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    Rodrigo Santoro será Protógenes no cinema

    Mas ele no ser exatamente um mocinho; o policial atua margem da lei para prender quem ele define como bandido; qualquer semelhana com a realidade, diz o cineasta Jorge Furtado, mera coincidncia

    Rodrigo Santoro será Protógenes no cinema (Foto: Agência Estado / Agência Brasil)
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    247 – Imortalizado pela Operação Satiagraha, o ex-delegado e hoje deputado federal Protógenes Queiroz conquistou o olimpo da brasilidade: sua nada incontroversa saga agora vai ser vivida por ninguém menos, na telinha da Globo, que Rodrigo Santoro.

    Trata-se do noviciado da Globo numa área até então inexplorada pela emissora, o telefilme. "Homens de Bem” terá sua uma hora e vinte minutos, sob a batuta de Jorge Furtado ("Saneamento Básico").

    O novo formato, bem no estilo e forja de Aguinaldo Silva, é um mélange, um mata-borrão que tenta absorver casos de repercussão nacional. Apresuntados de tal forma que figuras constantes da primeira página dos jornais se mesclam, de dar inveja ao Frankenstein de Mary Shelley. Nesse pélago de corta e cola, advogado tenta corromper deputado, delegado usa arapongas ilegais para tentar catapultar suas sondagens. Santoro interpreta, nesse novo formato Global, o espião Ciba, que vive nas frestas da lei – costuma prestar servicinhos "extraoficiais" para a Polícia Federal.

    Segundo o ator, "um herói que não é mocinho", disposto a fazer "o que for preciso para colocar os maus na cadeia". E quem decide quem são os homens maus é ele. Ciba é chamado por um delegado para armar um flagrante que pode levar à cadeia César (Guilherme Weber).

    Esse empresário quer subornar um deputado federal, e o espião é implantado pela PF para entregar a mala de dinheiro. Mas a confusão começa com a aparição de outra equipe policial, na cola do mesmo deputado.

    O diretor Jorge Furtado ressalta o letreiro no começo da atração: "Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência". Para Furtado, o público não rejeita Ciba, um sujeito "meio amoral e apolítico". O personagem de Santoro corresponderia a uma categoria vitoriosa na dramaturgia moderna. "Herói bonzinho não convence muito mais", diz o diretor.

    Nesse sentido, Ciba frequenta o mesmo clube de "bad boys" que o publicitário Don Draper ("Mad Men"), o mafioso Tony Soprano e o serial killer Dexter. "Todos são, de alguma maneira, anti-heróis. E você acaba torcendo por eles."

    Saiba você que Rodrigo Santoro vai ser um personagem dubitativo, que a todo momento, a exemplo do conde Afonso Celso, pergunta-se “Por que me ufano do meu eu?”. Nesse sentido, Santoro é calça e bunda do Protógenes da vida real: que parece ter uma predileção pela prática da auto-perenização. Quando por exemplo o delegado corregedor da PF, Amaro Vieira Ferreira, confiscou seus computadores, encontrou ali o capítulo de uma auto-biografia, de autoria inconfessa, em que Proto vende-se como “A lenda”. Aliás, no novo filminho, Santoro também é perseguido por um corregedor que lhe expõe ao osso as falcatruas inconfessáveis – e inconfessadas.

    Falta saber se nas peripécias da nova série não aparecerá, de chofre, uma outra figurinha pública que tantas pontas fez no espetáculo da recente história da brasilidade: trata-se da entidade “advogado de bem”. Figura notória do cenário nacional, o advogado de bem em geral faz nome conectado à nobre causa dos direitos humanos. Mas, uma vez no poder, conecta-se a policiais federais para cumprir o que, derrisoriamente, as entidades republicanas passaram a chamar de “operação mala branca”: que é nada menos do que ganhar muito dinheiro, por fora, cumprindo a lei.

    A Globo não deixa pistas, por ora, se o personagem vivido por Santoro, ao final, vai virar deputado federal às custas da mega-votação obtida por um palhaço. Além de se eleger deputado federal em São Paulo com a maior votação em todo o Brasil, Tiririca (PR) catapultou mais três candidatos de partidos que formam a coligação, de acordo com o quociente eleitoral: Otoniel Lima (PRB-SP), Vanderlei Siraque (PT-SP) e o mais notório de todos, Protógenes Queiroz (PCdoB). Proto foi eleito com 94.906 votos (0,45% dos votos válidos). Otoniel obteve 95.971 votos (0,45%) e Siraque, 93.314 (0,44%). Tiririca foi votado por 1.353.820 eleitores (6,35%). Proto, como se vê, deve ao rabo do cometa eleitoral do palhaço a sua sagração na deputança.

    Será que na telinha Santoro será também eleito?

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