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      Brasileiros que negam riscos das mudanças climáticas aumentam, aponta Datafolha

      Cresce de 5% para 9% parcela que não vê perigo no aquecimento global; maioria ainda considera tema urgente, mas desinformação preocupa especialistas

      Enchente no Rio Grande do Sul (Foto: Lauro Alves-Secon-RS)
      Aquiles Lins avatar
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      247 - A proporção de brasileiros que afirma que as mudanças climáticas não representam um risco cresceu de 5% para 9% entre junho de 2024 e abril de 2025, segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira (1º). Embora a maioria da população siga reconhecendo os perigos do aquecimento global — 53% dizem que os riscos são imediatos e 35%, que o problema afetará as próximas gerações —, os dados indicam uma leve tendência de crescimento no negacionismo climático.

      Especialistas ouvidos pela Folha de S.Paulo avaliaram que, apesar do avanço desse grupo, a percepção de risco ainda está consolidada na sociedade brasileira. “É um recado importante para os governantes e tomadores de decisão: a demanda da sociedade é por ação imediata”, afirmou Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. Ele chamou atenção para o aumento de campanhas de desinformação, impulsionadas por líderes globais negacionistas e pela proximidade da COP30, que será sediada em Belém (PA), em novembro.

      William Wills, diretor técnico do Centro Brasil no Clima, atribui o pequeno crescimento do negacionismo à ausência recente de eventos extremos no país. Ele relembra que as enchentes históricas no Rio Grande do Sul, ocorridas em maio de 2024, ainda influenciam a percepção popular, mas que a falta de novos desastres pode apagar a sensação de urgência. “Os governos precisam martelar continuamente a ideia de risco e cuidado”, disse.

      A pesquisa também revelou desigualdade regional na percepção de risco. Enquanto 57% dos moradores do Sul e 56% do Sudeste apontam as mudanças climáticas como ameaça imediata, no Nordeste esse número cai para 49%. Além disso, 59% dos entrevistados nas capitais consideram o tema urgente, contra 49% no interior, o que especialistas atribuem a fatores como escolaridade, acesso à informação e exposição a desastres.

      Apesar da crescente polarização, os dados mostram que a preocupação com o clima transcende barreiras religiosas ou políticas. Entre católicos e evangélicos, a percepção de risco imediato é semelhante, 52% e 55%, respectivamente. “Vimos com o papa Francisco que, em muitos temas, ciência e fé caminham juntas”, afirmou Astrini, destacando que o cuidado com o meio ambiente é um valor comum entre diferentes crenças.

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