Um conto de duas CPIs
Enquanto a investigação sobre Carlos Cachoeira ferve no Congresso Nacional, a da arapongagem definha em Brasília
Há duas comissões parlamentares de inquérito em curso no Brasil, mas a temperatura medida em cada uma delas é totalmente distinta. A de Carlinhos Cachoeira, no Congresso Nacional, ferve e acirra os ânimos políticos. Seu primeiro grande momento deve acontecer, em breve, com o depoimento do próprio bicheiro. A outra CPI, a da arapongagem, se desenrola no Distrito Federal e, a cada dia que passa, esfria mais. É possível até que, rapidamente, caia no mais completo esquecimento.
O ponto de contato entre essas duas investigações é o sargento Idalberto Matias, o “Dadá”, que era braço direito de Cachoeira e mantinha um aparato gigantesco de espionagem privada no Distrito Federal. O que os documentos da Operação Monte Carlo revelam é muito simples. O esquema Cachoeira-Dadá, ligado à construtora Delta, já exercia forte influência em Goiás e buscou replicar, sem êxito, a mesma experiência no Distrito Federal. Quando isso ficou claro, o grupo político que tentava derrubar o governador Agnelo Queiroz encontrou uma nova motivação para uma CPI: a suposta espionagem de adversários políticos.
Essa tese, ainda não comprovada, também fica enfraquecida com os documentos que foram tornados públicos nos últimos dias. Num dos grampos, entre Cachoeira e Dadá, os dois comentam que o deputado Fernando Francischini (PSDB/PR) planejava transferir seu título de eleitor do Paraná para o Distrito Federal, onde seria o candidato tucano ao Palácio do Buriti em 2014. Além disso, a interceptação também revela que Francischini, um ex-delegado da PF, não era propriamente um alvo de Dadá. Estava mais para colaborador.
Pode até ser que, com o andar da carruagem, Agnelo Queiroz venha a se complicar. Mas, até agora, quem está realmente numa situação delicada é o governador de Goiás, Marconi Perillo, cuja casa onde morou, num condomínio de luxo em Goiânia, era a mesma em que Cachoeira foi preso no finalzinho de fevereiro. Desvendar essa transação será um dos focos da CPI nos próximos dias.
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