Senadora goiana pede desfiliação do PSDB
Lúcia Vânia, cumprindo promessa feita após bate-boca com Aécio Neves, protocolou no diretório de Goiânia pedido para sair da sigla tucana; senadora está com um pé no PSB, por articulação do governador Geraldo Alckmin (SP), mas nos últimos dias cresceram os rumores de que o PMDB, via Michel Temer, entrou na briga pelo seu passe; desentendimento com Aécio aconteceu por ocasião da eleição para a Mesa Diretora do Senado; senador mineiro reuniu a bancada e desautorizou Lúcia a disputar vaga na Mesa; Renan Calheiros havia lhe assegurado a primeira-secretaria, que ficou com Paulo Bauer (SC), por imposição de Aécio
Realle Palazzo-Martini, do Goiás247 - A senadora Lúcia Vânia (GO) protocolou no início da semana no Diretório Metropolitano de Goiânia sua desfiliação do PSDB. Na justificativa, consta que a saída foi motivada por desentendimentos com a bancada tucana no Senado e com a cúpula partidária nacional. Lúcia Vânia está com um pé no PSB, mas nos últimos dias cresceram as especulações de que o PMDB entrou na briga pelo passe da senadora. A saída dela da legenda tucana representa o cumprimento de uma promessa feita na Tribuna do Senado no dia 5 de fevereiro. Aos prantos, Lúcia Vânia disse que foi massacrada pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), por ocasião da eleição da Mesa Diretora do Senado.
O desabafo de Lúcia ocorreu um dia depois de Aécio reunir a bancada do partido e desautorizá-la a disputar uma vaga na Mesa. No lugar dela, foi indicado o senador Paulo Bauer (PSDB-SC). A senadora contava com o apoio do presidente reeleito do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para a Primeira-Secretaria. O apoio levantou suspeitas sobre o voto dado por ela na disputa pela Presidência do Senado, realizada dias antes. Na ocasião, o PSDB fechou com o senador Luiz Henrique (PMDB-SC), derrotado por Renan. Lúcia garantiu que votou no candidato apoiado pelo PSDB. Mas o estrago já estava feito.
Lúcia Vânia deixa o PSDB após 20 anos de legenda e 13 de Senado. Deputada federal por três mandatos, assumiu em 1995 a Secretaria Nacional de Assistência Social no governo Fernando Henrique Cardoso. Antes, em 1975, tornou-se primeira-dama do Estado de Goiás com a nomeação do marido, Irapuan Costa Júnior, governador do regime militar. Acadêmica de Jornalismo na Universidade Federal de Goiás (UFG) -- um bastião da resistência democrática --, ganhou lá, à época, a alcunha de "primeira-dama da ditadura".
A desfiliação de Lúcia Vânia deve ser oficializada pelo PSDB nesta sexta-feira (12) e, já na próxima semana, ela deverá entrar com pedido de filiação no PSB. A chegada à sigla socialista foi articulada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que intenta o apoio da legenda nas eleições presidenciais de 2018. Fernando Henrique também foi acionado para acalmar os ânimos de Aécio, que ensaiou exigir o cargo na Justiça Eleitoral - tática que caiu por terra com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que mandato majoritário pertence ao indivíduo, não ao partido.
Lúcia provavelmente assumirá o comando regional do PSB, hoje a cargo do empresário Vanderlan Cardoso, ligado ao grupo do governador pernambucano Paulo Câmara, que é contrário à aliança com Alckmin. Lúcia fez chegar à direção do PSB que não teria interesse em assumir funções partidárias. A questão estava resolvida com a proposta de fusão com o PPS. Seu sobrinho e deputado federal, Marcos Abrão, que preside o partido de Roberto Freire em Goiás, seria o presidente do diretório regional desse novo PSB. Mas a fusão entrou em banho maria e zerou a articulação. Vanderlan provavelmente deve ser rebaixado a presidente do diretório de Goiânia, já que pretende disputar a prefeitura da capital em 2016.
Nos últimos dias, porém, cresceram as especulações de que o PMDB teria entrado na briga pelo filiação da ex-tucana. O convite, que agregaria o controle da sigla em Goiás, teria sido feito pelo vice-presidente da República Michel Temer. A entrada da senadora no antes adversário MDB esbarra na resistência do ex-governador e ex-ministro Iris Rezende, que detém o controle absoluto da sigla em Goiás há 35 anos.
Iris não externa publicamente seu descontentamento com a interferência superior, assim como o fez no caso do empresário Júnior Friboi, que chegou ao partido por meio do Palácio do Jaburu e hoje enfrenta um processo de expulsão por infidelidade (em 2014 ele declarou apoio ao tucano Marconi Perillo contra o próprio Iris). Mas, nos bastidores, bombardeia com todo seu arsenal a ideia do ingresso de Lúcia Vânia no PMDB. Restaria a Temer, assim, intervir no diretório goiano, inaugurando uma nova fase no PMDB, que enfim deixaria de ser uma federação de interesses regionais para assumir diretrizes verticais.
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