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A cultura do Vale do Silício

Enquanto o Brasil caminha para estatísticas próximas do pleno emprego, há pouco incentivo para criação de pequenas empresas, verdadeiros motores da economia

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O ano era 1971, quando a revista Eletronic News noticiou pela primeira vez sobre o chamado Vale do Sicílio – uma região da Califórnia onde abriga as maiores empresas de tecnologia e muitas startups promissoras e inovadoras. Naquela época, ninguém esperava essa enxurrada de aparelhos eletrônicos dominando nossas vidas, mas desde então, a Califórnia tornou-se referência no mundo da web e da tecnologia, inspirando o desenvolvimento de outros polos tecnológicos, como Israel Silicon Wadi, a região com a segunda maior aglomeração de empresas deste ramo no mundo. No Brasil, temos alguns centros de desenvolvimento tecnológico que carregam a marca “Vale do Sicílio brasileiro”, tais como Campinas e Blumenau. Porém, cidades como Palo Alto e Santa Clara (Califórnia) guardam muito mais que empresas de ponta, mas sim toda uma cultura empreendedora que impulsiona toda a região e influencia o mundo.

O desenvolvimento do Norte da Califórnia iniciou-se na década de 50 impulsionado pelo investimento em tecnologia de ponta na Guerra Fria. Com a consolidação das grandes empresas que surgiram nas décadas seguintes (Intel, Microsoft, Apple etc), o mercado local ficou extremamente aquecido e atraiu muitos outros investimentos. Graças a isso, muitas outras startups foram fundadas lá e viveram o boom da internet na década de 90, como Google e Netscape. Com tantas empresas inovadoras instaladas numa única região, a Califórnia virou o paraíso dos fundos de investimentos, especialmente os Venture Capitals, responsáveis pela alavancagem de muitas dessas companhias. Associado a esse movimento de capital de risco, houve um forte incentivo nas Universidades (Stanford é um dos principais celeiros de pesquisadores e jovens buscando abrir empreendimentos) e Incubadoras para o desenvolvimento de pesquisas, além de contar com incentivos fiscais. Algumas dessas fórmulas foram seguidas por outros países – incluindo Brasil – e permitiram o avanço dos polos tecnológicos, mas ainda é preciso muito.

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Os vizinhos estão fazendo o trabalho de casa

Recentemente, a revista Exame publicou uma matéria acerca do desenvolvimento tecnológico do Chile. Além dos investimentos públicos e privados, destaca-se a infraestrutura de alto padrão e a boa oferta de mão de obra qualificada. O interessante é que o governo trabalha em duas frentes: trazer multinacionais consolidadas para o País e, em paralelo, investir num programa chamado Start-up Chile. Devido a estes fatores, hoje já existem mais de 400 empresas do setor de serviços globais, colocando o país na 10ª posição no ranking de países atraentes para sediar empresas do gênero, enquanto que as startups serão 100 até o final do ano e cerca de 1000 até 2014, de acordo com o programa. Criado em setembro de 2010 e financiado pelo Ministério da Economia do Chile, o programa tem o objetivo de transformar o país em um grande polo de inovação. Dentre os benefícios concedidos pelo governo, está o espaço para alocação de escritórios, contatos com fundos de capital de risco e visto para estrangeiros. É cedo para ser feito uma análise profunda, mas a iniciativa parece estar no caminho certo.

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Já no Brasil, sofremos com entraves gravíssimos. Temos umas das legislações trabalhistas mais burocráticas e caras do mundo, prejudicando tanto o empresário quanto o empregado. Além disso, possuímos um sistema tributário que parece uma colcha de retalhos de difícil compreensão e com altos encargos sobre a produção das companhias. Pra piorar, iniciativas de incentivo a startups semelhantes ao programa implementado no Chile são raras e dificilmente saem do papel.

A conclusão é que perdemos oportunidades de desenvolvimento numa das áreas que mais movimenta a economia mundial. Enquanto que o país caminha para estatísticas próximas do pleno emprego (a taxa de desemprego é de 6,7%, segundo dados do IBGE), há muito pouco incentivo para criação de pequenas empresas, verdadeiros motores da economia e que, juntas, geram milhões de reais em lucro e imposto, além de milhares de novos postos de trabalho. Se quisermos ser o país do futuro, precisamos investir em inovação e desenvolvimento tecnológico. Para isso, é necessário aprendermos o cerne da cultura que impulsionou o desenvolvimento do Vale do Silício na Califórnia e também inspirarmo-nos em bons exemplos de políticas públicas como no Chile, criando um ambiente amigável para os negócios entre jovens companhias, fundos de investimentos, bancos etc, aliado a uma política de valorização da pesquisa científica.

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