A polêmica dos tablets na educação
É fundamental entender que a lousa digital, o netbook, o iPad e outros tablets são ferramentas de apoio ao professor e ao aluno
Para que qualquer nova tecnologia seja implantada, é fundamental que haja investimento em equipamento (produto) e em formação (serviço). Está muito claro, a todos os pesquisadores e os formadores que trabalham sério em educação, que não é possível acontecer a utilização de tablets na realidade das escolas brasileiras sem uma formação adequada dos docentes. O que vai facilitar a aproximação, a perda do “medo” e a familiaridade do professor com a tecnologia é exatamente a formação. Não somente a formação acadêmica, mas a formação continuada, em serviço, preocupada com o trabalho pedagógico diário e atenta à realidade, ultrapassando os muros da escola.
Novos espaços sociais de acesso, troca e compartilhamento de informações e de construção de conhecimento estão surgindo a cada dia. É importante que o professor, bem formado, se aproprie disso e aja como mediador e facilitador, provocando uma reflexão ética e uma discussão a partir dos diferentes conteúdos apresentados na internet, por exemplo. Interação entre os pares, pesquisa na internet, utilização das redes sociais (fechadas ou abertas) e das ferramentas de wiki são exemplos de trabalhos que podem (e devem) entrar na escola porque fazem parte do mundo. Isso não significa deixar entrar tudo isso sem critérios claros e bem combinados. O professor é responsável também por realizar um trabalho de conscientização da importância da seleção de materiais acessados, gerando a construção do senso crítico. O professor arraigado ao seu material tradicional (livro didático e apostila) tem dificuldade e receio em movimentar-se nesse “webmundo” cheio de informações. Há um abismo entre alunos e professores, tanto na relação pessoal entre eles como em relação a como o conhecimento é construído. A forma tradicional de trabalho (com carteiras, umas atrás das outras) foi criada para uma escola do século XIX e não tem mais serventia neste mundo. Se a escola se propõe a formar um cidadão para a sociedade tem também o compromisso de criar um cidadão no mundo virtual.
Fazemos parte de um projeto chamado iPad na sala de aula, que tem como principal objetivo o trabalho de formação dos professores para o uso da tecnologia, especialmente o iPad, em sua prática docente. A ideia é incorporar a ferramenta (no caso, o iPad) na prática pedagógica, privilegiando um planejamento coletivo para um trabalho com projetos de estudos inter e transdisciplinares. Nosso projeto está trabalhando para formar multiplicadores e professores. Isto significa munir o profissional da educação com as ferramentas da tecnologia, aproveitando o seu conhecimento e planejando projetos que contemplem um melhor aproveitamento das experiências que os alunos têm em suas vidas, com a internet, redes sociais e jogos, coisas pelas quais se interessam. A utilização de recursos culturais de docentes e estudantes fará com que uma verdadeira parceria se forme e o interesse pelas aulas tenda a aumentar, pois os alunos se sentirão colaboradores e coautores, e não apenas pessoas que recebem material para decorar. É fundamental que professores e alunos sintam-se bem em sala e tenham clareza de seus papéis e de sua importância neste contexto. É fundamental entender que a lousa digital, o netbook, o iPad e outros tablets são ferramentas de apoio ao professor e ao aluno.
Alunos tem excesso de informações e precisam de um mediador, alguém que os auxilie na compreensão de sua realidade e da transformação deste monte de ideias soltas em algo produtivo, útil para a sua vida diária. Dentro desta perspectiva, o iPad não vem concorrer com o trabalho de um profissional atualizado, interessado e dedicado, pois ele é o facilitador em todo o seu trabalho.
No contexto atual, e como toda nova ferramenta tecnológica, é necessário haver um suporte e quando falamos de escola, um suporte pedagógico. O que nos preocupa é que algumas escolas estão simplesmente comprando iPads e outros tablets e colocando na mão de professores e alunos, sem nenhum critério. Nossa ideia é trabalhar com um projeto de trabalho estruturado, contando com uma formação completa, feita de professor para professor. Por isso nossa equipe é formada por professores e não técnicos de informática.
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