Seja dono do seu próprio negócio

Luciane Macedo _247 - Com a economia aquecida e a confiança de que ela continuará forte, longe dos efeitos da crise internacional, ter independência financeira e se emancipar do chefe soma-se, cada vez mais, aos planos do brasileiro. Seis entre cada dez jovens da nova classe média, com idades entre 18 e 35 anos, querem ser donos do próprio negócio, e sete sentem-se preparados para concretizar esse objetivo. É o que constatou a pesquisa "Dez anos da Classe Média", divulgada na semana passada pelo Data Popular.

Segundo o instituto, a pesquisa revela, mais que números, uma mudança de paradigma: o brasileiro da nova classe média está cada vez menos interessado na antiga ideia de segurança proporcionada por um emprego com carteira assinada. Seu desejo, agora, é por emancipação financeira, que ele espera concretizar abrindo o seu próprio negócio. E uma das vias mais buscadas para a realização desse novo anseio é o setor de franquias, que registrou crescimento acima das expectativas no ano passado (20,4%), especialmente no segmento de alimentação, e deve fechar 2011 realizando expansão similar. As opções são inúmeras, para todos os gostos e bolsos. Ser dono de uma unidade franqueada não requer experiência e oferece menos risco para quem nunca teve seu próprio negócio.

Poucas oportunidades oferecem tudo o que vem no pacote do franqueado: possibilidade de escolha entre diversos segmentos de atividades no varejo e em serviços, estudo completo de viabilidade do negócio, incluindo todo o planejamento financeiro, além de treinamento e o know-how de grandes marcas já estabelecidas no mercado. A rede de franquias fornece, antes e depois da assinatura do contrato com o novo franqueado, as ferramentas necessárias para que o negócio decole. "O resto é trabalho e dedicação", diz Claudia Bittencourt, diretora-geral do Grupo Bittencourt, consultoria especializada em franquias, licenciamentos e expansão de negócios. "A única expectativa que o novo franqueado não deve ter é de que a franquia faça tudo por ele".

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Segundo Claudia, o primeiro passo para o sucesso é identificar um segmento com o qual o futuro franqueado mais se identifica. "Ninguém consegue trabalhar sem ter afinidade com o negócio", ensina a especialista. "Depois, é preciso que a pessoa avalie quanto tem de capital para investir". O investimento inicial pode ser inferior a R$ 50 mil, caso das microfranquias, até meio milhão ou mais. Nesse montante, estão incluídos o capital necessário para a instalação da nova unidade franqueada, a taxa de franquia e o capital de giro. "Também é importante saber se a empresa de franquia está no sistema há bastante tempo, se é uma marca consolidada no mercado".

O site da Associação Brasileira de Franquias (ABF) é um bom lugar para começar essa procura de forma segura. O Grupo Bittencourt também mantém na internet o portal Sua Franquia, onde é possível encontrar boas oportunidades pesquisando por palavra-chave, segmento ou faixas de valor de investimento. A pesquisa inicial é importante porque nem sempre o interessado poderá abrir a franquia de sua escolha, no local desejado. "Há um processo de seleção e as franquias mais procuradas têm uma lista de espera", diz Claudia.

O processo de seleção leva de dois a três meses, em média. Durante esse período, serão apresentadas planilhas com dados de viabilidade do negócio e projeções, que vão dizer em quanto tempo o franqueado poderá ter o retorno do capital investido e começar a realizar o tão sonhado lucro. "É normal não ter um fluxo de caixa positivo nos primeiros meses", avisa Claudia. "Mas o franqueado não deve entrar no negócio com uma expectativa errada", diz a especialista, ressaltando a importância do estudo financeiro prévio. Segundo a diretora-geral do Grupo Bittencourt, o retorno financeiro se realiza em dois ou três anos, em média, a depender do tipo de franquia. Alguns setores proporcionam um retorno mais rápido, como o de alimentação, que foi o que mais cresceu em 2010, de acordo com a ABF. Outro aspecto que não deve ser ignorado pelo futuro franqueado é a cobrança de taxas de royalties e de propaganda, que incidem sobre o faturamento bruto da franquia. "As taxas variam muito de um setor a outro, mas, em geral, situam-se entre 2% e 15%".

O valor do investimento ou o tamanho das instalações são influenciam, necessariamente, no sucesso do negócio. "Existem franquias que, pela própria característica do setor, exigem um espaço maior para que haja retorno financeiro, como uma loja de móveis ou uma academia", explica a especialista. "Em outros segmentos, o sucesso é mais proporcional ao ponto de localização da franquia, é o caso do setor de alimentação", assinala. "Um quiosque bem localizado em um shopping pode ser tão lucrativo quanto um espaço maior em outro ponto".

Antes de fechar negócio, também é recomendado que o interessado visite unidades franqueadas. "A decisão deve ser consciente", diz Claudia. "A pessoa deve gostar do setor, abrir uma unidade que está de acordo com o seu bolso e estar segura de que pode operar o negócio e obter ou superar os resultado projetados". Segundo a especialista do Grupo Bittencourt, a rede franqueadora deve oferecer, após a assinatura do contrato, todo o suporte necessário para que o negócio decole, incluindo orientação para a seleção de pessoal e o treinamento da equipe. "Durante todo o tempo de vigência do contrato de franquia, deve haver suporte e transferência de know-how", assinala Claudia.

Com toda a avaliação prévia e o suporte que existe no sistema de franquias, o risco de perder dinheiro é bem inferior se comparado a um negócio independente. "Nenhuma franquia está interessada em abrir uma unidade que sabe que não vai dar certo", comenta. "O negócio pode falhar se o franqueado não tiver o suporte adequado, se a franqueadora não orientá-lo corretamente em relação ao ponto de instalação, o que é muito importante, principalmente no varejo, ou se não houver uma avaliação adequada de perfil", explica a especialista. "Mesmo com as vantagens de uma marca consolidada, uma franquia é um negócio como outro qualquer", ressalta Claudia. "O dono de uma unidade franqueada terá um resultado mais rápido do que teria com um negócio independente, mas também terá que se dedicar e acreditar no seu potencial e capacidade para gerir um negócio de sucesso".

Entre os setores mais aquecidos, a especialista destaca, além do segmento de alimentação, o de prestação de serviços de estética, beleza e bem-estar. "O setor de franquias vai continuar crescendo em 2012", avalia Claudia. "O mercado está propenso ao crescimento e será ainda mais impulsionado por empresas que estão investindo na expansão de seus negócios".

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