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Soldados dos EUA posaram com restos mortais de afegãos

Como incio de uma nova polmica entre os pases, duas imagens publicadas pelo Los Angeles Times mostram cenas fortes registradas em 2010

Soldados dos EUA posaram com restos mortais de afegãos (Foto: Reprodução/Los Angeles Times)

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Thassio Borges _Opera Mundi - A conturbada relação entre Estados Unidos e Afeganistão sofreu um novo revés nesta quarta-feira (18/04) com a divulgação de fotos que mostram soldados norte-americanos posando e rindo ao lado dos corpos de afegãos suicidas. As imagens foram divulgadas pelo jornal Los Angeles Times. A atitude dos combatentes foi criticada até mesmo pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

“As ações dos soldados não representam as políticas da Isaf (Força Internacional de Assistência para Segurança, a missão da OTAN no Afeganistão) nem do Exército dos EUA”, afirmou John Allen, responsável pelas operações da Isaf. As fotos foram tiradas em 2010 e chegaram até o Los Angeles Times por meio de um soldado que pediu anonimato.

As duas imagens publicadas pelo jornal mostram cenas fortes registradas em 2010. Nas imagens, soldados da 82ª Divisão Aérea posam e sorriem ao lado de corpos de afegãos que teriam se suicidado com explosivos.

Uma das fotos traz pelo menos dois soldados norte-americanos segurando as pernas de um suicida que, de acordo com a polícia afegã, teria acionado os explosivos para atacar um posto de segurança próximo.

A outra imagem mostra um soldado rindo enquanto, ao fundo, outro combatente posa ao lado de um dos mortos. Nos dois casos, a tropa dos EUA foi informada sobre os ataques e foi até o local para colher as digitais do suicida, procedimento padrão segundo o Los Angeles Times.

Depois de cumprir com suas funções, no entanto, os soldados passaram a tirar fotos ao lado dos corpos caçoando dos suicidas. As imagens foram entregues ao jornal depois de circular por diversas bases dos EUA no Afeganistão.

O soldado responsável pelo envio das 18 imagens autorizou o Los Angeles Times a publicar as fotos, mas pediu anonimato. Segundo o jornal, o militar decidiu divulgar as imagens para denunciar a quebra no comando das tropas que estariam agindo irresponsável colocando em perigo a vida dos demais combatentes.

O Exército afirmou que abriu uma investigação para obter mais detalhes do caso. “É uma violação das normas do Exército posar para fotos com cadáveres fora dos propósitos oficiais", afirmou George Wright, porta-voz do Exército. "Essas ações ficam aquém do que esperamos de nossos membros”, concluiu.

O jornal enviou uma solicitação ao Pentágono para entrar em contato com os soldados que aparecem nas fotos e deixá-los dar sua versão. O pedido, no entanto, foi negado. Por meio do Facebook, o jornal entrou em contato com oitos envolvidos na polêmica. Apenas um, que ainda está no Afeganistão, respondeu, mas afirmou que não queria comentar o caso.

O soldado que entregou as fotos à publicação afirmou que os combatentes estavam eufóricos com a morte dos suicidas, principalmente porque eles haviam conseguido cumprir sua missão. “Eles estavam frustrados, muito irritados. Então eles comemoraram quando viram os corpos explodidos”, afirmou o soldado, que disse esperar por mais segurança nas bases norte-americanos localizadas em território afegão.

A OTAN afirmou que está investigando o caso de forma rigorosa junto das autoridades norte-americanas. Para a organização, ações como as mostradas nas fotos, não se encaixam na estrita política da OTAN “quanto ao tratamento humano do inimigo”. Além disso, tais atitudes “prejudicam o trabalho dos militares” da organização.

Nova polêmica

As 18 fotos, das quais apenas duas foram publicadas, é um novo capítulo na conturbada relação entre o Afeganistão e as tropas dos Estados Unidos, que devem deixar o país até 2014.

Em janeiro, um vídeo na internet mostrou soldados norte-americanos urinando sobre os cadáveres de afegãos mortos em combate. No mês seguinte, os afegãos encontraram exemplares do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, queimados em meio ao lixo de uma base militar norte-americana.

Os episódios geraram revolta na população e, durante os protestos, seis soldados dos EUA foram mortos. O ato mais grave, no entanto, aconteceu em março quando um combatente norte-americano saiu atirando em uma vila afegão próxima à sua base e matou 17 pessoas, incluindo mulheres e crianças.

A ação gerou nova revolta, desta vez no governo afegão, que pediu uma resposta imediata dos EUA frente ao soldado que cometeu os crimes. Apesar disso, o país declarou que só irá retirar suas tropas do Afeganistão em 2014.

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