CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Ideias

Os gerentes da narrativa imperial sempre tentam fazer a paz parecer não-natural, diz Caitlin Johnstone

“Tudo o que precisamos para conseguir que as pessoas vejam a paz como normal e a guerra como anormal é lembrar às pessoas aquilo que elas já sabem por dentro”

(Foto: Reprodução)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Artigo de Caitlin Johnstone originalmente publicado no site da autora em 12/3/23. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

Eu reclamei a semana toda sobre a chocante escalação da propaganda de guerra contra a China nas mídias tradicionais da Austrália. Eu sinto que poderia facilmente gritar sobre isso por mais um mês, sem esgotar o vitríolo para os malucos nojentos que estão empurrando esta sujeira para dentro das consciências dos meus conterrâneos. Realmente, não se pode dizer suficientes coisas cruéis sobre pessoas que estão tentando abertamente pavimentar o caminho para uma guerra mundial da Era Atômica; num remoto mundo são, tais monstros seriam expulsos da civilização humana e morreriam frios e sozinhos num lugar selvagem com nada a não ser a sua sede de sangue para lhes fazer companhia.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Uma das coisas mais detestáveis ditas durante este último ataque de propaganda apareceu na declaração conjunta feita pelos cinco “especialistas” (leia-se: militaristas contra a China financiados pelo império) recrutados pelos jornais Sydney Morning Herald e The Age para compartilhar as suas obscenas opiniões belicistas numa apresentação parecendo-oficial para as mídias. Este parágrafo ficou chacoalhando na minha cabeça desde a primeira vez que o li:

“A Austrália deve se preparar. O mais importante de tudo é a mudança psicológica. As recentes décadas de tranquilidade não foram a norma das questões humana, mas sim uma aberração. As férias da Austrália da história se acabaram. Os australianos não devem temer, mas devem estar alerta para as ameaças que enfrentamos, as decisões difíceis que devemos tomar e saber que temos a ação. Esta mobilização de estado de espírito é o prerrequisito essencial para qualquer confrontação de sucesso com a China.”

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Você vê o que eles estão fazendo com isso? Estes belicistas profissionais contra a China estão tentando explicitamente enquadrar a paz como uma “aberração” estranha e a guerra como a norma do status quo. Eles estão dizendo que os australianos precisam de uma “mudança psicológica” e uma “mobilização de estado de espírito” de pensar que a paz é normal e saudável para pensarem que a guerra é normal e saudável.

O que, obviamente, é insanamente invertido e uma começão-de-merda. Toda pessoa normal e saudável considera a paz como a posição-padrão e a violência como uma aberração rara e alarmante que deve ser evitada sempre que possível.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Sabemos que isto é verdade a partir da nossa vivência humana normal das nossas próprias vidas pessoais. Nenhum de nós passa a maior parte do nosso tempo em brigas de socos, por exemplo; qualquer um que passa a maioria da vida desperta atacando fisicamente as pessoas, ficou provavelmente trancado em algum lugar por muito tempo. Se você já participou de uma briga de socos, você se lembrará que ela foi vivenciada como uma ocorrência rara e alarmante, e tudo no seu corpo estava gritando o tempo todo para você que isto era uma coisa bizarra e não-natural que precisava terminar o mais rápido possível. Para pessoas saudáveis, a violência é vivenciada como anormal e a sua ausência é vivenciada como normal.

Esta posição normal e patamar básico é o que os gerentes da narrativa imperial passam a maioria do seu tempo tentando fazer todo mundo “mudar psicologicamente” para longe, nos dando propaganda ao invés de aceitar o conflito e o perigo contínuos como a norma. Tal mudança é benéfica para o império e para propagandistas profissionais da guerra, e é inteiramente destrutiva para os demais. Ela faz com que aceitemos as condições que causam dano diretamente aos nossos interesses e nos torna loucos e neuróticos enquanto uma civilização.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No entanto, você vê isso o tempo todo, como se, sempre que há um empurrão para retirar tropas imperiais de alguma parte do Oriente Médio, onde elas estavam durante anos, ou a menor discussão de talvez não aumentar o orçamento militar deste ano, ou o ceticismo sobre despejar armamentos numa parte devastada por violência do mundo é a coisa mais sábia e mais útil a fazer.

Em qualquer momento em que vemos o menor começo de um minúsculo movimento na direção de afastar-se do caminho do belicismo e do militarismo incessantes, os especialistas e os políticos começam a balir palavras como “isolacionismo” e “apaziguamento”, numa tentativa de clamar pela desescalação, desmilitarização, diplomacia e distensão pareçam bizarras e anormais, em contraste com o status quo são e responsável de arremessar-se na direção de uma armagedon nuclear a todo vapor.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A tarefa deles é de anormalizar a paz e normalizar a guerra, o que quer dizer que o nosso trabalho enquanto seres humanos saudáveis é de fazer exatamente o oposto. Devemos ajudar todos a entenderem os horrores da guerra e os insondáveis pesadelos que podem ser desencadeados pelo militarismo irresponsável e a ajudar as pessoas a compreenderem que a paz é o que é saudável e a imaginar um futuro no qual ela é a norma.

A má notícia é que estamos lutando contra um aparato de manufatura de narrativas apoiado pelo poder de um império que abrange o globo. A boa notícia que a nossa visão é aquela que se baseia na verdade e que, bem no fundo, todos podem senti-la. Tudo o que precisamos para conseguir que as pessoas vejam a paz como normal e a guerra como anormal é lembrar às pessoas aquilo que elas já sabem por dentro.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO