Meteorologista defende conter expansão do agronegócio para salvar o clima
Segundo Luciana Gatti, é preciso fortalecer as articulações de entidades da área ambiental com o Judiciário. Ela também criticou a gestão de Bolsonaro e Ricardo Salles

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247 - Pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a meteorologista Luciana Gatti defendeu nesta semana em entrevista à TV 247 que sejam implementadas políticas públicas de monitoramento e fiscalização da expansão agrícola, para conter o desmatamento. De acordo com a analista, é preciso fortalecer as articulações de entidades da área ambiental com o Judiciário, para não colocar em prática somente os interesses de parlamentares da bancada do agronegócio.
Segundo a meteorologista, a partir do governo Michel Temer (MDB), após o golpe contra Dilma Rousseff (PT), "a coisa começou a piorar bastante" nas políticas públicas ambientais. "Não é via Congresso, por conta da bancada do agronegócio. Tem que ser via Justiça", afirmou a analista ao comentar sobre medidas para conter o desmatamento no Brasil. "A gente subsidia produção de carvão. Isso tem que parar. temos que falar em geração de riqueza sem desmatamento. Estamos falando do direito à vida. Um monte de agricultores estão tendo prejuízo", acrescentou. "Estamos em um período de emergência".
A analista fez críticas a Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP), deputado federal atualmente. "Apesar de terem conseguido reforma no Código Florestal em 2012, deram 20 anos para se adequar à legislação brasileira. Um monte de perdões. A boiada passou no Brasil inteiro. Em 2021 foram cortadas 24 árvores por segundo", afirmou Luciana. Em 2021, números do Projeto MapBiomas, uma rede colaborativa de especialistas do País, apontaram que, no ano anterior, o desmatamento aumentou 13,6%, levando a uma perda média estimada de 3.795 hectares por dia, ou 24 árvores a cada segundo.
A palavra "boiada" citada pela pesquisadora foi uma referência a Ricardo Salles. Em 2020, o então ministro participou de uma reunião ministerial do dia 22 de abril, quando pediu que o governo Bolsonaro aproveitasse a atenção da imprensa voltada à pandemia para aprovar "reformas infralegais de desregulamentação e simplificação" na área do meio ambiente e "ir passando a boiada".
"A floresta tem papel no equilíbrio climático, ajuda a resfriar a temperatura e joga vapor de água para a atmosfera. Isso é um airbag climático. Os ignorantes no governo Bolsonaro o que fizeram foi destruir nosso airbag. As mudanças climáticas chegaram antes do que os modelos apontavam.Temos de começar uma campanha de plantar árvores. Quando você está num parque não está fresco somente por conta da sombra da árvore, mas porque as árvores estão o tempo inteiro transformando água no estado líquido para o vapor, retirando, absorvendo a energia na forma de valor. Então o ambiente vai resfriando. As pessoas precisam entender o que estamos fazendo de errado. Senão elas não vão mudar".
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