Tendência de baixa na Bolsa
Cai o ânimo que deu a tônica dos pregões no início do ano. Mesmo diante de expectativa menos otimista, analistas indicam boas oportunidades para quem investe em ações
Luciane Macedo _247 - Foi um começo de ano animador para quem investe em ações, mas o tempo começou a fechar já em abril, e as perspectivas não são as mais otimistas para este mês, indicam analistas. Cabe cautela do investidor contra a tempestade grega, além da recuperação mais lenta que o esperado da economia americana, ao passo que Brasil e China sopram ventos mais brandos na Bolsa. Para os grafistas, a tendência de baixa se confirmou com a perda dos 61 mil pontos, que era um divisor de águas. Mas também há boas oportunidades quando a tendência é de baixa na Bolsa, e quem não bate em retirada pode sempre adotar uma estratégia mais defensiva.
"O contexto de indefinição que se perpetua no cenário político da Grécia e a rejeição da população contra medidas de austeridade tiveram um impacto negativo relevante no mercado", diz o analista chefe da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa. "A eleição de Hollande na França também suscitou dúvidas sobre a condução da crise europeia pela relevância que teve a aliança Merkel-Sarcozy, e há ainda a questão espanhola, com a elevação dos yields dos títulos da dívida", acrescenta. Nos Estados Unidos, o PIB ficou abaixo do esperado pelos analistas, o que também não ajudou a animar os investidores em Bolsa.
"Tudo isso se traduz em desconfiança e maior aversão ao risco, e esse cenário tende a se perpetuar", avalia Barbosa. Segundo o analista da Coinvalores, embora o contexto seja mais positivo na China (controle da inflação) e também no Brasil (queda dos juros para sustentar um crescimento mais vigoroso, preocupação com o câmbio por conta da indústria e estímulo ao crédito para aquecer a economia), ele não se sobrepõe ao viés negativo que vem da Europa e dos EUA.
"Uma vez que aumenta a aversão ao risco, ocorre o flight quality, quer dizer, os investidores migram para investimentos mais seguros, e as empresas acabam sofrendo em Bolsa", explica Barbosa. "Então, em períodos de maior risco, quando aspectos negativos tendem a preponderar, é aconselhável que o investidor se posicione com uma estratégia mais defensiva, privilegiando ações de empresas com previsibilidade de caixa, com forte relação com a atividade econômica interna, que oferecem menor risco e que são boas pagadoras de dividendos".
Várias ações estão baratas frente ao seu histórico de cotações, mas a questão é saber se elas tendem a responder positivamente no cenário, se há a possibilidade de valorização ou não. "Isso é mais importante que o preço, o que nos leva a privilegiar uma estratégia mais defensiva", diz Barbosa.
Apesar da perspectiva de baixa se manter na opinião do analista, também podem surgir boas oportunidades. Barbosa avalia que alguns setores tendem a responder mais positivamente ainda este ano. É o caso de autopeças, que tem sido bastante penalizado, mas tende a melhorar no segundo semestre. "As perspectivas também são boas para o setor imobiliário no médio e longo prazos, mas também depende muito do que o próprio investidor considera como seus prazos e objetivos de investimento", ressalta o analista da Coinvalores.
"Setores muito ligados ao mercado externo, de empresas exportadoras, não devem responder com muita consistência este ano", observa Barbosa. "Se a ideia do investidor é ter papeis que visem lucro no curto prazo, eu recomendaria uma reavaliação, a menos que ele vise o médio e longo prazos".
Para os grafistas, a tendência de baixa na Bolsa, que também vinha sendo observada desde o início de abril, confirmou-se na semana passada com a perda dos 61 mil pontos. "Tínhamos os 61 mil pontos como referência, como último suporte antes de o mercado entrar em tendência de baixa", explica Osney José Cola, diretor-executivo da Equipe Trader.
"Por enquanto, mantemos algumas posições em papéis que compramos no início do ano e que ainda estão em tendência de alta, ações que têm vida própria e não costumam acompanhar o Ibovespa", diz Cola. "É o caso de AES Tietê, Cielo e Ambev, são papéis em clara tendência de alta e descolados do índice", ressalta. "Quem for pensar em comprar agora, a indicação é procurar por este tipo de ação, descolada do Ibovespa e com tendência de alta, e esperar por um sinal de término da tendência de baixa com bastante cautela".
Segundo Cola, para os adeptos da análise grafista da Bolsa, a hora é de procurar as oportunidades para vender e começar a ganhar com o mercado em queda. "Provavelmente, estas oportunidades vão surgir já nos próximos pregões", indica o diretor da Equipe Trader.
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