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Só os mais fortes sobrevivem

Num ano difícil para os investidores, alguns fundos se destacaram. Confiram os campeões do ranking Infomoney de ações e de renda fixa

Só os mais fortes sobrevivem

Do Infomoney – Se por um lado a bolsa de valores (representada pelo Ibovespa) teve mais um ano difícil, com muita volatilidade e pouca tendência, alguns setores da bolsa tiveram um desempenho muito melhor e conseguiram trazer bons retornos para os investidores. Em 2012, os gestores de fundos de ações ativos tiveram muito trabalho para garimpar e encontrar boas oportunidades, mas muitos conseguiram resultados bastante satisfatório.

No topo do ranking de fundos InfoMoney na categoria ações, o fundo Equitas Selection FIC FI de Ações valorizou 60,26% nos últimos 12 meses encerrados em 18 de dezembro, bem acima do desempenho do Ibovespa no mesmo período. O segredo, de acordo com o sócio e gestor da Equitas, Luis Felipe Amaral, é um forte trabalho de análise fundamentalista. "Tentamos entender os fundamentos das companhias e comprar boas empresas, com perspectivas de crescimento e principalmente geração de valor", afirma.

Ações da Marcopolo foram uma das apostas do fundo da Victoire, que ocupa a terceira posição no Ranking InfoMoney (Divulgação Marcopolo)

Confira os 10 fundos que mais renderam este ano (nos últimos 12 meses, encerrados em 18/12/2012)

 

No ano que se encerra, o fundo conseguiu retornos importantes com empresas do setor de educação, como a Abril Educação (ABRE11) e Estácio (ESTC3). A primeira subiu, só este ano, 91%, enquanto a segunda acumula valorização de 130%. Outra posição que trouxe bons retornos para o Equitas Selection foi a Eztec (EZTC3), que este ano já valorizou 64,2%. "Esta é uma posição que temos desde 2009.A empresa vem entregando resultados crescentes com margens estáveis e altas. No setor de incorporação imobiliária, que apresentou várias histórias de fracasso, eles adotaram estratégia focada e disciplinada, com objetivo de manter um crescimento menor em um nicho que conhecem muito bem. Com isso conseguiram transformar a oportunidade em resultado", aponta Amaral.

Outra ação que fez parte do portfólio do fundo em 2012 foi do frigorífico Minerva (BEEF3). Só este ano, os papéis já avançaram 107%. "Este é um setor cíclico e historicamente problemático, que vem de uma crise desde 2008. A empresa estava passando por um momento difícil, não só pelo arrefecimento de demanda, mas pelo ciclo de oferta de gado que passou por período de aperto. Mas estamos muito próximos, entendíamos que a companhia tem um management muito diferenciado e possui uma operação muito eficiente, orientada a resultado e este ano isso começou a aparecer"., pontua Amaral. "Junto com isso, tivemos uma inversão do ciclo de gado, aumentando a oferta e de animais para abate, então empresa tem como expandir a margem neste ambiente e ganha perspectiva de redução de endividamento", continua.

Setor industrial

Já o fundo Victoire Small Caps Ações FI, da Victoire Investimentos (que ocupa a terceira posição no Ranking InfoMoney, com valorização de 54,98%), conseguiu um bom rendimento apostando em alguns nichos. Hoje, a principal posição do fundo é de ações da Marcoloplo (POMO11), que este ano valorizou 87%. E mesmo com a alta expressiva, as perspectivas futuras para o papel são muito boas.

"O setor de transporte é muito elástico em relação a PIB. Para se ter uma ideia, o setor de ônibus cresceu em torno de 6,5% nos últimos 18 anos, enquanto o setor de caminhões cresceu em média 9,5% ao ano (em relação à produção). O investidor estrangeiro, que olha o risco Brasil não vai olhar commodities ou setores que não tem a ver com o país. Ele quer setores que possam crescer com o país. E nós acreditamos que existe espaço para o estrangeiro interessado em empresas expostas ao Brasil", afirma o sócio e gestor da Victoire, Werner Roger.

Além de Marcopolo, no setor industrial, o fundo também tem posição em ações da Tupy (TUPY4), que avançou 99% este ano, e Metal Leve (LEVE3), que subiu 93%.

Na renda fixa, o IMA-B 5+ foi o grande campeão

A renda fixa brasileira passou por muitas mudanças em 2012. Com a queda na taxa de juros para 7,25% ao ano, seu menor nível histórico, muitos investimentos atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que oscila bem próximo da Selic) perderam a sua atratividade. Dentro deste cenário, os investidores precisaram olhar para aplicações diferentes para continuar com retornos interessantes.

Em 2012, mais uma vez, os títulos atrelados à inflação se destacaram em relação à rentabilidade. Se por um lado a queda dos juros prejudica algumas aplicações, outras se beneficiam com o aumento da expectativa de preços (com juros mais baixos, a tendência é que o consumo aumente e impulsione índices de inflação). Foi o caso das NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional Série B), títulos públicos atrelados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que trouxeram rendimentos significativos este ano que se encerra. De acordo com dados da Anbima, o IMA-B 5+, índice que mede o retorno das NTN-Bs com vencimento acima de 5 anos, rendeu 31,21% até o dia 30 de novembro. Veja abaixo os índices de renda fixa que mais valorizaram este ano (até 30 de novembro):

Em 2012, mais uma vez, os títulos atrelados à inflação se destacaram em relação à rentabilidade

IMA-B 5+ (índice que mede o retorno das NTN-Bs com prazo maior que 5 anos) == 31,21%

IMA-B (índice que mede o retorno das NTN-Bs) == 24,29%

IDA –IPCA (índice de debêntures atreladas ao IPCA)== 19,01%

IRF-M 1+ (índice que mede o retorno das LTN com prazo maior que 1 ano) == 15,93%

IMA – B 5 (índice que mede o retorno da NTN-Bs com prazo até 5 anos) === 15,38%

A explicação para este rendimento elevado dos títulos de inflação é a própria expectativa de aumento dos preços e a queda dos juros. Além disso, o especialista em finanças pessoais da MoneyFit, André Massaro, ressalta que os títulos mais longos tendem a oferecer retornos mais elevados, por conta de seu risco. "Títulos longos representam um risco maior para o investidor, por isso o 'prêmio' tem que ser correspondentemente maior. Se você ver, por exemplo, os TBonds americanos por prazo, você vai ver grandes diferenças entre os curtos e os longos. Aqui é igual", compara.

O risco destes títulos está justamente na volatilidade que eles possuem. O investidor que fica com o título até o final sempre vai ganhar o rendimento que foi pré-acordado, portanto não tem com o que se preocupar. No entanto, quem vender antes do vencimento estará sujeito às oscilações do mercado (tanto para cima, quanto para baixo), que são mais fortes à medida que o prazo do título aumenta.

O IDA –IPCA (índice de debêntures atreladas ao IPCA) também registrou retornos elevados em 2012 (com valorização de 19,01%). O especialista da MoneyFit lembra que as debêntures (títulos de dívida de empresas privadas) ainda são pouco populares no Brasil. "Mas se a tendência de queda de juros persistir, o investidor brasileiro vai ter que se familiarizar com elas se quiser obter retornos em renda fixa", diz. Ele lembra que, em linhas gerais, as debêntures são consideradas instrumentos de risco maior que títulos do governo e títulos emitidos por bancos, por isso o retorno maior. "O risco da debênture é o risco da empresa que emite ela - é isso que o investidor precisa olhar", aponta.

Com retorno menor, mas ainda assim atrativos, as LTN (Letras do Tesouro Nacional, títulos prefixados) também figuram entre os investimentos de renda fixa mais rentáveis de 2012. Segundo a Anbima, o IRF-M 1+ (índice que mede o retorno das LTNs com prazo maior do que um ano) rendeu 15,93% até o dia 30 de novembro, beneficiado pelos consecutivos cortes na Selic. "Títulos prefixados são beneficiados em cenários onde a tendência da taxa de juros é de queda (é o caso aqui), por isso eles tiveram uma performance tão boa", explica.

Próximo ano

Na opinião de Massaro, 2013 ainda deve ser um ano em que a renda fixa vai predominar, mas pode ser o "começo do fim". "As taxas de juros estão caindo e as mudanças da poupança em 2012 abriram espaço para quedas ainda maiores no futuro. Os retornos em RF no Brasil ainda são altos para os padrões mundiais e os investidores devem tirar proveito disso em 2013, mas é bom já irem se acostumando com outras opções de investimento mais complexas e mais agressivas caso pretendam manter os mesmos níveis de retorno no futuro", conclui.