Bolsonaro lançou seu filho Eduardo como boi de piranha para testar golpe de Estado
O colunista da Folha de S.Paulo Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra), escreve na edição desta segunda-feira (4), que "o debate sobre as intenções de Jair Bolsonaro está encerrado". Levanta a necessidade do impeachment e indaga se "será possível continuar assim por mais três anos"
247 - "Jair Bolsonaro lançou seu filho Eduardo como boi de piranha para testar as águas do golpe de estado. Jair Bolsonaro ameaçou cancelar a concessão de TV da Globo porque ela fez denúncias contra ele. Jair Bolsonaro ameaçou os anunciantes da Folha e cancelou as assinaturas do jornal nos órgãos públicos federais. Jair Bolsonaro postou um vídeo em que o Supremo Tribunal Federal, a oposição, toda a imprensa e a CNBB são caracterizados como hienas, e o fez para preparar uma radicalização" - escreve Celso Rocha de Barros.
"Pode haver indícios mais fortes de que o presidente conspira contra a democracia? Sim, pode. Mas quando eles chegam —quando se fecha o Congresso, quando se prendem ministros do STF, quando se executa opositores e jornalistas— não dá mais tempo de fazer nada. Se é isso que você está esperando para dizer que Bolsonaro é autoritário, lembre-se que aí você não vai mais ter o direito de dizê-lo".
Depois de elogiar a reação da mídia e dos parlamentares, Celso Rocha de Barros questiona a falta de atitude do Exército brasileiro, onde "faltou aquele general chileno que disse que não, não estava em guerra com ninguém".
Também o ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi alvo de crítica: "Moro, que não seria ninguém sem o Estado de Direito e a liberdade de imprensa, calou-se".
Celso Rocha de Barros aborda também o tema do impeachment de Bolsonaro. "Até agora, mesmo a oposição tem hesitado em propor impeachment. Tanto a esquerda quanto a direita moderada esperam que o autoritarismo bolsonarista apodreça sozinho. Isso seria mesmo melhor para o Brasil".
"Mas será possível continuar assim por mais três anos? Há algum acordo possível, algum pacto, alguma nova coalizão que mantenha Bolsonaro sob controle até 2022?"
