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Mídia

A guerra do Wikileaks contra os Estados Unidos

Nmero 2 da maior organizao de jornalismo investigativo do mundo, Kristinn Hrafnsonn, fala ao 247 erevela osprocessos contra Visa e Mastercard, alm da corte secreta para investigar todos os colaboradores da rede de informaes

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Por Claudio Julio Tognolli_247 - O governo dos EUA montou um tribunal secreto, nos moldes do da Base Naval de Guantánamo, em Havana, para tentar levar à cadeia os responsáveis pelo site Wikileaks. O tribunal foi montado na cidade de Alexandria, no estado da Virgínia.

Além disso, a rede Wikileaks ajuizou nesta quinta-feira, com seus advogados em Bruxelas, na Bélgica, ações por perdas e danos contra três gigantes do crédito, Visa, Mastercard e o sistema de pagamentos on line Pay Pal. Após sete meses de embargo financeiro, tais serviços suspenderam o veto ao Wikileaks, também nesta quinta-feira, quando souberam do processo.

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A Visa e a MasterCard haviam suspendido repasses ao WikiLeaks em dezembro de 2010, após o site ter publicado cerca de 250 mil telegramas diplomáticos secretos norte-americanos. Agora o Wikileaks postula a devolução de 130 mil euros por dia, custo gerado pelo embargo.

Todas essas informações foram dadas, em entrevista exclusiva, que o jornalista islandês e número 2 do Wikileaks, Kristinn Hrafnsson, concedeu ao Brasil 247. Ele visita o Brasil sob o patrocínio da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, a Abraji. A entrevista com Kristinn Hrafnsson ocorreu na sede da Pública, agência de reportagem e jornalismo investigativo, na zona oeste de São Paulo. A agência (www.apublica.org) dissemina no Brasil, com exclusividade, as informações do Wikileaks.

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As ações, refere Kristinn Hrafnsson, são decorrentes do fato de Visa, Mastercard e Pay Pal (atendendo a um chamado do governo dos EUA), terem segundo ele lançado uma campanha mundial contra o Wikileaks. A campanha visava impedir que clientes dos cartões de crédito fizessem doações.

Kristinn Hrafnsson também anunciou três outras novidades: os membros do Wikileaks estão convictos de que as empresas Google e Facebook teriam colaborado com autoridades dos EUA, repassando dados confidenciais de seus usuários que lastreiam dados do Wikileaks; o Twitter se negou a dar esses dados ao governo estadounidense; corre em segredo, na cidade de Alexandria, no estado da Virgínia, um Grande Júri secreto contra o Wikileaks –que pretende levar à cadeia o fundador, Julian Assange, mais Kristinn Hrafnsson, e demais colaboradores, sob acusação de serem espiões. Vale lembrar que a maior parte dos moradores de Alexandria é empregada em trabalhos de informação sigilosa e contra-espionagem mantidos pelo Departamento de Defesa dos EUA.

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“Estamos lidando com forças muito fortes que estão se opondo a nós em várias cortes. O governo dos Estados Unidos parece estar muito determinado em derrubar de uma vez por todas a nossa organização, que veja você, é uma organização notável pelo o que ela tem feito pela comunidade jornalística, sobretudo lutando pela liberdade de expressão. É quase uma situação única que eles estejam usando todos os seus instrumentos para nos destruir. Nós sabemos, e isso é novidade, que há um grande júri, totalmente secreto operando neste momento na cidade de Alexandria, no estado da Virgínia. Essa corte secreta está tentando achar uma forma de incriminar Julian Assange, eu e outras entidades colaboradoras como se fôssemos todos espiões. Volto a dizer: é algo único na história do mundo que estejam fazendo isso contra nós nesse modelo jurídico”, relata Kristinn Hrafnsson.

Ele conta 50 anos de idade. Fez nome e fama com o o maior jornalista investigativo da Islândia. Comandava um programa muito popular, o “Stöð 2”, mantido pela TV estatal islandesa. Foi cortado da rede após ter denunciado, em fevereiro de 2009, corrupção no banco islandês Kaupthing Bank. Ele passou então a trabalhar no Icelandic National Broadcasting Service, espécie de BBC islandesa. Divulgou ali mais dados da corrupção no Kaupthing Bank, na rede e no Wikileaks. O Kaupthing Bank logrou ordem judicial para retirar a reportagem da Icelandic National Broadcasting Service. A proibição foi posteriormente retirada. Em julho de 2010 Kristinn Hrafnsson foi convidado por Assange para assumir o posto de número 2 do Wikileaks.

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“Veja que por se tornar um julgamento secreto, nós não sabemos quais estão sendo os procedimentos, quais são as acusações concretas contra nós ou quando essa corte secreta tomará algum tipo de decisão que nos prejudique. Nós podemos esperar algo dessa corte secreta já nas próximas semanas. No caso de Julian, ele está lutando para não ser extraditado à Suíça. Vale lembrar que não há nenhum tipo de acusação lá sustentada contra ele. Querem apenas fazer perguntas e questionamentos. Ele repetidamente tem se oferecido a depor em outros lugares como na Suíça. Ele quer ser interpelado nas bases dos tratados internacionais de Direito, seja na Inglaterra ou na Suíça. Mas eles estão forçando para que esse caso seja de uma maneira espetacular levado para lá. Há um outro problema que é o ataque que nós estamos sofrendo da parte de instituições financeiras. Essa força está sendo exercida contra nós desde dezembro do ano passado para que organizações parem de nos doar dinheiro. Estou falando de empresas de cartão de crédito como Visa, Mastercard e PayPal e outras instituições financeiras estão pulando todas neste vagão contra nós. E veja que essas doações feitas por essas formas de pagamento dessas empresas são a nossa única forma de manutenção financeira”, diz Kristinn Hrafnsson.

Ele prossegue. “Toda essa movimentação fez com que diminuíssemos um pouco a nossa marcha, isso também tem feito nosso trabalho muito mais duro de ser exercido. Mas nós não estamos nos desviando da meta principal, que nós sempre seguimos. Temos que nos adaptar a essa nova realidade, e isto torna muito árduo para que façamos agora planos para o futuro, porque nós não sabemos de onde virão os lucros. Julian Assange vai depor numa corte na semana que vem em Londres sobre o seu processo de extradição. Vou lhe adiantar que agora estamos preparados para a nossa luta legal para entrar com ações contra as companhias que nos bloqueiam, como Visa e Mastercard. Estamos entrando com uma queixa contra eles junto à Comissão Europeia. É isto que estamos conversando nesta quinta e sexta-feira com nossos advogados em Bruxelas. Estamos alegando perdas nessa competição ilegal na União Europeia. Também estamos ajuizando ações na corte da Dinamarca por perdas econômicas. Mas para frente iremos ajuizar ações em todas as jurisdições de outros países onde estamos tendo perdas econômicas”.

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Segundo Kristinn Hrafnsson, “nada disso nos impede de continuar a disseminar essas informações de interesse público e para isso contamos com cerca de 80 parceiros da mídia no mundo todo. Devo dizer que no caso da corte secreta da Virgínia é muito semelhante às cortes secretas de Guantánamo. É quase um comportamento alienígena para as outras nações do mundo que haja um Grande Júri secreto contra nós na cidade de Alexandria. Veja que esse tipo de corte secreta foi abandonado no sistema de Common Law na Inglaterra há muito tempo atrás, há cerca de 200 anos, por causa de sua natureza secreta. Aqueles que são acusados nesse sistema como suspeitos acabam não tendo nenhum tipo de representação legal nas cortes e simplesmente têm que se apresentar nessas cortes sem saber qual é a acusação. Isso não tem nenhum tipo de representação legal em todo o mundo. Esse é o pior exemplo que pode ser dado no sistema judicial do mundo. Sobre a nossa segurança, sabemos que estamos sendo investigados secretamente por pessoas que querem acesso aos dados de nossos colaboradores para poder processá-los”.

Kristinn Hrafnsson sustenta que esse Grande Júri secreto da Virgínia “tem tentado incriminar colaboradores nossos que têm conta no Twitter. Acabamos de ficar sabendo disso. O Twitter não quis colaborar com esse tipo de segrego, só soubemos porque o Twitter levou isso à corte defendendo a privacidade de seus usuários. O Twitter bravamente entrou na Justiça alegando que dar dados é contra a política de proteção aos seus clientes. O Twitter avisou esses seus usuários. Examinando os documentos judiciais desse caso do Twitter descobrimos que o governo americano solicitou dados de nossos colaboradores a outras organizações, que em segredo entregaram o material sobre segredo”.

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O número dois do Wikileaks diz que há muita força política para que redes sociais atuem contra Assange. “Não tenho nenhuma prova cabal do que vou te falar, quais são essas entidades, mas eu posso supor que pode ser Facebook e Google. Mas pode ser apenas uma especulação. A verdade é que o governo dos EUA quer muito informações das mídias sociais. Isso mostra que o governo dos Estados Unidos está tomando atitudes extremas para obter dados de redes sociais para usá-los em suas cortes, Mas isso também nos mostra que para pedir ajuda a redes sociais contra nós eles devem ter provas muito fracas. O tipo de informação que eles querem dos nosso colaboradores é: quais são seus números de cartão de crédito, seus endereços pessoais de trabalho, seus endereços de IP. E assim localizar os nossos colaboradores no espaço e no tempo quando eles estão twittando”.

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