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Sistema de cotas de ACM pode ser avanço para o DEM

"O que está acontecendo agora com o DEM é que algumas demandas sociais não têm retorno. Se opor hoje às cotas raciais é enterro político", diz o professor de Direito da UnB, Evandro Piza; porém, para o ex-candidato derrotado por ACM Neto em outubro, Nelson Pelegrino, do PT, medida do democrata é "uma tentativa de se recompor com este eleitorado"

Sistema de cotas de ACM pode ser avanço para o DEM (Foto: Valter Pontes)
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Bahia 247

Continua a repercutir de forma positiva a medida do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), de implantar sistema de cotas raciais na sua administração. Matéria do Valor publicada nesta sexta-feira (25) lembra o anúncio feito pelo democrata na praia do Rio Vermelho e que o músico Carlinhos Brown aplaudiu de pé. Evento aconteceu há duas semanas.

Valor lembra ainda a batalha eleitoral, na qual o então candidato petista Nelson Pelegrino usou diversas vezes o argumento de que o DEM havia se posicionado contra a implantação das cotas com uma ação ajuizada em 2009 no Supremo Tribunal Federal exigindo o fim da reserva de vagas em universidades públicas por critérios raciais e sociais.

Em uma das cenas da campanha de TV do petista um eleitor dizia: "Ser contra as cotas é ser contra a cidade". Ao rebater, ACM acusou o adversário de mentir. "Essa é a maior de todas as injustiças da campanha eleitoral. Sempre me manifestei a favor das cotas". Na campanha, ACM Neto trazia sempre a seu lado a candidata a vice-prefeita negra Celia Sacramento (PV).

O jovem democrata instituiu uma comissão de secretários incumbida de elaborar o projeto para implantação do programa de cotas na capital baiana.

"É comum ouvir que Salvador é a cidade mais negra fora da África, mas não é comum nós cultuarmos e enaltecermos a luta e a riqueza cultural dos nossos ancestrais. O objetivo deste trabalho em conjunto é abrir portas e quebrar paradigmas. O primeiro deles é a criação de cotas para ocupação de funções públicas em Salvador".

Diante da medida do prefeito, o deputado Nelson Pelegrino disse que ficou surpreso e lembra que o município já tem lei que prevê as cotas e que ACM só fez implantá-la.

"Como o Democratas recorreu ao STF contra as cotas, essa é então uma tentativa de se recompor com este eleitorado", disse Pelegrino. Para ele, a prefeitura está com dificuldades financeiras e a implantação das cotas é uma medida que traz impacto positivo.

Autocrítica

O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia, fez autocrítica ao admitir que o partido errou ao pretender derrubar as cotas raciais nas universidades. "Foi um equívoco. Uma posição tomada sem consulta à executiva. Foi uma decisão monocrática", afirmou, referindo-se a Demóstenes Torres, agora responsabilizado pela decisão, que desligou-se da legenda e teve o mandato de senador por Goiás cassado por denúncias de corrupção.

Quanto à decisão de ACM Neto, Agripino afirma que o prefeito está cumprindo compromisso de campanha. "Sua vice é 'escura'. Ele está desfazendo a acusação de que era contra as cotas."
Autocrítica "geral"

O deputado Nelson Pelegrino sugeriu que Agripino e o DEM revejam seus valores de forma mais ampla.

"Eu soube essa semana que o presidente do Democratas, o senador Agripino Maia, fez uma autocrítica em relação ao seu partido ter ido ao Supremo [Tribunal Federal] contra as cotas. Então, eu propus a ele fazer uma autocrítica ainda maior. Que também fizessem uma autocrítica por ter ingressado com uma ação contra o Prouni [Programa Universidade Para Todos], contra os quilombolas. E aproveitar e fazer logo também uma autocrítica por ter sido contra o governo do presidente Lula, contra o governo da presidente Dilma. Se eles estão reconhecendo que o nosso projeto é o projeto vitorioso e o melhor para o país, eu acho que isso é muito positivo".

Sobrevivência

Ainda na matéria do Valor, a "súbita" mudança de posição do DEM, significa, segundo o professor de Direito da UnB, Evandro Piza Duarte, um ato de sobrevivência. "O que está acontecendo agora com o DEM é que algumas demandas sociais não têm retorno. Se opor hoje às cotas raciais é enterro político."

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