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      Rodoviários denunciam sindicato da categoria

      Divisão entre trabalhadores rodoviários de Porto Alegre ficou publicamente exposta nesta terça-feira, com um protesto que criticava o sindicato da categoria por, segundo eles, ser aliado das empresas de ônibus e da Prefeitura da capital; motoristas realizaram a 'Operação Tartaruga': não ultrapassavam a velocidade de 30 km/h na condução dos coletivos

      Rodoviários denunciam sindicato da categoria
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      Samir Oliveira _Sul 21

      A divisão existente entre os trabalhadores rodoviários de Porto Alegre ficou publicamente exposta nesta terça-feira (19). Um grupo dissidente do sindicato da categoria organizou um protesto para denunciar a atuação da entidade. Os integrantes desse movimento alegam que o sindicato é um aliado das empresas de ônibus e da prefeitura.

      Na manhã desta terça-feira, este grupo realizou a chamada Operação Tartaruga, na qual os motoristas não ultrapassavam a velocidade de 30 km/h na condução dos coletivos. O protesto ocorreu das 7h às 9h e estava previsto para acontecer novamente das 17h às 19h, mas uma decisão judicial impediria sua realização. Segundo a EPTC, a Operação Tartaruga não ocorreu durante a tarde.

      A mobilização gerou revolta por parte da população. Alguns passageiros chegaram a quebrar janelas de um veículo da linha Restinga, pertencente à empresa STS. Na avenida João Pessoa, se formou uma imensa fila no corredor de ônibus e muitas pessoas desceram dos coletivos.

      Na avaliação de um dos articuladores do ato, o motorista da Carris Luís Afonso Martins, a categoria conseguiu mandar o seu recado. "Os trabalhadores que aderiram ao movimento têm consciência da responsabilidade de se fazer o enfrentamento a um sindicato que não nos representa. Queremos denunciar o envolvimento sério do sindicato com os patrões", critica.

      De acordo com Luís Afonso, que também é diretor da CUT-RS e membro do Conselho Municipal de Transporte Urbano, os dirigentes sindicais fraudaram a assembleia realizada no dia 22 de janeiro, quando foi aprovada a proposta patronal de conceder 7,5% de reajuste à categoria. O grupo dissidente alega que o sindicato – filiado à Força Sindical – levou pessoas que não pertencem à categoria para votar. Na ocasião, o encontro terminou em briga física entre as alas.

      Eles rejeitam o acordo aprovado pelo sindicato porque entendem que a discussão a ser feita vai além da reposição salarial. A principal demanda deste grupo é a redução da jornada de trabalho para 6h. Atualmente, a jornada oficial é de quase 8h, mas os trabalhadores alegam que, com os intervalos de até 4h, a jornada chega a 11h diárias. "Nosso movimento irá continuar até que esse impasse se resolva. O dissídio está em aberto e queremos discutir a jornada de trabalho, o fim dos intervalões e dos bancos de horas", explica Luís Afonso.

      Na avaliação do dirigente, as reivindicações que motivam a Operação Tartaruga beneficiam a população. "Queremos que os usuários entendam que, assim como eles, nós também somos vítimas de um sistema caótico, obsoleto e ultrapassado. Eles sofrem pagando uma passagem cara por um transporte péssimo. Nós sofremos por trabalhar em péssimas condições", compara.

      EPTC coloca guinchos a postos para retirar veículos utilizados no protesto

      Após a realização da Operação Tartaruga no início da manhã desta terça-feira (19), a EPTC colocou quatro guinchos de prontidão para retirar os veículos que pudessem aderir à nova manifestação programada para o final da tarde – que, de acordo com a própria EPTC, acabou não ocorrendo. O diretor-presidente da empresa, Vanderlei Cappellari, qualifica o protesto dos rodoviários como "um movimento de dissidentes que querem tumultuar o processo de dissídio coletivo".

      Cappellari explica que a legislação municipal e o Código de Trânsito preveem punições caso os motoristas atrasem deliberadamente as viagens ou bloqueiem as ruas. A EPTC irá encaminhar as imagens de vídeo que registraram o protesto no final da manhã às empresas que detêm o serviço de transporte coletivo na cidade. "A penalização é sempre à empresa. Através de seu modelo administrativo, a empresa responsabiliza seus funcionários envolvidos", explica o presidente da EPTC.

      Justiça determina multa de R$ 100 mil se protesto voltar a ocorrer

      O Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressou com uma ação exigindo a proibição da Operação Tartaruga em Porto Alegre. De acordo com a procuradora Beatriz Junqueira Fialho, autora da ação, o "transporte coletivo é um serviço público essencial e cabe ao MPT zelar por ele, promovendo as medidas necessárias à sua garantia".

      O Tribunal Regional do Trabalho acatou o pedido de liminar nesta terça-feira (19) e fixou uma multa de R$ 100 mil caso a mobilização voltasse a ocorrer – como estava previsto entre as 17h e as 19h. O valor seria cobrado do sindicato da categoria, que é contrário ao ato realizado pelo grupo opositor.

      "O sindicato profissional é o representante dos trabalhadores. A categoria é única. Se há uma disputa interna, é algo que tem que ser resolvido entre as partes ou judicialmente. Quem responde pelos atos da categoria é o sindicato", justifica a procuradora.

      Para Emerson Dutra, diretor de Divulgação e Propaganda do sindicato, a entidade tem deixado bastante claro que não compactua com a Operação Tartaruga. "Esse movimento não tem nenhuma relação conosco. É organizado por uma ala da CUT, do CPERS e do PSOL. Estão fazendo vandalismo", denuncia.

      Estava previsto para ocorrer nesta semana assembleias nas garagens de ônibus onde os trabalhadores poderiam optar por referendar o reajuste de 7,5% ou negá-lo. O acordo havia sido costurado entre os sindicatos da categoria e das empresas, a comissão composta pelos integrantes da oposição interna e o MPT. Entretanto, o sindicato patronal disse que os trabalhadores não cumpriram o acordo e se retirou da negociação, impedindo que as votações ocorressem.

      A prefeitura alega que os trabalhadores ligados à CUT desejavam modificar as cédulas de votação. Isso porque, caso o rodoviário optasse pelo "não", ou seja, negasse o reajuste de 7,5%, o dissídio seria decidido judicialmente. No entendimento do grupo de oposição, isso faria com que as negociações recomeçassem do zero e eles queriam expressar isso nas cédulas.

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