São Paulo recebe 1ª mostra de Walter Firmo
Mais de 20 imagens do fotógrafo estão expostas na Ímã Galeria; por R$ 6 mil colecionador pode levar uma imagem para a casa; leia crônica de Walter sobre a mostra e veja vídeo
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247- Um carioca suburbano, com alma de poeta e sensibilidade para fotografar a angústia alheia. É assim que podemos definir Walter Firmo, um dos mais importantes fotográfos brasileiros, responsável por captar célebres momentos de outras personalidades notáveis de nossa cultura, como Pixinguinha, Chico Buarque e Tom Jobim.
Pela primeira vez, a cidade de São Paulo tem o privilégio de abrigar uma exposição de Walter Firmo e reponsável por esse feito é o curador Egberto Nogueira que trouxe para a Ímã Galeria (localizada na Vila Madalena) a mostra "Luz em corpo e alma", que reúne 26 imagens do fotógrafo. "Cada uma das imagens une a beleza plástica a uma grande carga afetiva. São imagens que ele tem muito carinho e escolheu especialmente para esta coleção", diz Egberto. " Conhecemos o Walter desde 2005 e sempre queríamos trazer uma exposição dele para cá. Por isso, está sendo um sonho", conta Carla Meira, ao 247.
Entre as imagens, há fotos em cores quentes e frias, e retratos históricos em preto e branco, como uma imagem de Pelé numa perna, e de Tom Jobim empunhando uma flauta mágica em sua casa na Gávea no Rio de Janeiro.
Quem visitar a exposição pode levar uma preciosidade para casa. Isso porque a Ímã Galeria irá comercializar, ao custo de R$ 6 mil, fotos de Walter impressas em papel fineart "Professional Cotton Paper 305g/m²" da Hahnemuhle, impressas em 12 cores na impressora HP 23300 Alemã. Quem entende de fotografia sabe que trata-se uma folha especial, mas mesmo aqueles que não conhecem o ramo entenderão a grandiosidade do material. Cada foto terá a tiragem de 20 cópias e será impressa na própria galeria.
Exposição Walter Firmo - LUZ EM CORPO E ALMA
Local: Ímã Foto Galeria
Endereço: Rua Fradique Coutinho, 1.239
Fones: 3816-1290. 2ª a 6ª, 10 h/ 19 h; sáb., 10 h/ 17 h.
Grátis.
Leia crônica de Walter Firmo sobre a exposição
CRÔNICAS DE UM CORAÇÃO SUBURBANO
Esta pequena e singela introdução é um documento envolvido em pergaminho fruto das andanças infantis por esses lugares enobrecidos na paisagem de uma constelação carioca mágica onde as pessoas simpáticas e ordeiras se abraçam no afeto de si mesmo.Talvez minha visão humanística desse residual no meu trabalho tenha profunda influencia nas transparências imagéticas que perpetuo, talvez o brilho e a incansável repetição calcada no lirismo e plasticidade sejam frutos dessa primeira existência no seio desse povo.
Então, este magnetismo, esse ritual, esse exercício de poder exaltando os mais fracos, humilhados e ofendidos, exorcizam a razão vital desta estrada animadamente colorida quando as pessoas se engalanam na pura magia, transcendendo o orbital da tristeza lançando-se de corpo e alma no espaldar da alegria.
Esta exposição reluz aos meus olhos como um canto do poeta.É lá que bailam os artista sem presunção e nome, a maioria deles trabalham incógnitos no colo do silencio aguardando apenas, o ribombar de um repinique, de um tambor ou tamborim.Tem também as festas folclóricas, religiosas, traduzidas na espiritualidade.E, este “mulatinho do Irajá”, como maravilhado me identifico, híbrido de José e Maria ---meus pais---desde a metade da década de 50 fotografo a comunidade negra brasileira, prestando serviço a uma causa social que considero insuspeita, trabalhando esta sociedade na mudez de um monge, sem nenhum alarde, induzindo orgulho, altivez e dignidade aos negros brasileiros.
Lapidado no fotojornalismo, subverti o estabelecido criando pontos de vistas conceituais quanto a verdade fotográfica.Escapei de uma ingenuidade visual, introduzindo um ver que interrompesse o linear cotidiano, criando situações onde o real se desajustasse, sugerindo ao espectador reflexão imediata sobre a realidade exibida e sobre o próprio ato de fotografar.
O que poucas pessoas sabem é que comecei a fotografar com preto-e-branco, majestade nas graduações dos cinzas, base delirante discurso do retrato, onde se provém para muitas pessoas a verdadeira fotografia, àquela que se destitui da facilidade cromática, ou por si só, reúne uma vanguarda nada submissa a banalidades e, sim, colhida de um esteio reprodutivo quando o surreal é um manifesto e o enxerto memorial é uma soberba.
Na verdade o ritual do preto-e-branco é para mim uma concessão mais consentida cerebralmente celebrando um pensamento físico sobre a metalinguagem, e outros resíduos que aflorem certa expectativa das indagações.A irrealidade de seus contornos traduzem muitas vezes uma ação mais delirante que emotiva o subconsciente.
No mais, um porto de festas para os meus olhos.
Walter Firmo
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