Secretário de Marconi ameaça Lula. Desespero?

Goiás 247 – Seria motivo de espanto se alguém hoje, em sã consciência, avisasse que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é uma alternativa presidencial para 2014. Apesar do PSDB ter alternativas de menos, no momento, o tucanato esforça-se para tentar salvar o mandato do governador goiano, diante das denúncias cada vez mais evidentes de envolvimento de Marconi com o chefe da contravenção Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Porém, há sim ainda quem fale em Marconi para 2014. O secretário de Relações Institucionais do governo goiano, Daniel Goulart (PSDB). No microblog twitter, Daniel faz até mais do que isso. Ele dispara, em tom de ameaça: “Lula cutucou Marconi Perillo com vara curta, agora aguenta... 2014 vem aí”. O post, acreditem, é de sábado, 28, após Marconi emplacar a manchete do jornal Folha de S. Paulo com informação de que Carlinhos Cachoeira mandou entregar dinheiro ao governador e depois, ainda, de o 247 divulgar com exclusividade a íntegra do relatório com informações que o deixam em situação de sério questionamento – para se dizer o mínimo.

As bravatas de Daniel Goulart são corriqueiras. Quem lê o perfil dele no twitter (@danielgoulart), nota que ele enxerga participação do ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) com Cachoeira, mas não vê ligação nenhuma do seu chefe e dos principais auxiliares do governo com o esquema do contraventor.

Durante a semana, Goulart já havia destilado veneno para o lado do ex-presidente Lula. Primeiro informou: “Presidente Lula desembarca nessa quarta em Brasília, disposto a estimular o PT e a base aliada do governo federal a bombardear governador”. Em seguida, tascou: “Não somos nós do PSDB que dizemos, é a imprensa nacional que diz. Fica claro o ódio de Lula para Marconi, que denunciou o mensalão”. Sim, Marconi já virou o denunciante do mensalão. Coisa para Roberto Jefferson ficar com ciúme. Mas não Daniel Goulart parou aí. Ele afirmou ainda que “por causa desse ódio o ex-presidente sempre quis prejudicar Marconi e prejudica Goiás”.

Daniel Goulart não explica como Lula prejudicou Goiás. Além de vir a Goiás inaugurar rodovias, casas populares, centros educacionais e supervisionar obras da Ferrovia Norte-Sul, Lula também costurou acordo para salvar a Celg (Companhia de Energia de Goiás), atolada em uma dívida bilionária. Acordo que só não foi finalizado porque o governador Marconi Perillo, recém eleito, no final de 2010, ameaçou não cumprir o acordo. Marconi não aceitava que o então governador Alcides Rodrigues (PP), seu desafeto – como ele diz ser de Lula –, resolvesse a questão. Detalhe: na semana passada, a Celg assinou acordo e teve a gestão repassada à Eletrobrás. Em resumo: Goiás perdeu o comando da empresa. Coisa que não aconteceria com o acordo costurado por Alcides.

Daniel Goulart há anos lamenta-se porque o lugar de Marconi Perillo poderia ter sido ocupado por ele. Os dois são próximos desde a juventude. Cabe a ele, porém, desde 1998, quando da ascensão do tucanato ao poder em Goiás, papel de coadjuvante – embora coadjuvante com autoridade para falar em nome do chefe.

Goulart chegou à Assembleia pela primeira vez em 2002 com apoio do governador, à época candidato à reeleição. Foi reeleito em 2006. Com Marconi fora do governo, em 2010, nem tentou nova reeleição.

Uma passagem que demonstra como é Daniel Goulart ocorreu no final de 2004. Ele tinha a convicção de que seria eleito presidente da Assembleia Legislativa com respaldo de Marconi. Uma articulação mais bem executada, porém, tirou-lhe o comando da Casa. No dia da eleição, durante o desfecho da votação, Daniel se pôs a chorar em plenário como se tivessem lhe tomado um brinquedo.

Hoje Goulart é um secretário que responde quem critica o governo e que critica quem é desafeto do governador. Secretário de Articulação Institucional do Governo do Estado de Goiás. Lula é o alvo escolhido pelos tucanos para justificar os problemas enfrentados por Marconi Perillo. Atacam o ex-presidente por este ter, diz o secretário, cutucado Marconi. Pois é. Agora aguenta. Mas quem aguenta?