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Suspeita de matar nora afirma em carta que filha colocou veneno em comprimidos

Elizabete Arrabaça, presa pelo envenenamento de Larissa Rodrigues, alega inocência e culpa a própria filha, também morta por intoxicação

Companheiro da vítima, o médico Luiz Antonio Garnica, e a mãe dele foram presos suspeitos do crime (Foto: Reprodução)

247 - Em uma carta escrita de dentro do presídio, a aposentada Elizabete Arrabaça, presa sob acusação de envenenar a nora Larissa Rodrigues, apresentou uma nova versão para o crime. No documento de cinco páginas, divulgado nesta quarta-feira (3) e revelado pela Globo, Elizabete afirma que a verdadeira responsável por contaminar os comprimidos com chumbinho foi sua filha, Nathália Garnica, que também morreu envenenada em fevereiro deste ano, no interior de São Paulo.

Elizabete e o filho, o médico Luiz Antônio Garnica, estão presos desde maio, apontados pelo Ministério Público como responsáveis por arquitetar e executar o envenenamento de Larissa, em Ribeirão Preto (SP). Segundo a acusação, a motivação seria patrimonial, já que Larissa havia manifestado o desejo de se divorciar após descobrir uma traição do marido, o que poderia comprometer o patrimônio familiar.

Na carta, no entanto, Elizabete se diz inocente e também isenta o filho de culpa. Ela alega que Nathália, que trabalhava como chefe da vigilância sanitária de Pontal (SP), teria comprado o veneno para matar ratos e, sem que a mãe soubesse, contaminado cápsulas de medicamentos. “A conclusão que cheguei nesses dias, orando muito à Deus e suplicando uma luz divina, a Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol. Não existe outra explicação. Infelizmente, perdi duas filhas”, escreveu.

A morte de Nathália, inicialmente tratada como infarto, passou a ser investigada após laudos toxicológicos confirmarem a presença de chumbinho em seu organismo. Segundo Elizabete, ela teria levado medicamentos da casa da filha após sua morte e, sem saber da contaminação, repassou um dos remédios para Larissa, que faleceu semanas depois.

Defesas contestam acusações Em nota, a defesa de Elizabete Arrabaça criticou a denúncia do Ministério Público, alegando falta de provas concretas e inconsistências entre a acusação e o inquérito policial. Os advogados pediram que ela responda ao processo em liberdade ou, ao menos, em prisão domiciliar, em razão das doenças graves que enfrenta.Já a defesa de Luiz Antônio Garnica segue sustentando que o médico não teve participação no crime e que a mãe agiu sozinha, motivada por disputas patrimoniais e dívidas de aproximadamente R$ 300 mil, acumuladas por conta de vício em jogos de azar. O advogado do médico, Júlio Mossin, afirmou que Elizabete também é investigada por tentativa de homicídio contra uma amiga e que, após a morte de Nathália, chegou a pesquisar sobre heranças.Mossin também negou irregularidades em transações bancárias feitas por Luiz Antônio após a morte da esposa. Segundo ele, os valores foram utilizados para quitar dívidas da própria Larissa, como parcelas do IPVA e faturas do cartão de crédito.

Envenenamento e investigaçãoO Ministério Público denunciou mãe e filho por feminicídio triplamente qualificado — uso de veneno, motivo torpe e meio cruel que dificultou a defesa da vítima. Luiz Antônio ainda responde por fraude processual, acusado de tentar alterar a cena do crime e eliminar provas digitais.As investigações apontam que Larissa foi envenenada aos poucos, ao longo de 15 dias, até morrer em março deste ano. A motivação, segundo o MP, seria impedir que a vítima se divorciasse e tivesse direito a parte do patrimônio do casal, já que o regime era de comunhão parcial de bens.Além das mortes de Larissa e Nathália, a polícia investiga o envenenamento de uma amiga de Elizabete, que teria sobrevivido após ser internada. Há ainda a suspeita de que o cachorro de Nathália tenha sido envenenado — o animal deve ser exumado para exames.

O Ministério Público solicitou a conversão das prisões temporárias em preventivas, além da quebra de sigilo bancário dos envolvidos, alegando risco de fuga, especialmente pela condição financeira da família. O caso segue sob investigação.

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