Senado poupa Ataídes, aliado de Cachoeira
Senador tucano do Tocantins, suplente no exercício do mandato, foi beneficiário de R$ 6,3 milhões repassados por empresas ligadas ao contraventor segundo a CPMI do Cachoeira; PT e PSOL prometem rediscutir o tema, mas são reticentes quanto a uma eventual representação no Conselho de Ética; segundo o relatório da CPI, Ataídes Oliveira recebeu dinheiro de várias empresas de fachada, criadas para dar aparência legal a movimentações financeiras do esquema do bicheiro em depósitos abaixo e acima de R$ 100 mil
Goiás 247_ O senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), famoso por sua amizade com o contraventor Carlinhos Cachoeira, escapou de questionamento no Conselho de Ética do Senado e até agora não é alvo de investigações do Ministério Público Federal. Reportagem do Estadão mostra que o parlamentar foi beneficiário de R$ 6,3 milhões repassados por empresas ligadas a Cachoeira – segundo apurou a CPI do Cachoeira, no Senado.
Farto material da Comissão de Inquérito, que terminou sem muitos desdobramentos, demonstra a estreita relação do senador com Cachoeira. As informações foram deixadas em segundo plano porque, na época, ele não exercia mandato e os partidos foram atrás de figuras mais influentes - entre elas o senador cassado Demóstenes Torres e os governadores Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, e Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal.
Ataídes é suplente do senador João Ribeiro (PR-TO), que saiu em fevereiro devido a problemas de saúde. Membros da CPI ouvidos pela reportagem do Estadão garantem que o material recebido da PF, os depoimentos e as revelações da comissão foram enviados ao Ministério Público. Mas, de acordo com o MPF em Goiás, um pedido para que a Procuradoria-Geral da República apure o envolvimento de Ataídes Oliveira com o esquema de Cachoeira aguarda a cópia das escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Com a posse no Senado, e uma prestação de serviços a Cachoeira tão documentada quanto a de Demóstenes Torres, à qual o Estado teve acesso, Ataídes não é alvo do mesmo rigor aplicado ao goiano.
Partidos prometem discutir assunto
O texto diz que PT e PSOL prometem discutir o tema, mas são reticentes quanto a uma eventual representação no Conselho de Ética - temem que isso possa recriar uma agenda negativa no Parlamento. Além disso, João Ribeiro, licenciado por 120 dias, pode requerer a cadeira de senador a qualquer momento.
O caso do avião
Ataídes também estaria envolvido no caso do avião, pelo qual bateu boca publicamente com Cachoeira, que passou a ser seu inimigo.
De acordo com o inquérito da Operação Monte Carlo, a pedido de Cachoeira o tucano emprestava seu avião particular a aliados do contraventor, como o ex-diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu. Ele via Cachoeira com frequência e lhe pedia favores. Segundo as investigações, recorreu a ele para publicar matérias de seu interesse no jornal O Estado de Goiás, que, segundo a PF, seria ligado a Cachoeira. O grau de intimidade entre Ataídes e o contraventor fica claro em diversas escutas - conversam até sobre relacionamentos amorosos de políticos conhecidos.
Conforme o relatório final da comissão, não aprovado por falta de acordo entre os parlamentares, Ataídes Oliveira recebeu dinheiro de várias empresas de fachada, criadas para dar aparência legal a movimentações financeiras do esquema. São depósitos abaixo e acima de R$ 100 mil.
A maior quantia, R$ 5,8 milhões, foi transferida de uma só vez à Araguaia Construtora e Incorporadora - uma das empresas de Ataídes Oliveira - pela MCLG, de propriedade do empresário Marcelo Limírio, apontado como sócio de Cachoeira. Outros R$ 500 mil partiram de contas do contador de Cachoeira, Geovani Pereira da Silva.
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