CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Meio Ambiente

“Crime ambiental e trabalho escravo estão ligados”, afirma Frei Xavier Plassat, da Pastoral da Terra

“A progressão do desmatamento e das queimadas deveria estar associada ao trabalho escravo”, aponta o ativista e coordenador da Campanha Nacional contra o Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra

Frei Xavier Plassat (Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil | REUTERS/Bruno Kelly)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Paulo Henrique Arantes, para o 247 - Francês radicado no Brasil desde 1989, o Frei Xavier Plassat é coordenador da Campanha Nacional contra o Trabalho Escravo da Comissão Pastoral da Terra, ação permanente iniciada em 1997. No ápice do obscurantismo nacional, personificado pelo presidente da República, o ativista denunciou ao Brasil 247 a estreita relação entre trabalho escravo e desmatamento.

“O trabalho escravo atualmente está muito relacionado com o crime ambiental. A progressão do desmatamento e das queimadas deveria estar associada ao trabalho escravo”, aponta Plassat. “Como você vai desmatar se não for de forma clandestina? A clandestinidade se dá também na contratação de trabalhadores”, acrescenta.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

As atividades campeãs de registros de trabalho escravo na Amazônia são, pela ordem, o extrativismo vegetal (principalmente o carvão), a mineração de metais preciosos e a pecuária. Conforme apurado pela Campanha Nacional contra o Trabalho Escravo, de 1995 a 2021 foram identificados 58.998 trabalhadores em condições análogas à escravidão no Brasil, 28.173 dos quais na Amazônia Legal.

De acordo com a Pastoral da Terra, até 2014 eram libertados anualmente 3.874 trabalhadores em condições análogas à escravidão, em média, no país; depois de 2014, a média caiu para 997. “A invisibilidade é dramática. Ninguém pode acreditar que o trabalho escravo está acabando, sumindo. O que sumiu foi a fiscalização”, percebe.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

De fato, o desmonte da estrutura de fiscalização para identificar focos de trabalho escravo é notória. Como denunciou ao Brasil 247 o procurador do Trabalho Italvar Medina: “Atualmente há mais de 1.500 cargos vagos de auditores fiscais do trabalho, quase metade do total de cargos da carreira. Hoje temos menos auditores fiscais do trabalho do que há 10 anos. Existem menos equipes do Grupo Móvel Nacional do que há 10 anos. O último concurso público para auditor fiscal do Trabalho foi no ano de 2013, quando nem foi aprovado o número suficiente para suprir a defasagem que já existia”.

O Frei Xavier Plassat conta já ter recebido e testemunhado inúmeras ameaças de grileiros e posseiros, dos quais as comunidades tradicionais, como os quilombolas, são alvos preferenciais. “Há uma clara associação entre desmatamento, terra grilada e trabalho escravo”, acusa o ativista.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

“O que muita gente não entende é que a naturalização dessa relação de exploração tem a ver com racismo. Eu acho que é uma herança maldita que o Brasil carrega por nunca tear tratado seriamente o fim da escravidão”, avalia o Frei Xavier Plassat.

Os métodos criminosos e cruéis de alguns empresários que atuam na Amazônia são bem conhecidos, como atesta a história de personagens como Chico Mendes e a Irmã Dorothy Stang. Além deles, assassinados, o Frei Henri Burin de Roziers, outra figura emblemática das lutas camponesas no Brasil e que morreu em Paris, em 2017, teve que passar seus últimos anos de ativismo no Pará sob ininterrupta proteção policial.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO