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“Aécio Neves, o Mineirinho da Odebrecht, depõe na PF. Imprensa abafa”

No mais absoluto sigilo, o senador tucano compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília para prestar depoimento no inquérito que tramita no STF. Só se soube do ocorrido uma semana depois; confira texto de Helena Sthephanowitz, da Rede Brasil Atual

Plenário do Senado durante sessão deliberativa ordinária. Em pronunciamento, senador Aécio Neves (PSDB-MG). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado (Foto: Valter Lima)
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Helena Sthephanowitz, da RBA - A imprensa não estava na porta da Polícia Federal para transmitir ao vivo. Helicópteros não cobriram o trajeto do carro que levava o depoente. Não havia um batalhão de fotógrafos na entrada e na saída do suspeito. Não teve imagens do oficial de Justiça entregando a intimação e nem condução coercitiva com bonitão da PF escoltando.

No mais absoluto sigilo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília na quinta-feira passada (22) para prestar depoimento no inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), em que o tucano é acusado pelo ex-senador Delcídio do Amaral de atrasar o envio de dados do Banco Rural à CPI para poder “apagar dados bancários comprometedores” e evitar que a apuração sobre fraudes na instituição levasse a nomes de outros políticos do PSDB. O inquérito está nas mãos do ministro Gilmar Mendes no STF. O conteúdo do depoimento, contrariando o que passou a ser prática na nossa grande imprensa, também não vazou

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De acordo com o depoimento de Delcídio, durante as investigações feitas pela CPI dos Correios, o senador Aécio Neves, então governador de Minas Gerais, “enviou emissários” para barrar quebras de sigilo de pessoas e empresas investigadas, entre elas o Banco Rural. Delcídio do Amaral, que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Correios em 2005, disse também que foi descoberto maquiagens em “dados comprometedores” fornecidos pelo Banco Rural para esconder relação entre o Banco e mensalão Tucano. O mensalão tucano, foi revelado durante a CPI dos Correios, em 2005. À época, Eduardo Azeredo era presidente nacional do PSDB.

Eram dados que, segundo ele, prejudicariam o ex-governador Aécio Neves, o ex-vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade (em 2002, foi sócio de Marcos Valério na SMP&B), além da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, do publicitário Marcus Valério, que utilizava suas empresas para lavagem de dinheiro em forma de publicidade para governos tucanos, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que sabia que os dados estavam sendo maquiados e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, que na época era deputado pelo PSDB). Delcídio também afirmou que em relação a Aécio, “sem dúvida” o presidente nacional do PSDB recebeu propina em um esquema de corrupção na estatal de energia Furnas que, era semelhante ao da Petrobrás, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras.

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Dias depois da delação de Delcídio, o jornal O Globo divulgou que documentos da CPI haviam sido deslocados do arquivo do Senado para outro setor da Casa a pedido de Aécio. A pesquisa feita pelo senador Aécio resultou num relatório que foi divulgado pelo próprio senador para contestar as acusações do ex-senador Delcídio.

Daniel Dantas apareceu...
Se de um lado, a imprensa não teve curiosidade de saber o que disse o senador Aécio Neves em depoimento à Policia Federal, também ignorou o pedido do banqueiro Daniel Dantas, pivô de uma série de casos bastante suspeitos envolvendo figuras da classe política brasileira.

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Sete anos depois de bater às portas do Supremo para deixar, por duas vezes, a prisão, o banqueiro Daniel Dantas recorreu mais uma vez ao STF. Agora, o dono do Grupo Opportunity quer acesso a todos os documentos da CPI dos Correios. O ministro Gilmar Mendes que já concedeu três habeas corpus a Dantas, deferiu o pedido, autorizando que o empresário tenha acesso a todos os autos da CPI ao Senado, local onde estão guardados

O pedido de Dantas deferido por Gilmar foi protocolado no inquérito que investiga a participação do senador Aécio Neves na maquiagem de dados que foram enviados à CPI dos Correios. O inquérito está no STF, e desde outubro para avaliar se denúncia ou não o senador Aécio.

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Em 2005, o banqueiro foi convocado para explicar as operações da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) com a Telecom Itália na tentativa de compra da Brasil Telecom, que mais tarde virou a Tim. A CPI dos Correios recomendou o indiciamento de Daniel Dantas por gerir de forma espúria, por meio de seu banco Opportunity, os fundos de pensão. O banqueiro só se tornou réu em 2009, na Operação Satiagraha, foi preso duas vezes, e nas duas vezes, o Gilmar Mendes que mandou soltar, agora seu acesso aos documentos da CPI

Para relembrar: governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Dantas obteve apoio político do PSDB e do PFL (o atual DEM) para participar da privatização das teles. Há o episódio do jantar dele com FHC em junho de 2002. No dia seguinte, haveria troca do comando da Previ, como desejava o banqueiro.

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Daniel Dantas estava desaparecido do noticiário até julho desse ano, quando a Justiça Federal em São Paulo liberou os R$ 4,5 bilhões do Opportunity.

O dinheiro estava bloqueado há sete anos para servir de garantia à operação, que investigou crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. No entanto, todas as provas foram invalidadas e a operação acabou anulada pelo STF.

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Agora é aguardar os próximos capítulos para saber o que pretende Daniel Dantas depois de ler toda papelada da CPI da qual ele participou.

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