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      Velocidade alta é a maior causa de acidentes

      Estudo da OMS e do Ministério da Saúde, com base em dados da BHTrans e do Detran-MG, mostra que a maioria dos acidentes com mortos ou feridos na capital mineira são decorrentes também de atos de imprudência de motoristas e motociclistas

      Velocidade alta é a maior causa de acidentes (Foto: Edição/247)
      Heberth Xavier avatar
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      Minas 247 – Como toda grande metrópole no Brasil, Belo Horizonte convive diariamente com o caos no trânsito. Mas de acordo com estudo desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, a situação poderia ser bem diferente se os motoristas e motociclistas da capital mineira respeitassem as leis de trânsito.

      Com base em dados fornecidos pela BHTrans – autarquia municipal que fiscaliza e coordena o trânsito em Belo Horizonte – e do Detran-MG, o resultado do estudo, denominado Projeto Vida no Trânsito, revela que 23,5% dos acidentes com mortos ou feridos na cidade são decorrentes de excesso de velocidade do condutor. O relatório apresentado aponta ainda que 44,8% das ocorrências têm como causa o que é chamado de comportamento inadequado do motorista, motociclista ou pedestre. O projeto relaciona também outros fatores como abuso de álcool, avanço de semáforo, condução por inabilitado e falta de estrutura da via, entre os grandes vilões do trânsito em Belo Horizonte.

      De acordo com o especialista em trânsito e perito criminal, Marcos Massaglim, a falta de fiscais para conter os abusos agrava o problema: “Temos poucos agentes de trânsito nas ruas. São 800 com poder de multa para inibir os irresponsáveis. Com o sentimento de impunidade, os motoristas entram em seus carros ou sobem nas motos sem se preocupar com os demais cidadãos”, disse o perito em entrevista ao jornal Estado de Minas

      Confira a matéria do jornalista Mateus Parreiras, do jornal Estado de Minas

      Excesso de velocidade e imprudência de motoristas jovens e motociclistas são os fatores mais presentes nos acidentes com mortos e feridos no trânsito da capital mineira. Os indicadores são um dos primeiros resultados do Projeto Vida no Trânsito, um programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, que reuniu dados da BHTrans, do Detran-MG e das secretarias municipal e estadual de Saúde para determinar quais as razões das mortes e das internações hospitalares relacionadas ao trânsito que duraram mais de 24 horas em BH. Depois de ter acesso em primeira mão aos dados, o Estado de Minas foi às ruas da capital, considerada a que tem os piores índices de acidentes com vítimas da Região Sudeste, e comprovou abusos nas principais vias, onde carros chegam a trafegar a mais de 100 km/h em locais onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Os principais componentes dos acidentes com vítimas – entre os quais se destacam também elementos como abuso de álcool, avanço de semáforo, condução por inabilitado e falta de estrutura da via – foram identificados em 474 ocorrências geradas entre julho e setembro do ano passado.

      Eleitos os principais fatores de risco, esses componentes foram analisados para que se avaliasse o peso de cada um como causa de desastres em geral e daqueles envolvendo apenas motociclistas. O resultado é que o excesso de velocidade esteve presente em 23,5% dos fatores relevantes no conjunto dos acidentes. A soma do que foi considerado comportamento inadequado de motociclistas, jovens condutores (18 a 29 anos), pedestres e ciclistas chegou a 44,8%.

      A OMS promove o Projeto Vida no Trânsito nos 10 países em desenvolvimento e pobres com maiores índices de acidentes. No continente americano, os escolhidos foram Brasil e México. Duas cidades de cada país recebem financiamento e apoio. “Como no Brasil os acidentes são tratados como epidemia, o Ministério da Saúde escolheu mais três cidades, para que cada uma das cinco regiões estivesse representada. Belo Horizonte foi indicada no Sudeste, por ter os piores índices de acidentes com vítimas da região”, disse a diretora de Informação e Atendimento da BHTrans, Jussara Bellavinha.

      Nas principais vias da capital mineira, é fácil constatar os resultados dessa amostragem. Na Avenida Nossa Senhora do Carmo, por exemplo, carros e motos aceleram muito acima do permitido na via que vem sendo palco de acidentes graves. O último deles foi o tombamento de uma carreta que não poderia trafegar por ali, no dia 6 do mês passado, e que causou a morte de três pessoas. A reportagem do EM mediu a velocidade com que desciam os veículos após passarem pela curva do Shopping Ponteio, no sentido Centro, das 16h10 às 16h15 de ontem. O limite do trecho é de 60 km/h, mas, dos 145 automóveis, motos, caminhões e ônibus que passaram por lá no intervalo, 86 (59,3%) estavam acima do permitido. Uma BMW chegou a desenvolver 100 km/h e uma moto, 102 km/h a 50 metros da curva seguinte.

      O perigo não é menor na Avenida Cristiano Machado, onde as dimensões, o fluxo e os radares, com limites de 60 km/h e 70 km/h, fazem com que o motorista desenvolva menor velocidade. Ainda assim, entre as 13h55 e as 14h de ontem, a reportagem calculou que em meio aos 61 km/h médios dos veículos que passavam pelo Bairro Floramar, na Região Norte, 12 aceleravam acima dos 80 km/h. Os mais rápidos foram um motociclista e o condutor de um Golf, que chegaram a 99 km/h.

      Faltam fiscais

      O perito criminal Marcos Massaglim, professor de trânsito nas academias das polícias Civil e Militar, culpa a falta de fiscalização pelos abusos. “Temos poucos agentes de trânsito nas ruas. São 800 com poder de multa para inibir os irresponsáveis. Com o sentimento de impunidade, os motoristas entram em seus carros ou sobem nas motos sem se preocupar com os demais cidadãos”, aponta.

      Não é à toa que a imprudência aparece com destaque entre os principais fatores de risco levantados pelo Projeto Vida no Trânsito, principalmente entre os motociclistas (17,4%) e jovens (15,6%). Segundo a diretora Jussara Bellavinha, a alta incidência de envolvimento desses segmentos em acidentes com vítimas explica a necessidade de medir sua participação entre os principais fatores de risco. “Os jovens de 18 a 29 anos representaram 41% das vítimas. Por isso era importante saber sua participação nos acidentes”, afirma a representante da BHTrans. O mesmo, de acordo com ela, foi feito para medir a importância dos motociclistas, considerando também que a alta velocidade aparece como fator de risco importante para mortes e ferimentos graves entre os que pilotavam motos.

      “Na moto, também, vemos pessoas muito jovens se ferindo com gravidade e morrendo. Em primeiro lugar, porque é um veículo acessível a quem é mais novo e está começando”, afirma o perito Marcos Massaglim. “O número de inabilitados é grande. Basta ver que temos mais motos do que habilitados na categoria A”, acrescenta a diretora da BHTrans, explicando que o comportamento considerado inadequado para a pesquisa envolve atitudes como ultrapassagens proibidas, ziguezague entre carros e conversões não permitidas.

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