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Só pensa naquilo. A hiperssexualidade é uma doença?

Viciado em sexo? Ninfomania? Obcecado sexual? Palavras não faltam para falar da hiperssexualidade. Mas a definição desse distúrbio é bem mais delicada do que parece.

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Por: Damien Mascret – Le Figaro

 

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Você é viciado em sexo? As palavras variam segundo as épocas para definir aos excessos dos sentidos. No final do século 19, o médico Bienville falava de “furor uterino”, mas os sexólogos modernos se esforçam para melhor definir as várias modalidades da hiperssexualidade. Para começar, trata-se de uma falta de controle dos pensamentos sexuais intensos e recorrentes, de desejos ou comportamentos sexuais imperiosos. Mas nada disso, por si só, basta para se impor um diagnóstico: É preciso que isso tenha repercussões na vida quotidiana ou seja fonte de sofrimento para a própria pessoa ou para os seus próximos.

O fato é que esses pensamentos ou comportamentos invasivos sejam uma resposta a transtornos de humor (ansiedade, depressão, tédio, irritabilidade) ou ligados ao estresse, mas podem também entrar nos critérios da hiperssexualidade. Definida dessa forma, em 2013 essa  “doença” escapou por pouco de entrar no manual de referência da psiquiatria norte-americana, o   

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DSM-5. Ela, ao final, só foi descartada devido à ausência de um número suficiente grande de estudos conclusivos o bastante para estabelecer classificações. Até mesmo o mecanismo fisiopatológico que está na origem da hiperssexualidade permanece incerto. Será uma desordem neurobiológica com uma ativação anormal do sistema de recompensa cerebral ligado à atividade ou aos pensamentos e devaneios sexuais? Será uma variante do temperamento obsessivo compulsivo? Será o efeito indesejado de algum medicamento (anfetaminas, L-Dopa, empregado sobretudo no tratamento do Mal de Parkinson) ou de drogas? Será uma maneira de controlar as emoções negativas (ansiedade, estresse, tristeza, etc) ou a fragilidade da pessoa (isolamento, falta de autoestima, etc)?

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Consequências importantes para a vida do casal

Num estudo publicado em 2012 no Journal os sexual medicine (http://www.jsm.jsexmed.org/article/S1743-6095%2815%2933793-0/pdf), o professor Rory Reid, da Universidade da Califórnia em Los Angeles comenta um estudo que desenvolveu ligado ao histórico de 152 pacientes hiperssexuais. Tratava-se essencialmente de homens (apenas 8 mulheres) com idade média de 41 anos e majoritariamente heterossexuais (84%). Para a metade deles, a hiperssexualidade era episódica, e para a outra metade, permanente. Além disso, para 54% deles as síndromes se manifestaram antes dos 18 anos, e para 30% entre 18 e 25 anos, o que faz desse distúrbio uma desordem comportamental precoce. Entre as consequências (repetidas) da hiperssexualidade aparece o fim de uma relação de casal para 16% das pessoas interrogadas. Mas outras consequências são ainda mais frequentes e comuns: uma incapacidade de ter relações sexuais equilibradas (67%), uma ligeira alteração da saúde mental (73%) e um parceiro (ou uma parceira) amorosa feridos emocionalmente (68%).

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Não se trata apenas de uma questão de quantidade de sexo

O que é certo é que a “quantidade” de atividade ou de pensamentos sexuais não bastam para determinar uma condição de hiperssexualidade. Até hoje, todas as tentativas de se definir o que constituiria um volume “normal” de sexo redundaram em fracassos. Trata-se muito mais de uma norma social do que de uma realidade fisiológica. Do mesmo modo que o desejo sexual é às vezes assimilado, erroneamente, a uma necessidade vital (tipo beber, comer, dormir, respirar). Um novo estudo, desta vez com 510 pessoas, publicado nos  Archives of sexual behavior (http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs10508-016-0727-1), realizado pelo professor Michael Walton com seus colegas da Universidade da Nova Inglaterra, em Amidale, na Austrália, mostra por exemplo que basear-se na atividade sexual (número de fantasias, masturbações, flertes, cópulas e outras modalidades de relação sexual) não pode ser preditivo de hiperssexualidade. Finalmente, os sexólogos se restringiram, o que parece bastante razoável, a considerar aqueles que sofrem de uma sexualidade invasiva, não importa a que grau. Apenas depois que todo o emaranhado do contexto da hiperssexualidade for desembaraçado, uma terapia poderá efetivamente ocorrer.

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