Servem-se quentes no homebroker
Ferramenta amplia acesso BMF e contratos futuros caem no gosto de quem no se refugiou na renda fixa. Mas investimento requer prtica e cautela.Boi e caf so os mais negociados por pessoa fsica
Luciane Macedo _247 - Mesmo com a Bolsa de Valores patinando, nem todos os investidores pessoa física bateram em retirada migrando para aplicações mais seguras em renda fixa, como o Tesouro Direto. Quem prefere a renda variável pela possibilidade de ganhos maiores, mesmo com o risco ainda mais significativo trazido pela volatilidade dos últimos meses, encontrou nos contratos futuros de commodities agrícolas e nos minicontratos do Ibovespa atraentes alternativas. É o que têm constatado as corretoras que oferecem esses contratos, negociados na BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros), diretamente no homebroker.
"Começamos com os contratos cheios no homebroker há quase dois anos porque tinha procura, mas agora caiu no gosto do investidor operar com agrícola e com o mini índice", comenta Tito Gusmão, especialista em commodities da corretora XP Investimentos e com dez anos de experiência em mercados futuros. "Dos contratos cheios, os preferidos são os de boi gordo e café. E, no último mês, chegamos a ter 50 mil minicontratos negociados. No início do ano, eram 5 mil por dia", diz o especialista. "O número de negócios explodiu nos últimos três meses".
O investimento, que requer pouco dinheiro e permite grande margem de alavancagem, atrai os traders mais experientes e agressivos, acostumados a ganhar com operações de compra e venda realizadas no mesmo dia. Mas também pode significar grandes perdas para marinheiros de primeira viagem em renda variável, que não estão acostumados a tomar decisões fundamentadas, seja pela análise grafista ou fundamentalista. Neste sentido, o da informação, o que vale para o mercado de ações também vale para os mercados futuros -- e com alguns elementos adicionais, como o peso do mercado externo na volatilidade diária dos contratos de algumas commodities, como o café arábica. Para os menos versados, portanto, é recomendada cautela, além do apoio de uma boa corretora, que tenha analistas especializados em commodities, cursos e o exercício de negociações no simulador da BM&F.
"Não é um mercado voltado ao investidor iniciante", avalia Mônica Saccarelli, diretora do Rico, homebroker da Octo Investimentos. Recentemente, a corretora também trouxe os contratos cheios ao homebroker, facilitando os negócios de clientes que já operavam na BM&F e ampliando o acesso desse mercado aos usuários da ferramenta. "O custo é menor e a taxa de corretagem é fixa", assinala. Segundo Mônica, a possibilidade de negociar contratos cheios pelo homebroker também atraiu para a Octo clientes de outras corretoras, que só disponibilizam os minicontratos através da ferramenta. "Fizemos um trabalho educacional antes de migrar para o homebroker", diz, "e os clientes acompanham o pregão ao vivo via chat com os analistas".
Uma vez que se ganhe familiaridade com os mercados futuros, eles podem se tornar uma opção de investimento até mesmo para os mais conservadores, que podem usar os contratos futuros para diversificar sua carteira de ações. Na avaliação do especialista em commodities da XP, com a prática, o que pareciam variáveis complicadas podem se tornar indicadores mais fáceis de se compreender do que os necessários para se fazer bons negócios na Bolsa de Valores. "A análise de fundamentos em commodities é muito mais simples que a de ações", garante Gusmão. "O que rege o preço de uma commodity é oferta e demanda, enquanto que é muito mais complicado saber se o preço de uma ação está realmente barato ou não", assinala.
"A análise gráfica também é muito mais precisa, porque o contrato futuro de uma commodity nada mais é do que um derivativo do que acontece acontece no mercado físico dessa commodity, que tem movimentos sazonais", prossegue o especialista. "As tendências de preços aparecem mais claramente e fica mais fácil operar em cima disso", avalia. "Se o investidor aposta na alta de um contrato futuro, ele compra barato e, se subir, vende e põe o dinheiro no bolso", explica Gusmão. "Se o investidor avalia que um contrato está muito caro, ele não precisa esperar o preço cair para comprar, pode entrar no homebroker e operar vendido".
O investidor deve ter em conta uma margem de garantia para operar com contratos futuros, e pode fazê-lo alavancado ou não. "A margem de garantia serve para abrir posição no mercado", explica Gusmão. Também deve-se levar em conta que os contratos têm data de vencimento e é um mercado com ajustes diários, que vão aparecer na conta do investidor -- e em seu saldo no homebroker. "Um contrato de milho vale R$ 15 mil, mas são necessários apenas R$ 1.000 para operar", diz Gusmão. "Se o contrato sobe 10%, o investidor já ganhou R$ 1.500", exemplifica o especialista da XP. "A alavancagem proporciona que se ganhe com as oscilações, mesmo com pouco dinheiro".
Para negociar um contrato de café, são necessários, no mínimo, R$ 3.800. O de boi gordo requer R$ 1.700. E o mini índice Ibovespa, R$ 2 mil. Mas, para operações de day trade, explica Gusmão, são necessários apenas a metade, para café e boi gordo, ou um terço, no caso dos minicontratos Ibovespa. Os custos são os mesmos que incidem para quem investe em ações: taxa de corretagem e emolumentos e 15% de Imposto de Renda sobre os lucros obtidos.
O perfil do investidor que opera com contratos futuros na XP é variado. Segundo Gusmão, ele abrange desde o mais conservador, que monta sua carteira de blue chips e compra apenas um contrato futuro, até o mais agressivo, que opera no limite da alavancagem fazendo day trade. "É um mercado eclético, não gosto de rotular como mercado alavancado, embora 80% dos traders operem assim", comenta. "Os contratos futuros também funcionam para quem não gosta de fazer day trade e prefere ter apenas um contrato com suas ações", diz. "A grande vantagem é que, se ele quiser, esse investidor também pode alavancar".
Mas o especialista da XP também adverte os novatos contra o atrativo da alavancagem, e diz que não se deve ter ilusões. O melhor, ele recomenda, é operar com cautela no início para não sofrer grandes perdas. "Se não souber o que está fazendo, pode quebrar", diz Gusmão. "Quem está começando tem que ter um pouco de parcimônia, estudar bastante e fazer muita simulação", recomenda. José Alberto Netto Filho, professor de Educação Financeira da BM&FBovespa, concorda. "Se for no embalo, o investidor pode tomar um tranco e aprender pela dor", adverte. "É melhor que ele simule operações antes, para entender a mecânica dos mercados futuros".
Na avaliação de Gusmão, "não se cria um bom profissional nos mercados futuros da noite para o dia, são necessários dois anos operando, no mínimo, para se formar um bom trader". E mesmo para quem é experiente, a alavancagem dos mercados futuros também oferece seus riscos. "Se não estiver com o emocional 100%, vai quebrar", previne. O professor da BM&FBovespa também ressalta que, mesmo para quem sabe analisar as variáveis dos mercados futuros, não se eliminam os riscos, que são apenas melhor gerenciados. "O que o investidor pessoa física precisa para ter êxito nesse mercado é de orientação para atuar no risco", diz o professor. "Se ele vai no embalo e na falação, estará precisamente errado", avalia. "Com especialistas e uma boa corretora, ele parte para o risco estando aproximadamente certo".
Os favoritos: contratos futuros mais negociados
Pessoa física opera mais com commodities agrícolas no homebroker
Café
- alta volatilidade diária favorece operações dos traders mais agressivos
- fundamentos relacionados ao dia-a-dia do ativo no mercado e correlacionados ao mercado externo
Boi Gordo
- destaca-se pela grande alavancagem, superior a 20 vezes
- tende a seguir longas tendências de mercado
Mini Índice (Ibovespa)
- é o representativo do Ibovespa negociado em forma de contrato futuro
- tende a ter muita liquidez (muito volume de negócios)
Fonte: Corretora XP Investimentos
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