Vereadores esperam reforma política para mudar de partido

Tribuna da Bahia - A tão aguardada reforma política em discussão na Câmara dos Deputados poderá causar uma reviravolta em diversos partidos, e a Câmara de Salvador deve começar o próximo ano com uma configuração bastante diferente.

Além de J. Carlos Filho e Henrique Carballal, expulsos do PT, estarem para definir seus destinos partidários, pelo menos oito vereadores aguardam a aprovação da chamada "janela partidária" para definir se deixarão suas legendas de maneira juridicamente perfeita, sem sofrer a sanção do partido, que é de defender os seus mandatos.

Destes, incluindo os ex-petistas, a maioria está na expectativa do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), decidir para onde vai, uma vez que o próprio anunciou o interesse em deixar sua sigla – as especulações giram em torno do PSDB e do PMDB.

Embora a maioria deles desconverse sobre o assunto, nos bastidores afirma-se que, caso não seja aprovada a janela partidária, os edis insatisfeitos irão se desfiliar no último dia do prazo, em 05 de outubro, e seguirão com o prefeito, tido como um dos melhores do Brasil.

Na cola de Neto, estão: Duda Sanches (PSD), que, assim como o pai, está com as relações estremecidas com o governo estadual; Euvaldo Jorge (PP); Tiago Correia (PTN), que anunciou que só ficará na sigla caso ela não permaneça com o PT a nível estadual, o que já é considerado impossível; Atanázio Júlio, suplente de Correia, licenciado para assumir a Limpurb; Isnard Araújo (PR); Sabá (PRB); Geraldo Junior (SDD) e Leandro Guerrilha (PSL).

Destes, quem assume mesmo é Tiago Correia, que à Tribuna da Bahia já havia afirmado que ainda não definiu sua saída, mas que pode deixar o ninho petenista caso a direção do partido opte, definitivamente, por caminhar ao lado do governador Rui Costa. Mas se o seu suplente, Atanázio Julio, assumidamente "netista", resolver sair também, poderá lhe causar um transtorno: se isto acontecer o PTN vai requerer o mandato e partirá pra cima com tudo.

Em conversa com a Tribuna, uma fonte do legislativo municipal, que preferiu não ser identificada, informou que os vereadores Euvaldo Jorge (PP) e Geraldo Junior (SDD) pretendiam sair porque não estariam "numa situação confortável dentro de suas legendas". No caso de Geraldo Junior, a insatisfação seria em relação à falta de força e de unidade da sigla na Bahia. "O SDD não tem força, não é consolidado, não tem unidade, então pode ser que ele no SDD corra riscos. Ou ele tenta fazer uma coligação já agora, prévia, acordo de gaveta, ou teria que procurar outro partido para o próximo ano", deduziu a fonte.

Já Isnard Araújo (PR) estaria reclamando com alguns colegas próximos da sua falta de espaço e de autonomia na legenda. "Ou você acha que o dito bloco independente que ele criou com Sabá, Leandro e mais alguns foi à toa?", questionou.

A situação de Sabá seria a mais delicada. Conforme o que tem circulado nos corredores da Casa, ele tem reclamado do fato do PRB ser um partido completamente ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Preterido com frequência, quase nunca saindo da posição de suplente a qual ocupava antes da saída de Tia Eron, Sabá estaria temeroso de ser novamente deixado de lado nas eleições de 2016, quando especula-se que a IURD virá com um candidato para substituí-lo.

Embora o nome de Leandro Guerrilha seja especulado no que se ventila nos corredores, ele disse que a intenção é que o PSL firme com ACM Neto. "Mas isso é um entendimento que tem que ser do presidente. Minha opinião é continuar no partido, mas sendo da base do prefeito. Se não for selado, mas vamos esperar pra ver qual o caminho melhor", declarou Guerrilha.