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Só Lula supera Dilma na simpatia dos nordestinos

Êxito dos dois petistas se dá, sobretudo, por programas como Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida; "Como não vou gostar dela, se todo mês minha mulher vai buscar R$ 120?", indaga um profissional liberal que não quer ver seu nome publicado, segundo publicação do Valor Econômico

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Bahia 247

Matéria extensa do Valor Econômico feita em campo nos estados de Pernambuco e Sergipe revela que apesar da alta popularidade da presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula ainda predomina na cabeça e no coração dos nordestinos.

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Segundo a publicação, êxito dos dois petistas se dá, sobretudo, por programas como Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. "Como não vou gostar dela, se todo mês minha mulher vai buscar R$ 120?", indaga um profissional liberal que não quer ver seu nome publicado, segundo publicação do Valor. Abaixo a íntegra da publicação.

No Nordeste, só Lula supera Dilma

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Por Murillo Camarotto | Do Recife

Na capital de Pernambuco, beneficiários do programa Bolsa Família agradecem todos os meses à "Mãe Dilma". Temperada com algum deboche, a alcunha da presidente Dilma Rousseff é uma adaptação ao tratamento ainda dispensado ao antecessor, o "Pai Lula". A boa vontade dos recifenses deve-se, em boa medida, à "merenda" sacada mensalmente nos caixas eletrônicos da cidade. Tido por muitos beneficiários como um "dinheiro fácil", o Bolsa Família ajuda a manter nas alturas a popularidade da presidente no Nordeste, atestada no último Ibope. "Como não vou gostar dela, se todo mês minha mulher vai buscar R$ 120?", indaga um profissional liberal que não quer ver seu nome publicado - e nem perder o Bolsa Família. Apesar de a renda gerada ficar atrás do salário mínimo e da aposentadoria, o programa está na ponta da língua de quem defende a ação do governo petista no Nordeste.

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Quando anunciou investimentos no Porto do Itaqui, três meses atrás, na capital do Maranhão, Dilma deu a largada de sua excursão pelo Nordeste. A região que proporcionou vitórias contundentes ao PT nas últimas três eleições presidenciais - possivelmente o fiel da balança para o sucesso nas urnas - é hoje a principal zona de influência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que constrói candidatura ao Palácio do Planalto. Se o pernambucano vem conquistando a preferência dos principais líderes políticos da região, difícil dizer o mesmo quando se trata dos nordestinos mais pobres, alheios às estratagemas da política. Estes ainda simpatizam mais com "pai" e "mãe".

Dois meses após visitar o Maranhão, Dilma chegou de helicóptero a Barra dos Coqueiros, município vizinho a Aracaju. Aguardavam-na gente simples da região e de cidades mais distantes, além de políticos e da imprensa. Esmagado contra a grade que o separava da "ala vip", o agricultor Paulo Teodoro Alves explicou o porquê de estar ali. "Somos parceiros. Viemos para homenagear a presidente. Ela vai chegar ao mesmo ponto do Lula", disse ele, comparando Dilma ao antecessor. "Ela é durona e tem competência. É mulher e é capaz", completou Alves, que não conhece Eduardo Campos.

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A última pesquisa CNI/Ibope mostrou que a aprovação da presidente superou, mesmo que ligeiramente, a de Lula. Em Sergipe, a maioria das pessoas ouvidas pelo Valor concorda com a sondagem, apesar de admitirem o maior carisma do ex-presidente. "Acho que ela trabalha bem, tem imagem boa. Não faz mais porque não depende só dela. O povo gosta menos dela, mas também não desaprova. Acho que a fase dele [Lula] já foi. Precisamos de novas ideias e soluções", disse José Carlos Santos, morador de Barra dos Coqueiros, outro que não sabe quem é Campos.

As viagens da presidente ao Nordeste são muito parecidas: o helicóptero, o atraso, a multidão à espera. O clima, invariavelmente, é de comício. Também é comum o pouco traquejo dos seguranças, a desorganização e a infraestrutura precária de comunicação. Some-se a isso o calor do Nordeste e se chega a um cenário de quase insalubridade. Políticos locais de todas as colorações desfilam, mas nem sempre são retribuídos os sorrisos que exibem. Pelo contrário. A maior parte dos eventos realizados nas capitais celebra a entrega de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida, outro sucesso de popularidade. Já no interior, a presidente tem se dedicado a inaugurar trechos de obras hídricas.

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Mais perversa a cada dia, a seca que assola o semiárido nordestino elevou o apelo político do tema da água. Em menos de dois meses, Dilma celebrou projetos hídricos em São Julião (PI), Itatuba (PB) e Água Branca (AL), e vai fazer o mesmo em Serra Talhada (PE) na segunda-feira. "Dilma está superando o Lula. Tem mais projetos. Quando menos se espera, aparece com novidades", disse Everaldo Sarmento Visqueiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mata Grande (AL). "Mas Dilma ainda não superou o Lula", interrompeu o colega Clébson Nobre. "Calma, ainda é cedo", acrescentou Afrânio Nobre Ribeiro.

Após prestigiar o evento com a presidente em Água Branca, Visqueiro disse que as medidas anunciadas pelo governo para o combate à estiagem são insuficientes. Seus colegas concordaram. "Mas ela tem um grande interesse pelo Nordeste", ponderou ele, observado por mais de 20 agricultores do interior de Alagoas. Ironicamente, ao esboçar um elogio ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado de primeira hora da presidente, Visqueiro levou uma sonora vaia.

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Diferentemente do que se passou em Sergipe, a maioria dos presentes à visita de Dilma a João Pessoa, no dia 5, querem a volta de Lula. Ainda assim, houve muita estridência durante a fala da presidente que, ao melhor estilo Lula, mencionou a "cervejinha" que os contemplados pelos apartamentos do Minha Casa, Minha Vida poderão tomar nas novas casas. "Voto em qualquer um dos dois. Ela é simples, humilde. Mas prefiro o Lula, que é um camarada sofredor, como eu", disse o serralheiro paraibano Pedro da Silva. "Ele é mais cabeça", avaliou Kaquitalane de Lima, estudante em João Pessoa.

Com ou sem motivações políticas, a viagem a Pernambuco seria uma das últimas da excursão presidencial. Nos últimos dias, o Planalto cancelou compromissos de Dilma em Salvador, Feira de Santana (BA) e Fortaleza. Interlocutores de Eduardo Campos viram má vontade quando foi desmarcada a visita prevista para o Estado, em fevereiro. Aliados sustentam que o governador adotará postura "diplomática" no encontro de segunda-feira, situação bem diferente da troca de afagos com Lula.

Os programas sociais, as ações contra a seca, os conjuntos habitacionais e sua própria presença física mostram que Dilma não está disposta a pôr em risco a hegemonia conquistada pelo PT no Nordeste. A eleição de 2014 está na rua. Não apenas Campos, mas também os outros governadores do PSB na região - Ricardo Coutinho (PB), Wilson Martins (PI) e Cid Gomes (CE) - sabem da identificação do eleitorado local com o "modelo" petista. Em reserva, todos estão inseguros com os desdobramentos de eventual rompimento com o governo, destaque para o governador cearense, que é contra a candidatura Campos. Cid também prefere o "pai" e a "mãe".

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