Técnicos e advogados de Moinho fazem inspeção
Os representantes da área técnica e jurídica do Moinho Motrisa fizeram uma inspeção nas casas da Vila que foram atingidas pelo desabamento de uma das torres de concreto da unidade industrial em Maceió, em abril; objetivo da vistoria é definir quais moradores podem retornar para suas casas uma vez que a justiça suspendeu o pagamento do aluguel feito pela empresa; no entanto, os proprietários das residências reclamaram alegando que o laudo sobre a causa do desabamento ainda não saiu e que falta segurança
Alagoas247 - Técnicos e advogados do Moinho Motrisa fizeram uma inspeção, na manhã desta quinta-feira (16), na Vila Nossa Senhora do Carmo, que fica ao lado da fábrica, no bairro do Poço, em Maceió. A Justiça suspendeu o pagamento do aluguel feito pela empresa e determinou a vistoria para o retorno dos moradores atingidos pelo desabamento de um dos silos há mais de seis meses. Mas, boa parte das famílias não quer voltar enquanto a situação do Moinho não for resolvida.
Em entrevista, a moradora Samira Lima discorda da inspeção, alegando que o laudo sobre a causa do desabamento ainda não saiu, o que compromete o retorno da família à vila. "Minha casa foi abalada, sacudida e não sei como está a estrutura. Se fosse por essa vistoria, em uma semana, estaria pronta. Mas o problema maior é a segurança dos silos. Vou me arriscar a voltar e acordar debaixo de cimento? Moro com a minha mãe, que tem oitenta anos, e ela já disse que não volta. Não temos condições de pagar o aluguel e a alternativa é contar com os parentes", afirma.
A advogada da fábrica, Flávia Nobre, explicou que a inspeção cumpre ordem judicial, inclusive, segundo ela, a Justiça suspendeu o pagamento do aluguel. Com a determinação, as equipes se uniram para dialogar com os moradores e ajudá-los na logística. "Marcamos com os advogados dos moradores para quem tiver interesse em voltar passe pela vistoria. Vamos fazer os reparos necessários e até ajudar na logística, como instalação de ar condicionado e contratação de caminhão de mudança. Nosso objetivo não é causar tumulto", assinalou Flávia.
De acordo com Kátia Lanuzi, assessora do escritório de advocacia que representa os moradores, as famílias voltam às casas por força de uma decisão judicial, porque não têm condições de pagar aluguel. Mas, não há possibilidade de retornar, porque o local não oferece segurança, conforme expõe.
"Os moradores estão sozinhos. Sabemos que não é seguro, pois o próprio Moinho não tem um laudo concluso. Ainda não se sabe as causas e se vai desabar novamente. O que está acontecendo é que a fábrica negocia a volta minimamente digna deles, mas a negociação é para pequenos reparos, como dedetização e limpeza. Eles não avaliam a estrutura das casas".
A idosa Judite Maria da Silva, 66 anos, contou que dormia na hora do desabamento e foi "salva" após o latido do seu cachorro. "Não sei o que vou fazer agora. Não tenho para onde ir e quero que o Motrisa pague tudo, assuma a responsabilidade. Não vou voltar para uma casa dessas, não tem condições", relata.
O acidente
Parte da estrutura de concreto de uma das torres do Moinho Motrisa, situada na Avenida Comendador Leão, no bairro do Poço, desabou no dia 7 de abril, após o rompimento. Pelo menos 15 viaturas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) foram acionadas.
Cinco vítimas foram socorridas e levadas para o Hospital Geral do Estado (HGE), no Trapiche da Barra. O diretor-executivo do Moinho Motrisa, Paulo Godoy, afirmou, durante entrevista coletiva, que os silos da fábrica passaram por manutenção havia seis meses e que não existia nenhuma fissura na estrutura do local. No intuito de retirar as placas de concreto do silo, uma megaoperação foi montada, mas, por dois dias consecutivos, a ação foi embargada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por causa de irregularidades.
O laudo divulgado pela empresa Bedê Engenharia de Estruturas, de Belo Horizonte/MG, responsável por analisar tecnicamente as causas do acidente no Moinho, apontou que as restaurações feitas nos silos, na década de 1980, não foram suficientes para manter uma estrutura segura, que é a mesma desde 1974. A deficiência teria causado a queda de um deles, mudando a rotina de moradores da Vila Nossa Senhora do Carmo e de comerciantes da região.
Com gazetaweb.com
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