Importação de lixo é ‘grande retrocesso’ diante do desperdício de materiais no Brasil, alerta especialista
Professor da USP, Wagner Ribeiro afirma que Brasil já desperdiça resíduos recicláveis e deveria investir em coleta seletiva e valorização dos catadores
247 - Em decisão que provocou reações negativas entre especialistas e trabalhadores da reciclagem, o governo federal voltou a permitir a entrada de resíduos sólidos recicláveis vindos do exterior. A medida contrasta com a realidade nacional: o Brasil recicla apenas 8% de todo o lixo que produz, segundo dados do setor. Em entrevista ao Conexão BdF, do portal Brasil de Fato, o geógrafo e professor da Universidade de São Paulo (USP) Wagner Ribeiro classificou a decisão como um "retrocesso muito grande" e defendeu maior investimento na estrutura de coleta seletiva no país.
“Trata-se de permitir o ingresso de materiais que são amplamente encontrados no território brasileiro, que hoje estão sendo desperdiçados”, afirmou Ribeiro. “Na verdade, precisamos fortalecer a coleta seletiva, organizar melhor os catadores. Isso é uma forma de gerar riqueza, renda, atividade produtiva e, ao mesmo tempo, melhorar as condições socioambientais.”
O professor alertou para os riscos associados à importação desses resíduos, que exigem controle rigoroso, como análises químicas e monitoramento adequado do transporte. Para ele, a prioridade deveria estar no aproveitamento dos próprios resíduos gerados internamente, com apoio a políticas públicas voltadas à reciclagem e à industrialização nacional de materiais descartados. “Temos que avançar muito ainda na consciência, isso tem que passar pela educação formal.”
Ribeiro também destacou que uma política eficaz de descarte precisa estar atrelada a mudanças nos padrões de consumo e à conscientização da população sobre o impacto ambiental do lixo. “Separar material significa economizar recursos naturais, economizar energia. Dar um destino adequado ao seu lixo, em casa, contribui também para diminuir o aquecimento global”, afirmou.
Ele citou exemplos de países como Alemanha e Japão, que possuem sistemas organizados de coleta seletiva com identificação por cores para diferentes tipos de resíduos, como forma de reforçar que é possível estruturar políticas eficazes e sustentáveis. “A gestão correta dos resíduos precisa ser entendida como parte essencial da política ambiental de qualquer país sério.”
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