Azenha: 'Aécio posa de vítima e leva a melhor'
Segundo colunista Carlos Azenha, do Viomundo, “apesar de ter tratado de forma agressiva, às vezes desrespeitosa, a candidata Dilma Rousseff”, candidato Aécio Neves conseguiu posar de vítima, fugiu de perguntas e se saiu melhor; “se (Dilma) precisava de uma boa apresentação para tirar votos de Aécio, não foi desta vez que conseguiu. Como definiu bem uma colega jornalista, Aécio incorporou com eficácia o discurso do ódio”
por Luiz Carlos Azenha, do Viomundo
No debate do SBT, o candidato Aécio Neves conseguiu posar de vítima apesar de ter tratado de forma agressiva, às vezes desrespeitosa, a candidata Dilma Rousseff.
Sempre que colocado contra a parede, não respondeu. Saiu pela tangente e acusou a adversária de jogar baixo.
Com isso, tergiversou ao tratar de questões fundamentais: por que construiu um aeroporto com dinheiro público em propriedade privada e as chaves ficaram com o tio? Por que deixou de investir o mínimo constitucional em Saúde e Educação no governo de Minas Gerais? Como explica que Sergio Guerra, o ex-presidente do PDSB, foi nomeado pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como beneficiário do esquema montado por ele na empresa? Por que Aécio nomeou parentes para seu próprio governo? Por que não fez o teste do bafômetro quando foi pego em uma blitz no Rio de Janeiro? É verdade que Aécio Neves, como governador de Minas, colocou dinheiro público em empresas jornalísticas da própria família?
Bem articulado, Aécio conseguiu transformar todas estas perguntas em questões menores, como se Dilma estivesse rebaixando o debate, quando ele tomou a iniciativa com agressividade desde o primeiro momento, ao falar em inflação descontrolada, “cemitério de obras inacabadas” e denúncias de corrupção. Com o dedo em riste, Aécio chegou a advertir a presidente: “Não me meça com a sua régua”. Em outro momento, sugeriu que Dilma ficará desempregada a partir de primeiro de janeiro. Acusou a presidente frontalmente de mentir. Sobre as denúncias na Petrobras, disse que Dilma teria sido ou conivente ou incompetente.
Se Dilma foi melhor no primeiro debate, da Band, desta vez Aécio teve uma apresentação mais coerente, embora na parte final tenha adotado um discurso um tanto repetitivo, sem responder às perguntas de Dilma. Sintomático do resultado, a presidente teve uma queda de pressão quando dava a entrevista pós-debate. Recuperada, não pode concluir seu pensamento. A repórter do SBT disse à candidata que “seu tempo está esgotado”. Dilma: “Sé é assim que você quer…”.
A candidata governista conseguiu trazer à tona várias questões que deverão ser debatidas nos próximos dias, questões que por motivos óbvios não mereceram o tratamento aprofundado da mídia. Porém, se precisava de uma boa apresentação para tirar votos de Aécio, não foi desta vez que conseguiu. Como definiu bem uma colega jornalista, Aécio incorporou com eficácia o discurso do ódio.
A audiência do debate não foi extraordinária, mas foi boa. Começou com 7,5 pontos e atingiu 9, ficando em segundo lugar. Cada ponto equivale a cerca de 90 mil domicílios na Grande São Paulo.
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