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Ideias

Julian Assange e a guerra contra os delatores

Chris Hedges conversa com o jornalista Kevin Gosztola

Julian Assange (Foto: Reuters)
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Publicado originalmente no The Real News Network e no Chris Hedges Report em 20.01.23. Transcrição do vídeo traduzida e adaptada por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

Treze anos atrás, o WikiLeaks publicou extensos documentos vazados do governo dos EUA que detalham uma quantidade de documentos que detalham atos criminosos e antiéticos – desde a matança de civis na “Guerra Contra o Terror” até atos de espionagem contra chefes de estados estrangeiros. Desde então, a perseguição a Julian Assange não cessou. Neste ano, espera-se que Assange seja julgado nos EUA por violações do Ato de Espionagem [Espionage Act]. O jornalista Kevin Gosztola comparece ao The Chris Hedges Report para comentar os casos de Julian Assange e Chelsea Manning e discutir a guerra mais ampla de Washington contra delatores e a própria verdade.

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A longa perseguição de Julian Assange, o Publisher do WikiLeaks, está armada para culminar no seu ato final – um julgamento nos EUA, provavelmente neste ano. Kevin Gosztola passou a última década reportando sobre Assange, WikiLeaks e a guerra mais ampla contra delatores. O seu novo livro, ‘Guilty of Journalism: The Political Case Against Julian Assange’ [Culpado de Jornalismo: O Caso Político Contra Julian Assange], dispõe metodicamente as questões complexas, as grosseiras distorções do sistema legal usado para facilitar a extradição de Julian, que agora está numa prisão de alta segurança em Londres, os abusos de poder do FBI e da CIA, incluindo a espionagem das reuniões de Julian quando ele buscou refúgio na embaixada equatoriana em Londres com a sua família, médicos e advogados e as horríveis consequências para a imprensa, caso Julian seja condenado.

Kevin Gosztola se junta a mim para discutir o seu novo livro. Então, Kevin, você faz ... Eu penso que o seu livro e o de Nils Melzer são os dois livros que eu recomendaria às pessoas que não compreendem o caso. Eu uso este show nesta entrevista para efetivamente explicar às pessoas que não têm familiaridade com a longa perseguição de Julian e as anomalias legais que têm sido usadas contra eles. Você sabe quais são. Então, vamos começar com quais são as acusações, quais são as alegações – que é onde você começa o seu livro..

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Kevin Gosztola: Sim. E a intenção foi olhar para a frente e dizer que é provável que Julian Assange seja trazido aos EUA até o final de 2023, ou em 2024. Nós precisamos de algo lá para o público em geral, de modo que eles possam considerar a natureza sem precedentes do que está se desdobrando. E, assim, as acusações contra Julian Assange ... inicialmente ele foi indiciado em abril de 2019. Ou, me desculpe, foi então que isto foi revelado. No início, ele foi acusado de uma ofensa por crime de computador. Essencialmente, eles alegaram uma conspiração para quebra de senha. E esta foi de intrusão para concordar a ajudar anonimamente Chelsea Manning a ter acesso a computadores militares.

E depois as outras acusações foram de 17 atos de ofensas de espionagem. Obviamente, estas acusações receberam a maior atenção e foram aquelas recebidas com maior ultraje e discussões unânimes sobre a liberdade de imprensa, liberdades civis e as organizações de direitos humanos em todo o mundo. E estes são os realmente mais importantes e que causam o maior volume de alarme quando se vê o que o Departamento de Justiça dos EUA está alegando.

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É importante notar que, em 2020, isto voou abaixo do alcance do radar, mas eu entro nisso em grande detalhe no livro – estas alegações, esta narrativa que foi enxertada no verão de 2020. Logo antes de termos a audiência de extradição [de Assange] em setembro de 2020. Há um monte de fatos e detalhes ou alegações que são apresentadas sobre o que Assange fez, ou não fez, para promover o hacking para se alinhar com LulzSec ou membros do Anonymous. Eles criminalizam por prover proteção de fonte para Edward Snowden, o delator do NSA. E como todos estes e outros detalhes usados para engordar os indiciamentos e facilitar a vitória de uma extradição no tribunal britânico.

Chris Hedges: Eu quero voltar às acusações. Em primeiro lugar, será que Chelsea Manning já não tinha todas as senhas no Exército?

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Kevin Gosztola: Este é um ponto importante. Não há razão alguma, e é na verdade ilógico, o que o Departamento de Justiça dos EUA alega, porque ela [Manning] tinha acesso a estes computadores militares. Ela jamais teria que passar por estas bases de dados anonimamente a fim de ter acesso aos materiais. Na verdade, a equipe legal de Assange conseguiu ter os serviços de Patrick Eller, que foi um investigador criminal do Exército que efetivamente revisou tudo isso e descobriu que não há qualquer base substancial para aquilo que o governo dos EUA alega quando vem com esta conspiração de quebrar a senha.

Falando tecnicamente, não era possível que ocorresse qualquer quebra de senha, porque Julian Assange jamais recebeu qualquer informação necessária para fazer isso, ou para ajudá-la, e jamais teve toda a informação para fazê-lo. Porém, além disso, ela simplesmente não teria precisado fazê-lo, porque ela já  tinha acesso. Ela tinha autorização de segurança.

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CHRIS HEDGES: Também, a acusação de hacking de um computador é importante, porque eles usam isso para distinguir Julian Assange de publicações como o The New York Times ou o Der Spiegel, ou o The Guardian, que publicaram a mesma informação e sem a acusação de hacking, legalmente se pensaria que eles também eram responsáveis.

KEVIN GOSZTOLA: E isto faz parte de abrir isto para um debate. É por isso que se ouve falar tanto de, “Oh, ele é, ou não é um jornalista?” E ao fazer parecer que ele está engajado em hacking, quando ele era o editor-chefe do WikiLeaks, como você diz, que eles são capazes de criar esta animosidade contra ele e de tratá-lo como alguém que ele não é. Em algum ponto, ele deixa de ser um jornalista porque ele era a favor de entrar nos sistemas de computadores do governo.

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CHRIS HEDGES: Então, você cobriu a corte marcial de Chelsea Manning e eu queria que você explicasse o que ocorreu e por que o papel dela na corte marcial foi um momento tão importante em toda esta saga..

KEVIN GOSZTOLA: Chelsea Manning foi sentenciada a 35 anos de prisão. Isso foi em 2013. E ela foi condenada por todas as ofensas pelas quais foi acusada de cometer sob o Ato de Espionagem, pela divulgação de documentos que estão em questão neste caso. E estes são os maiores conjuntos de documentos que deram ao WikiLeaks a consagração. Estes são os registros das guerras no Afeganistão e no Iraque. E também os telegramas da Embaixada dos EUA, os arquivos de Guantánamo que foram publicados, aqueles relatórios de avaliação dos detidos. E também havia alguns arquivos aqui e alí que são notáveis, porém não são muito cobertos, como os arquivos das regras de engajamento. E depois, obviamente, há um vídeo de assassinato colateral da Chelsea.

Ela foi condenada por ele, porém foi crucialmente inocentada da ofensa de ajudar o inimigo, que foi esta acusação um dos aspectos mais perturbadores e problemáticos contra Chelsea Manning na corte marcial. Tudo isso foi realmente problemático de ver sendo desdobrado contra ela, mas esta ideia que, devido a informação que ela transmitiu ao WikiLeaks e foi tornada publicamente disponível para o mundo todo, que ela estaria ajudando de alguma maneira os terroristas do Al-Qaeda – como o promotor militar disse – que foi algo que chamou a atenção da ACLU (American Civil Liberties Union / União pelas Liberdades Civis dos EUA) e da Anistia Internacional. Todos estes grupos disseram que isso era algo contra o qual tinha que se protestar e não deveria ir adiante. O juiz não deveria tê-la condenado.

Então, ela escapou desta acusação. Ela também foi inocentada de uma acusação sobre a qual eles não conseguiram provar os fatos, porque jamais foram capazes de provar que ela vazou, ou tinha este vídeo do massacre de Granai no Afeganistão, este horroroso massacre que é bem conhecido no Afeganistão, obviamente. Então, a razão pela qual a corte marcial é algo que as pessoas deveriam manter fresco nas suas mentes, apesar de parecer como uma antiga história a uma década, é o fato que, quando eu cobri isto, os promotores jurídicos militares jamais levantaram qualquer coisa como, “Oh, houve uma conspiração entre Julian Assange e Chelsea Manning.

Na verdade, quando os promotores foram indagados pelo juiz, se você substituísse WikiLeaks por The New York Times, vocês mesmo assim processariam este caso da mesma maneira? Isto significa: Vocês acusaram Chelsea Manning por ajudar o inimigo? Eles disseram que sim, com hesitação. Portanto, não faria diferença alguma. Sendo o Wikileaks ou o The New York Times, eles teriam acusado Manning da mesma maneira. Eles a teriam criminalizado por ser a fonte de mídias e a golpeariam tão fortemente quanto o fizeram.

O que isso diz é que, naquele momento, eles não estavam vendo o Wikileaks coo uma entidade hostil. Eles não estão tratando o Wikileaks como qualquer coisa diferente do que esta nova organização de mídia que está fazendo algo que seja diferente daquilo que o padrão de mídia do ‘establishment’, ou as organizações de prestígio das mídias tenderiam a fazer com documentos classificados [secretos]. Há um relatório deste Centro de Inteligência do Exército que Chelsea Manning divulgou; este foi um dos relatórios pelos quais ela foi acusada de divulgar que indicava que as forças militares efetivamente analisaram o WikiLeaks e chegaram à conclusão que Assange era como se fosse um correspondente estrangeiro ou escritor que eles se deram ao trabalho de autenticar documentos que o WikiLeaks era um website no qual eles carregaram documentos sobre equipamentos militares e que eles tinham responsabilidade jornalística pelas novidades das informações que eles estavam carregado no website deles.

Isso mostra que eles compreenderam que isto não era o que Mike Pompeo estava contando às pessoas que o WikiLeaks estava ... em 2017. Não, esta era uma organização de mídia de notícias que estava publicando documentos dos EUA sobre guerras no Oriente Médio.

CHRIS HEDGES: Essencialmente, eles tiveram que criar novas acusações para criar uma distância entre o WikiLeaks e as mídias tradicionais, não é?

KEVIN GOSZTOLA: Sim. Essencialmente, é isso o que vocês estão vendo. Quando você vê a CIA entrando e desempenhando o seu papel, o que eles estão fazendo, basicamente, é tornar claro que eles veem o WikiLeaks como algo diferente do The New York Times ou o Washington Post, ou o The Guardian. Ao fazê-lo, é por isso que eles sentem que têm autoridade para tomar estas medidas extralegais e extrajudiciais de contrainteligência para perseguir, mirar e destruir uma organização como o WikiLeaks.

CHRIS HEDGES: Você pode comentar sobre a acusação de que o WikiLeaks divulgou informações que colocaram em perigo as vidas dos informantes ou colaboradores que foram usadas contra o WikiLeaks.

KEVIN GOSZTOLA: Assim de improviso, neste momento eu não consigo me lembrar do nome do indivíduo, mas eu penso que o nome dele era Robert Carr. De qualquer maneira, havia uma autoridade que testemunhou durante esta corte marcial militar a quem foi solicitado pelos procuradores para falar sobre esta ideia de que os Talibãs foram adiante e executaram um indivíduo, porque ele foi nomeado em documentos que o WikiLeaks havia publicado. Neste ponto, David Coombs interrompeu a corte e contou ao juiz que ---

CHRIS HEDGES: David Coombs era o advogado de Manning.

KEVIN GOSZTOLA: David Coombs era o advogado de Chelsea Manning. Ele interrompeu a corte e conseguiu fazer que o juiz reconhecesse que os procuradores estavam mentindo para ela e que esta testemunha agora estava deliberadamente enganando a corte sobre o que ocorreu, porque na verdade os Talibãs não executaram pessoa alguma devido ao fato que eles não foram nomeados num documento do WikiLeaks. Esta testemunha foi forçada a abjurar o seu testemunho. Na verdade, o juiz efetivamente repreendeu os procuradores e disse que ela estava anotando nos seus registros que ninguém tinha sido morto pelos Talibãs como resultado dos documentos o WikiLeaks. 

Então, durante toda esta corte marcial, não houve uma única pessoa listada nos registros públicos que as autoridades estadunidenses foram capazes de alegar que foram mortas porque o WikiLeaks as expôs a este dano. Então, isto foi um canário [como o alarme dentro de minas]. Efetivamente, para crédito das mídias do establishment que lá estavam, eu lembro que, na verdade, a Associated Press fez um pouco de reportagem e analisou esta alegação.

Eles até disseram que WikiLeaks não tinha sangue nas suas mãos, porque não conseguiram encontrar evidência alguma. Houve um indivíduo, penso que foi na Etiópia, que se sabia que havia fugido, que disse que eles temiam pelas suas vidas porque foram nomeados – que eu penso que tenha sido num telegrama da Embaixada dos EUA. O que você deve se lembrar é que estes telegramas detalharam uma grande repressão e autoritarismo, e coisas desta natureza, que estavam ocorrendo naqueles países.

Então é tão verdade que, se eles foram nomeados nos telegramas, que eles poderiam enfrentar alguma repercussão. Era tão verdade que o Departamento de Estado, ao se alinhar com estes ativistas, poderia expô-los a danos causados pelo seu governo, porque estes governos podiam vê-los, podiam ver o governo dos EUA interferindo e tentando fazer estes ativistas a fazerem algo à favor dos EUA que talvez os governos não quisessem permitir que o governo dos EUA fizesse.

CHRIS HEDGES: Os documentos não-censurados foram tornados públicos, não por causa de Julian, mas porque Luke Harding, no seu livro sobre o WikiLeaks que foi lançado...  publicou a senha que permitiu que estes documentos fossem abertos.

KEVIN GOSZTOLA: Sim. E este é um dos maiores contratempos das mídias que foi jogado pela promotoria. Eu digo que isto é algo que ajudou e foi cúmplice da acusação feita pelo Departamento de Justiça dos EUA.

CHRIS HEDGES: Eu tenho um capítulo chamado de “Como o governo dos EUA vê o WikiLeaks? Não como jornalismo, apesar de eu ter trabalhado para o The New York Times e, toda vez que cometemos um erro, isso entrava na caixa de erros ao final do ano. Na nossa revisão de final de ano, nós recebíamos uma lista dos erros – e não se queria ter uma lista muito longa. Eu não acredito que o WikiLeaks tenha jamais tido que retratar-se de qualquer coisa que eles publicaram.

KEVIN GOSZTOLA: Não. Eu apresentei isto porque penso que nós temos que pensar sobre isto de maneiras diferentes. Então, há o que o governo dos EUA diz hoje, e se você perguntar ao governo dos EUA o que o WikiLeaks é, você provavelmente fará com que eles lhe respondam. Qualquer autoridade provavelmente dirá algo do tipo que eles são uma entidade hostil. No orçamento militar de 2020 que foi aprovado, ou o orçamento da defesa, que na verdade não é um orçamento de defesa, eles destacaram e fizeram o Congresso aprovar que o WikiLeaks é essencialmente um serviço não-estatal hostil de inteligência.

CHRIS HEDGES: Foi assim que Biden os descreveu.

KEVIN GOSZTOLA: Mas isto é o que Mike Pompeo, enquanto diretor da CIA, os rotulou quando era diretor da CIA. O que é crucial, penso eu, na minha visão – porque estamos falando sobre eventos que ocorreram nos idos de 2010 e 2011 – os advogados de Julian provavelmente o arguirão desta maneira. Esta é a maneira pela qual eu apresentaria o tema afim de defender Julian Assange – dizendo que isto não importa. O que o governo dos EUA pensava sobre o WikiLeaks em 2010 ou 2011? E a evidência é que, naquela época, eles não os viam como uma organização hostil.

Não havia alegações de que ativos da Rússia estavam passando informações ao WikiLeaks. Eles viam inequivocamente como esta organização constituía uma ameaça ao governo dos EUA, porque como disse Geoff Morrell – que então era o Secretário do Pentágono – esta é uma organização que não respondia a ninguém e eles [o Pentágono] não pensavam que seriam capazes de negociar com eles de maneira que poderiam negociar com o The New York Times ou o Washington Post, a fim de fazê-los reter os documentos e de não revelá-los – como nós sabemos que ocorreu na história do The New York Time e do Washington Post, seja quando envolvia bases secretas de drones ou escutas não-autorizadas, só para nomear alguns exemplos. 

CHRIS HEDGES: Neste caso, eles têm razão. Vamos falar sobre o Ato de Espionagem. O Obama usou o Ato de Espionagem para perseguir todos os tipos de delatores – Kiriakou, Drake e outros. Depois, Trump usou o Ato de Espionagem contra Julian. Então, temos o primeiro passo contra os delatores e um segundo passo tomado pelo governo Trump para usar o Ato de Espionagem contra um jornalista. E isso levanta o fato de que Julian não é um cidadão estadunidense e o WikiLeaks não é uma publicação com sede nos EUA. Você menciona isso no livro, mas fale sobre o Ato de Espionagem.

KEVIN GOSZTOLA: O Ato de Espionagem tem mais de 100 anos de idade. Há que remontar a 1917, sob o presidente Woodrow Wilson. E ele foi escrito a fim de suprimir o declínio antiguerra. Ele foi feito para perseguir pessoas que não queriam ver os EUA assumirem um papel maior e se envolverem na Primeira Guerra Mundial, a entrar na Primeira Guerra Mundial. E eles perseguiram as pessoas que eram contra a guerra, socialistas, comunistas e então tinham um mecanismo através do qual eles eram capazes de perseguir pessoas que estavam panfletos.

Eles eram capazes de perseguir publicações que promoviam o sentimento contra a guerra. E eles, essencialmente, usaram o Ato de Espionagem para desafiar estas pessoas e processá-las. Houve milhares de casos processados nos anos de 1920 sob o Ato de Espionagem. E então havia uma das várias leis de sedição que foram usadas contra as pessoas de esquerda.

A lei diz que não é permitido divulgar informações sobre a defesa nacional, ou informações relativas à defesa nacional para qualquer um que não esteja autorizado a recebê-las. Ela também diz que não é permitido fazê-lo com a intenção de causar dano ou prejudicar os EUA, ou, essencialmente, se você sabe que isso daria alguma vantagem a uma potência estrangeira

Então, ela pressupõe que você tenha algum conhecimento sobre a informação. E, tipicamente, o que vimos com estes processos do Ato de Espionagem é que você assinaria um acordo de confidencialidade quando você recebesse a sua autorização de segurança. Então, todas essas pessoas que são, essencialmente, fontes das mídias ou delatores que estão sendo processadas sob o Ato de Espionagem; durante o governo do presidente Obama, elas assinaram acordos de confidencialidade – o que lhes deu um pouco de responsabilidade. É isso que o Departamento de Justiça alegaria. Isso não diminui a sua coragem ou a sua consciência em exporem o que elas veem como abuso e corrupção.

Mas isso é algo que, quando você vai adiante, você chega a um jornalista como Julian Assange e ele jamais assinou qualquer acordo de confidencialidade. Ele não tem responsabilidade sobre estes documentos que o governo está alegando agora. Ele é um criminoso por expor os documentos e não é alguém sobre quem o governo dos EUA tem qualquer alegação contra, eles não podem culpá-lo de qualquer coisa e, no entanto, eles estão empurrando isto e estão dizendo, essencialmente, que “Você e eu, caso nós recebamos documentos secretos que vêm do governo dos EUA e que eles não querem que sejam publicados, eles podem nos perseguir com uma acusação, porque estes documentos ainda são considerados como sensíveis pelo governo dos EUA.

Esta foi apenas uma progressão natural. Houve pessoas que falaram contra a guerra aos delatores sob o governo Obama, quando ele atacou e foi adiante com os casos que herdou, como caso de Thomas Drake, o caso de John Kiriakou – um delator da CIA – quando ele visou estas pessoas e as levou aos tribunais. A fase seguinte seria não só de perseguir as fontes, mas de perseguir os jornalistas que estavam engajados em expor coisas que eram prejudiciais ao estado de guerra. 

Enquanto Obama estava aperfeiçoando o complexo de assassinatos e a lista de capacidades de matar a serem usadas, e avançou o programa de drones para matar pessoas no estrangeiro enquanto ele aperfeiçoava regimes indefinidos de detenção militar e segue fazendo mais guerras de ocupação, ou permitindo que estas sigam sem cessar, eles dizem: “Para nós é importante fazer alguém de exemplo”.

Um dos funcionários de Obama, Dennis Blair, efetivamente disse que eles reconheceram que estavam ocorrendo tantos vazamentos, que eles precisavam de alguém para servir como exemplo, de modo que as pessoas soubessem que havia consequências se alguém vazasse para a imprensa.

CHRIS HEDGES: Foram oito pessoas que eles usaram como exemplos – oito ou nove?

KEVIN GOSZTOLA: Eu penso que quando Obama terminou o seu governo, eram 11 ou 12. E depois, sob Trump, tivemos um número pequeno de casos que eram bem conhecidos, e estes eram ... Na verdade, um deles foi herdado – o caso de Daniel Hale contra ele. É importante mencioná-lo porque ele está numa unidade de gerenciamento de comunicações no estado onde eu vivo, e ele está em uma das condições mais duras que qualquer outro jamais processado pelo Ato de Espionagem. Basicamente, ele está confinado como se fosse um terrorista.

CHRIS HEDGES: Ele expôs o programa de drones e a matança abrangente de civis. Vamos falar sobre o Vault 7. Isto pareceu mudar o jogo para Julian. Muitas pessoas alegam que se deve explicar o que o programa Vault 7 era, mas que a revelação sobre as ferramentas de hacking da CIA nos nossos telefones, computadores, etc., efetivamente selou o destino de Julian. Fale sobre o Vault 7 e o papel que este desempenhou no pedido de extradição [de Julian].

KEVIS GOSZTOLA: Só para ser claro, eu não estou sugerindo inadvertidamente que Julian Assange fez algo que ele não fez. Eles [WikiLeaks] não publicaram as transcrições destas ferramentas para que as pessoas pudessem efetivamente usá-las e para fazerem os seus próprios hackings; eles publicaram os detalhes deste arsenal de hacking que a CIA tinha na ponta dos seus dedos. Eles expuseram estes programas altamente sensíveis nos quais a CIA estava engajada ofensivamente e sobre os quais não tivemos debate algum.

Nós jamais falamos sobre se isso era algo que nós pensávamos que deveria ocorrer globalmente, com a CIA fazendo hacking em todos os tipos de sistemas. Havia coisas relativas a ‘malware’ e maneiras pelas quais eles podiam embutir dispositivos de escuta em TVs Samsung e aplicativos de mensagens criptografadas como Signal e WhatsApp que as pessoas usam para se comunicar. Com algum bocadinho de privacidade, nós descobrimos que estes aparatos estavam sendo comprometidos pela CIA.

Isso foi uma coisa grande, mas que perturbou tanto a Mike Pompeo que, segundo reportou o Yahoo News e sobre o que falarei com mais detalhes numa outra pergunta. Até agora, sabemos que Mike Pompeo ficou enormemente envergonhado e não queria enfrentar Donal Trump para lhe dizer que havia perdido o controle destes arquivos. E isso se coaduna com o espírito vingativo com o qual a CIA decidiu perseguir e destruir mais ainda o WikiLeaks e a persegui Assange, para forçá-lo a sair da embaixada [equatoriana em Londres].

Então, esta reportagem do Yahoo News – que é efetivamente o único canal de notícias das mídias tradicionais, um canal de mídia  de notícias que investiu algum esforço para tentar revelar o que a CIA havia feito contra o WikiLeaks e que publicou essa reportagem sobre os planos de uma Guerra Secreta engendrada por Pompeo e funcionários da CIA.

Essencialmente, estes documentos diziam que eles [a CIA] estavam planejando raptar – ou se pode entender como uma rendição, ou mesmo o envenenamento de Julian Assange – o que consistiria numa tentativa de assassinato. E também por rotular WikiLeaks como uma entidade hostil, eles conseguiram evitar qualquer supervisão do que eles tinham que fazer. Quero dizer, o que é supervisão, seja como for? O congresso não faz qualquer supervisão, mas eles não teriam de deixar o Congresso ou a Casa Branca saberem o que a CIA estava fazendo, porque podiam alegar que o WikiLeaks era um serviço de espionagem rival. E, como eles perseguiam o WikiLeaks, eles podiam tentar perturbar a arquitetura digital do website do WikiLeaks. Eles podiam tentar roubar os aparatos eletrônicos das pessoas que eram da equipe ou associados do WikiLeaks. 

Eles poderiam implantar informações danosas ou falsas contra as pessoas dentro do WikiLeaks e tentar jogar umas contra as outras e criar batalhas internas. Esta é uma tática clássica de COINTELPRO que foi usada contra a esquerda nos anos de 1960 e no início dos anos de 1970. Isso era algo que, quando os arquivos de Vault 7 foram revelados, eles então conseguiram permissão dentro da sua organização para atacar e efetivamente neutralizar o WikiLeaks e também colocar as suas mãos em Julian Assange.

CHRIS HEDGES: É exatamente o que ocorreu na UC Global – a empresa de segurança espanhola que trabalhava para a embaixada equatoriana em Londres. Eles espionaram Julian para a CIA, incluindo a filmagem dos seus encontros com os seus advogados, eviscerando assim os privilégios entre advogados e clientes. Nos restam apenas cerca de cinco minutos. Quero que você fale sobre o papel do FBI e do ‘grand jury’ que ele enfrenta sob o Ato de Espionagem. Cada ato supostamente corresponde a 17 violações do Ato de Espionagem. Cada um implica em uma sentença de 10 anos, cinco por supostamente hackear um computador do governo. Isso dá um total de 175 anos.

Fale sobre para onde ele seria enviado no Distrito Oriental do estado da Virginia, porque esta é a central do terrorismo para o judiciário dos EUA. Há um horrível linchamento de todo o tipo de pessoas que foram levadas para lá – incluindo Samuel Erian e outros. Obviamente, Chelsea Manning também está lá. Mas, fale sobre o que ocorrerá se ele for extraditado.

KEVIN GOSZTOLA: Deixe-me apenas tocar rapidamente em alguns pontos aqui. Caso ele seja julgado no Distrito Oriental da Virgínia, é muito improvável que ele tenha um julgamento justo, porque ou ele tem a opção de um júri composto por pessoas oriundas do que chamamos de América Altamente Secreta – que é o que Bill Arkin e Dana Priest chamaram há mais de uma década. Estas pessoas que trabalham para empreiteiras militares, empreiteiras de segurança nacional – seja se trabalham para agências militares ou possam trabalhar para partes do governo dos EUA, ou que possam não trabalhar para estas agências, porém têm familiares ou parentes que trabalham para estas agências.

Este seria o júri que decidiria se Assange é culpado destes crimes políticos. E então, se ele dissesse não a um júri, porém quisesse que o juiz decida, o juiz provavelmente seria alguém que demonstrou historicamente uma deferência ao estado de segurança nacional. Então, ele terá problemas, seja como for. A investigação do grand jury é uma história que efetivamente não tem sido focalizada tão amplamente como deveria, porém a maneira como foi usado remonta a 2011 e foi uma pescaria – parecida com expedições de pesca que foram lançadas contra ativistas de esquerda.

Eu penso que Chelsea Manning foi o exemplo mais claro do que este grande júri estava tentando fazer a fim de destruir uma pessoa que mantém os seus princípios morais ou políticos. E ela foi colocada nesta posição, na qual eles basicamente queriam abjurar a sua declaração dada na corte marcial dos EUA, de modo que pudessem tentar fazer parecer que ela fazia parte de alguma conspiração na qual ela teria sido designada para vazar documentos que o WikiLeaks teria solicitado à ela para entregar a Julian Assange. Ela se recusou a fazê-lo e ficou na prisão por um ano.

E depois, eu devo só dizer rapidamente sobre o domínio do FBI: Siggi Thordarson foi nomeado neste indiciamento de 2020 ao qual eles adicionaram estas novas alegações. E esta é a pessoa que o FBI levou à Islândia de avião para entrevistar, alguém que foi acusado de muitos, muitos crimes, incluindo sexo com menores de idade e esquemas de peculato. Ele roubou mais de US$ 50.000 da loja do WikiLeaks.

Ele foi aprisionado em 2021 porque estava cometendo tantas atividades criminosas que a Islândia precisou invocar uma provisão na lei deles para impedi-lo e para prendê-lo. E ele está trabalhando com o FBI, ou é citado no indiciamento. É assim que eles têm um monte destas mentiras sobre Julian Assange supostamente estando envolvido em hacking; mais tarde, ele negou isso numa entrevista ao jornal islandês Stundin e o ministro do interior da Islândia efetivamente expulsou o FBI da Islândia quando eles descobriram que estavam lá porque a Islândia sabia que eles estavam tentando usar Siggi como uma isca para atingir Julian Assange. 

CHRIS HEDGES: Ótimo. Temos que parar por aqui. Este foi Kevin Gosztola falando sobre o seu livro ‘Guilty of Journalism: The Political Case Against Julian Assange’. Quero agradecer ao Real News Network e a sua equipe de produção: Cameron Granadino, Adam Coley, David Hebden e Kayla Rivara. Vocês podem me encontrar no website www.chrishedges.substack.com 

Pessoa Nº 4: E o Chris Hedges Report conseguiu algum tempo extra agora, com alguns minutos de material de bônus com Chris e Kevin Gosztola.

CHRIS HEDGES: Você pode falar sobre a ideia de retaliação? Você pensa que esta é a principal motivação por trás da perseguição dos EUA contra Julian?

KEVIN GOSZTOLA: Na minha visão, o governo dos EUA está tentando impor um tipo de disciplina sobre os jornalistas para que estes não cubram certos aspectos das operações militares, a verdadeira natureza da guerra; que eles tampouco se alinhem com pessoas do governo dos EUA que vazaram estes massivos conjuntos de documentos. Penso num sentido idealista, mas um tipo muito não-realista de sensibilidade. 

O governo dos EUA gostaria que o The New York Times ou o Washington Post reconhecessem que Julian Assange foi usado como um exemplo. “Se lhes enviam centenas de milhares de documentos, nós queremos que vocês nos avisem que estes lhes foram enviados e que vocês façam parte da investigação criminal, de modo que nós possamos ir até o fundo e descobrir quem está vazando” - ao invés de fazer o que o WikiLeaks fez, que é o seguinte: este material é enormemente informativo e importante para o interesse público, e nós devemos compartilhá-lo com todos no mundo inteiro, de modo que eles possam saber o que o governo dos EUA fazem nas suas guerras e como eles são corruptos na sua diplomacia”.

CHRIS HEDGES: Foi exatamente isto que o The Intercept fez com Reality Winner, não é? Você pode explicar.

KEVIN GOSZTOLA: Certo. Porque eles mostraram que haviam recebido aquele documento.

CHRIS HEDGES: Eles mandaram a eles os documentos e não os censuraram. Assim, ficou muito claro quem os enviou e ela foi presa.

KEVIS GOSZTOLA: Eles querem atemorizar as organizações de mídias de que isto pode acontecer com você. Aquela coisa toda do secretário do Pentágono Geoff Morrell dizendo: “O WikiLeaks nada deve a ninguém”. O que eles querem é acabar com esta independência. Eles querem só jornalistas que estejam dispostos a sentarem-se nas cadeiras das conferências de imprensa e fazerem perguntas sobre ... digamos que o chefe do Pentágono responderá e depois, sejam as respostas quais forem, eles as anotarão e voltarão às suas redações para reportar exatamente isto.

Talvez eles façam um pouco de investigações sobre crimes de guerra, mas, em última instância, se o Pentágono decide que não cometeram um crime, eles aceitam isso como sendo a verdade e seguem adiante – o que, em geral, sejamos honestos, o The New York Times ou o Washington Post aceitam mesmo estas informações do Pentágono como sendo o que rege a nossa compreensão dos eventos. Assim, eu não penso que haja efetivamente muitas ameaças de que eles sejam tão independentes como teme o governo dos EUA.

KEVIN GOSZTOLA: Você é muito crítico das mídias do establishment – justificadamente – e você cita numerosos exemplos para provar a incapacidade deles de fazer reportagens exaustivas ou boas. Fale sobre o que você viu na última década, como você reportou isso observando como eles reportaram isso.

KEVIN GOSZTOLA: Falando em geral, eu sou altamente crítico das mídias do establishment nos EUA. Quando foi apresentado o indiciamento se Julian Assange, o que se viu imediatamente nas redes de radiodifusão e várias organizações de mídias foi: Estou tentando encaixar isso na narrativa do Russiagate que nos foi alimentada sobre alegadas interferências da Rússia na eleição para promover Donald Trump e para elegê-lo para a Casa Branca quando, na verdade, o indiciamento nada tinha a ver com isso. E não há uma única palavra sobre o fato que o indiciamento tenha alguma relação com todas estas alegações que foram apresentadas e jamais provadas, nem corroboradas pelo advogado especial Robert Mueller, quando ele fez a investigação; ele nada encontrou para indiciar Julian Assange por quaisquer crimes, nem coisa alguma para comprovar qualquer uma destas vis alegações que foram feitas sobre o WikiLeaks. 

No livro, eu sou muito específico, porque a década... Você pode escrever um livro inteiro sobre as más-práticas das mídias sobre o WikiLeaks e a maneira pela qual eles alimentaram isso e facilitaram o processamento jurídico do governo dos EUA contra Julian Assange. Porém, eu analisei alguns exemplos que efetivamente faziam referência ao caso da procuradoria contra Julian Assange, os quais foram usados para fazer extraditá-lo para os EUA.

Primeiro, foi David Lee publicando a senha no livro que ele escreveu em coautoria com Luke Harding e como aquela senha levou aos telegramas estadunidenses que estavam disponíveis para serem lidos online – não censurados, colocando a todos em grandes riscos – e que deixaram Julian Assange lutando e ele teve que tentar advertir o Departamento de Estado [sobre os mesmos]. Obviamente, eles não quiseram falar com ele, porque não querem cooperar e tratá-lo como um jornalista. Eles quiseram usar isto como um pretexto para perseguir Julian Assange e o WikiLeaks – o que eles foram capazes de fazer.

A outra coisa que há nesta história que foi publicada pela CNN, alegando que a embaixada equatoriana [em Londres] foi usada por Julian Assange como um posto avançado para interferir nas eleições. E isto foi referendado por Baraitser e também faz parte do caso da extradição.

CHRIS HEDGES: Baraitser é o juiz em Londres que supervisiona o caso de Julian?

KEVIN GOSZTOLA: Sim, o Juiz Baraitser foi o juiz distrital que inicialmente ouviu os argumentos contra a extradição. E esta história é incrível, porque usou os arquivos da UC Global, os mesmos arquivos que foram passados para o jornal El País na Espanha; o El País os leu e viram o que nós vimos. Eles viram que os privilégios entre advogado e cliente foram violados. Que os direitos dos jornalistas estão sendo violados. Que a privacidade das pessoas está sendo violada. Essencialmente, Julian Assange e a sua família estão sendo visados por bandidos. Porém, para a CNN, porque eles tinham que seguir adiante na sua narrativa sobre o WikiLeaks e a Rússia, eles usam isto basicamente para conjurar e inventar uma estória sobre um posto avançado para interferir na eleição- o que leva adiante a demonização de Assange e facilita a prosseguir na sua acusação.

CHRIS HEDGES: Seguindo o julgamento em Londres, eu estive em algumas das oitivas. Penso que, como eu, devido a todas as anomalias que testemunhamos no julgamento, que você também vê isto apenas como um caso pré-julgado e que, infelizmente, é muito provável que Julian seja extraditado. Mas, fale sobre o aspecto da perseguição em Londres.

KEVIN GOSZTOLA:  O aspecto de Londres é flagrante, porque você vê bem à sua frente como o Reino Unido é um estado-cliente do governo dos EUA. Eles não estão agindo independentemente. Há algumas ótimas reportagens às quais eu fiz referência no meu livro do Declassified UK. Matt Kennard e Mark Curtis fizeram um bom trabalho sobre este caso. Eles entram em detalhes sobre como o judiciário britânico está comprometido. Há um juiz-chefe na alta corte e ele é amigo de um ministro, ele frequentou a universidade com o ministro – acredito que tenha sido em Oxford – que faz parte da operação que é planejada para purgar e remover Julian Assange da embaixada equatoriana.

Ele está celebrando. Ele está fazendo uma viagem ao Equador e dando presentes para pessoas no Equador e congratulando-os pelo bom trabalho feito. Este é o governo do Reino Unido. Priti Patel, quando ela era a secretária do interior do Reino Unido e autorizou a extradição, ela está advogando uma lei de espionagem expandida no Reino Unido, de modo que eles possam reprimir jornalistas e delatores em grau maior. Atualmente, os EUA estão trabalhando com países europeus, a Austrália e o Canadá – os países dos Cinco Olhos – para que eles expandam as suas leis de espionagem, para que estas se pareçam mais com o Ato de Espionagem dos EUA.

Então, o que nós estamos vendo no caso de Julian Assange e o esforço para extraditá-lo é um modelo para controlar o fluxo de informações sobre questões de segurança nacional e operações militares controlando como nós reportamos sobre a OTAN e o que está ocorrendo na Ucrânia e outros teatros de conflitos. Basicamente, eles estão usando isso para enviar uma mensagem de que isso é o que pode ocorrer à você caso você se desvie para fora das narrativas aceitáveis.

CHRIS HEDGES: Ótimo. Esse foi Kevin Gosztola, falando sobre o seu livro ‘Guilty Of Journalism: The Political Case Against Julian Assange’.

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