáveis pelo sinistro.

O risco de dormir ao volante é maior quando conduzimos na madrugada

A base de dados do NMVCCS descartou os acidentes ocorridos entre meia-noite e 6 horas da manhã, de modo que é preciso considerar que se trata de uma estimativa baixa do aumento do risco ligada à falta de sono. Sabe-se que o risco de dormir ao volante aumenta quando conduzimos na madrugada ou ao amanhecer, momentos nos quais os ritmos biológicos levam o corpo a adormecer. Os condutores responsáveis ou simplesmente implicados no acidente foram interrogados a respeito da quantidade de horas que dormiram nas 24 horas precedentes ao acidente, incluindo também as eventuais siestas de pelo menos 30 minutos, bem como sobre a duração habitual das suas noites de sono.

Dobram os riscos de acidentes

Os resultados indicam que sete horas de sono constituem o mínimo recomendável para todos os adultos que deverão dirigir veículos.

Revelam também que, para os condutores responsáveis pelo acidente, o risco dobra quando eles dormiram apenas entre 5 e 6 horas, o que equivale ao risco de ter um acidente quando se conduz com 0,8 g no sangue! Para menos de 4 horas de sono o impacto é ainda mais espetacular, pois o risco aumenta 10 vezes, ou seja, o mesmo risco de quando um condutor tem de 1,2 a 1,5 5 de alcoolemia.

Testes em laboratório já tinham demonstrado com o uso de simuladores uma evidente queda na performance do condutor quando ele se encontra fatigado. A partir de 18 horas e meia de estado de vigília, a performance equivale a 0,5 g de alcoolemia  e, para 21 horas de vigília, vamos encontrar uma baixa da performance ao volante similar a uma taxa de alcoolemia de 0,8g.

Na França, segundo o balanço de acidentes estradais ocorridos durante o ano 2015, “praticamente um acidente mortal de cada quatro (24%) deveu-se ao fato de um dos condutores estar tomado por um estado de sonolência ou de fadiga.

Se sabemos portanto que é preciso evitar o álcool quando pegamos no volante, o atual estudo tem o mérito de nos lembrar que é necessário dormir bem antes de sair para uma longa viagem de carro. E também é preciso ter sempre em mente que temos de parar e descansar quando o desejo de dormir aparece. Até mesmo uma soneca de vinte minutos possibilita uma recuperação. Mas apenas durante algumas dezenas de quilômetros...