Um salto para a independência financeira
Como está o seu bolso? Esteja você no grupo dos enforcados, equilibristas ou afortunados, saiba como chegar à sustentabilidade
Luciane Macedo _247 - Como está o seu bolso? Se você está gastando sem parar e perdeu o controle sobre o seu dinheiro, precisa de uma faxina financeira. Mas quem vive na corda bamba e fica satisfeito por não ter dívidas não está tão seguro quanto pensa. E muitos "sortudos", para quem sobra dinheiro no final do mês, correm o risco de ficar com as finanças zeradas diante da primeira eventualidade. Em suma, ter ou não ter dinheiro disponível, no presente, não é indicador de boa forma financeira para ninguém. A classe média emergente, porém, é a que deve estar mais atenta, e isso significa dizer a maioria da população brasileira.
Segundo pesquisa da Kantar Worldpanel, especializada em painéis de consumo, a classe C, que corresponde a 41% da população, é a única que gasta mais do que ganha. O saldo, ao final do mês, é negativo em 2%. Em contrapartida e abaixo dela, nos lares das classes DE, que são 35% da população, as famílias conseguem ter uma sobra mensal de 4%. É mais que a diferença de 1% entre renda e gastos encontrada entre os abastados da classe A, que são 24% da população.
Para melhor entender o comportamento do brasileiro de acordo com seu bolso, a Kantar classificou os lares pesquisados em três grupos: enforcados, equilibristas e afortunados. Veja, abaixo, o que cada um deve fazer para chegar à independência financeira e sustentá-la.
O que chama atenção é que a maioria dos enforcados, os brasileiros que estão no vermelho, é de jovens de até 29 anos e casais com filhos pequenos, justamente quem está dando seus primeiros passos na vida profissional ou começando uma família -- gente que tem tudo para virar a mesa e dar um salto de qualidade na vida financeira.
"O grande risco do enforcado é virar inadimplente, mas a solução pode estar mais perto do que ele imagina", comenta o terapeuta financeiro da DSOP Reinaldo Domingos. "Tudo o que uma família tem de consumo dentro de um mês tem um excesso de 20% a 30%. Então, é aí que você vai ganhar dinheiro, aumentar sua reserva mensal, sem ter um aumento de salário ou trabalhar mais", ensina o terapeuta. Autor do livro "Livre-se das dívidas", Domingos propõe que se dê mais valor ao que se ganha eliminando os desperdícios de dinheiro.
Os gastos que mais cresceram entre os brasileiros, segundo a Kantar, foram os destinados a habitação, seja com aluguel, compra ou reforma da casa. Em segundo lugar, lazer, seguido de transporte e vestuário.
Para quem sonha com a compra da casa, não dá para abrir mão desta despesa. Mas ela pode ser planejada para não comprometer as finanças da família. "Com juros de 10 a 12% ao ano, em 30 anos, estamos falando em um gasto que é três vezes mais que o valor do imóvel", ressalta Domingos. "O tempo é o grande fator que ajuda, mas também faz você pagar mais juros".
O terapeuta esclarece a questão dos juros do financiamento com um exemplo prático: "Suponhamos que sua casa é de aluguel e você paga R$ 500,00 por mês. Se você fosse comprar essa casa, quanto ela valeria, R$ 200 mil? Se quiser comprá-la, a prestação será de R$ 1.500,00 por mês, no mínimo, por 30 anos. Se a pessoa guardar R$ 1.000,00 por mês, ela compra essa mesma casa à vista em, no máximo, nove anos".
Domingos indica uma aplicação financeira conservadora para guardar esse dinheiro. "De preferência, no Tesouro Direto, pode ser no CDB, mas não em poupança", orienta. "Se a pessoa tem o sonho da casa, então ela tem que guardar dinheiro para realizar esse sonho. É uma questão de priorizar os sonhos. Se quiser, a pessoa começa a trabalhar e, em dez anos, ela compra a sua casa".
Também dá para enxugar os gastos com lazer. "Não é para deixar de ter lazer ou cortar o cabeleireiro da mulher ou o futebol do marido. O que as pessoas devem fazer é manter o que lhes dá mais prazer, o lazer que adiciona em qualidade de vida e auto-estima, e se livrar das coisas que não agregam em nada", orienta o terapeuta. "As pessoas não mudam de vida e alcançam resultados se não estiverem de bem consigo mesmas".
O carro, outro sonho de consumo da classe média emergente que tem sido realizado com o impulso dos incentivos do governo, pode ser uma caixinha de surpresas de gastos -- além do óbvio com manutenção, entre 2% e 3% do valor do veículo, em média.
Domingos lembra que o novo proprietário do carro 0km fatalmente terá novos gastos, já que o carro na garagem traz novos hábitos e um outro padrão de vida. "Quem tem carro vai gastar mais com lazer, porque vai querer viajar mais. Vai gastar mais no supermercado, porque vai querer encher o porta-mala de compras. Vai gastar mais em shoppings que ficam do outro lado da cidade e ele não frequentava antes", diz Domingos. "Tudo isso é bom, mas tem um custo, você vai gastar mais".
E ressalta: "Todo jovem quer ter seu próprio carro e quer um de R$ 50 mil porque gosta daquele. Mas se esse jovem nunca teve carro, por que não comprar um de R$ 25 mil, no máximo? Realizar sonhos tem degraus".
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