Volkswagen é alvo de novos processos por trabalho análogo à escravidão em fazenda no Pará
Ex-trabalhadores relatam aliciamento, dívidas forçadas e vigilância armada em área controlada pela montadora nas décadas de 1970 e 1980
247 - A Volkswagen voltou a enfrentar ações judiciais no Brasil por acusações de trabalho análogo à escravidão relacionadas a uma antiga propriedade rural localizada no sul do Pará. Quatro ex-trabalhadores rurais ingressaram com processos individuais alegando que foram submetidos a graves violações de direitos enquanto atuavam na fazenda durante as décadas de 1970 e 1980. Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, os autores das ações afirmam ter sido recrutados por intermediários e levados à propriedade sob falsas promessas de trabalho.
Acusações remontam às décadas de 1970 e 1980
Segundo os relatos apresentados à Justiça, os trabalhadores foram submetidos a um sistema marcado por endividamento forçado, vigilância armada constante e restrições severas à liberdade de locomoção. Eles afirmam que eram impedidos de deixar a fazenda enquanto não quitassem as dívidas que, de acordo com as ações, eram artificialmente criadas. Os processos descrevem ainda um ambiente de controle rígido, no qual a saída da propriedade dependia da autorização dos responsáveis pela administração local.
Fazenda controlada pela montadora na Amazônia
A área em questão é oficialmente denominada Fazenda Vale do Rio Cristalino. À época, a propriedade era administrada por uma empresa controlada majoritariamente pela montadora alemã. O empreendimento chegou a ultrapassar 139 mil hectares, extensão territorial superior à do município do Rio de Janeiro, tornando-se um dos maiores projetos agropecuários privados da região.
Pedidos de indenização e prioridade judicial
As ações tramitam na Vara do Trabalho de Redenção, no Pará, e receberam prioridade de tramitação em razão da idade avançada dos autores e da gravidade das violações relatadas. Cada ex-trabalhador pede indenização de R$ 2 milhões por danos morais e existenciais, além do reconhecimento da imprescritibilidade do crime de trabalho análogo à escravidão.
Condenação anterior e novos desdobramentos
O novo movimento judicial ocorre meses após a Volkswagen ter sido condenada, em agosto de 2025, ao pagamento de R$ 165 milhões por dano moral coletivo em um processo relacionado à mesma fazenda. A montadora recorre da decisão, que segue em análise pelas instâncias superiores.

